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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO TUCANA
Em resposta à convocação de tesoureiro de campanha de Azeredo na CPI, tucanos prometem chegar a pessoas próximas ao presidente
Contrariada, oposição ameaça aproximar investigações de Lula
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contrariada com a convocação
de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro
de campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), para depor na CPI dos Correios, a oposição ameaça radicalizar a disputa
política na comissão na próxima
semana, embora reconheça que
isso prejudica os trabalhos.
Os tucanos dizem que a campanha à reeleição de Azeredo para o
governo de Minas, em 1998, não é
o foco da CPI, e prometem ampliar as investigações para pessoas próximas ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Entre os casos estão o suposto
tráfico de influência praticado por
Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, e o aporte de R$ 5
milhões feito pela Telemar, concessionária de serviço público, na
Gamecorp, empresa de Fábio
Luiz, filho de presidente.
"Queríamos a investigação focada, mas o governo deu sinal de
que quer ampliá-la", disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).
Azeredo, presidente do PSDB,
admitiu a existência de caixa dois
em sua campanha de 1998, mas
responsabilizou o tesoureiro. A
fonte dos recursos seriam empresas do publicitário Marcos Valério de Souza. Mourão assumiu a
responsabilidade pela arrecadação e inocentou Azeredo.
Para o deputado Gustavo Fruet
(PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira, a situação
de Azeredo é a mesma do presidente. O marqueteiro Duda Mendonça afirmou ter recebido
R$ 15,5 milhões de Valério, em esquema de caixa dois, como pagamento de dívidas do PT relativas à
campanha de Lula de 2002 e a serviços prestados em 2003.
Segundo Duda, no caso da campanha presidencial foram emitidas notas fiscais, mas ele não pôde
assegurar a origem lícita do dinheiro recebido, já que os pagamentos foram feitos por Valério.
"Se o Azeredo for responsabilizado pelo caixa dois, eles pegam
um general do PSDB, mas aí o
presidente Lula, o marechal do
PT, vai ter que ser punido pelo
mesmo motivo", disse Fruet.
Cobrança
O depoimento foi marcado para
a próxima semana pelo relator da
CPI, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), que vinha sendo
pressionado pelo PT para tal.
"Eu tive interesse em agendar
para mostrar que não estamos
querendo acobertar nada. Não estamos investigando o Azeredo e
sim o esquema montado pelo
Marcos Valério", disse ele.
Serraglio foi cobrado por não
ter incluído o senador tucano no
relatório encaminhado à Câmara,
no final de agosto, em que listou
19 parlamentares passíveis de cassação por suposta quebra de decoro. O relator justificou a ausência de Azeredo afirmando que as
campanhas estaduais não eram o
foco daquele parecer, e sim o escândalo do "mensalão".
Para a senadora Ideli Salvatti
(PT-SC), a indignação dos parlamentares do PSDB com a convocação de Mourão não tem fundamento. "Essa história de que corrupção tem data de validade não é
correta. A CPI investiga o Marcos
Valério e suas empresas, que têm
relação com várias outras administrações além do governo federal." Ainda segundo a senadora,
"é curiosa essa lógica de que só
vale investigar o que atinge o PT".
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