São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO TUCANA

Em resposta à convocação de tesoureiro de campanha de Azeredo na CPI, tucanos prometem chegar a pessoas próximas ao presidente

Contrariada, oposição ameaça aproximar investigações de Lula

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Contrariada com a convocação de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro de campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), para depor na CPI dos Correios, a oposição ameaça radicalizar a disputa política na comissão na próxima semana, embora reconheça que isso prejudica os trabalhos.
Os tucanos dizem que a campanha à reeleição de Azeredo para o governo de Minas, em 1998, não é o foco da CPI, e prometem ampliar as investigações para pessoas próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os casos estão o suposto tráfico de influência praticado por Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, e o aporte de R$ 5 milhões feito pela Telemar, concessionária de serviço público, na Gamecorp, empresa de Fábio Luiz, filho de presidente.
"Queríamos a investigação focada, mas o governo deu sinal de que quer ampliá-la", disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).
Azeredo, presidente do PSDB, admitiu a existência de caixa dois em sua campanha de 1998, mas responsabilizou o tesoureiro. A fonte dos recursos seriam empresas do publicitário Marcos Valério de Souza. Mourão assumiu a responsabilidade pela arrecadação e inocentou Azeredo.
Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira, a situação de Azeredo é a mesma do presidente. O marqueteiro Duda Mendonça afirmou ter recebido R$ 15,5 milhões de Valério, em esquema de caixa dois, como pagamento de dívidas do PT relativas à campanha de Lula de 2002 e a serviços prestados em 2003.
Segundo Duda, no caso da campanha presidencial foram emitidas notas fiscais, mas ele não pôde assegurar a origem lícita do dinheiro recebido, já que os pagamentos foram feitos por Valério.
"Se o Azeredo for responsabilizado pelo caixa dois, eles pegam um general do PSDB, mas aí o presidente Lula, o marechal do PT, vai ter que ser punido pelo mesmo motivo", disse Fruet.

Cobrança
O depoimento foi marcado para a próxima semana pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que vinha sendo pressionado pelo PT para tal.
"Eu tive interesse em agendar para mostrar que não estamos querendo acobertar nada. Não estamos investigando o Azeredo e sim o esquema montado pelo Marcos Valério", disse ele.
Serraglio foi cobrado por não ter incluído o senador tucano no relatório encaminhado à Câmara, no final de agosto, em que listou 19 parlamentares passíveis de cassação por suposta quebra de decoro. O relator justificou a ausência de Azeredo afirmando que as campanhas estaduais não eram o foco daquele parecer, e sim o escândalo do "mensalão".
Para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), a indignação dos parlamentares do PSDB com a convocação de Mourão não tem fundamento. "Essa história de que corrupção tem data de validade não é correta. A CPI investiga o Marcos Valério e suas empresas, que têm relação com várias outras administrações além do governo federal." Ainda segundo a senadora, "é curiosa essa lógica de que só vale investigar o que atinge o PT".


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