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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DAS CASSAÇÕES
Acusados do PT alegam que tiveram direitos constitucionais violados ao serem vítimas de processo coletivo; decisão deve sair na segunda
Ex-petista vai julgar recurso de cassáveis
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A três dias da abertura de processo de cassação contra 13 parlamentares acusados de envolvimento no escândalo do "mensalão", cinco deputados federais do
PT entraram ontem com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar
suspender a medida.
O sorteado para relatar o pedido
é o ministro Carlos Ayres Britto,
que foi filiado ao PT por 18 anos
antes de entrar no Supremo. Ele
chegou a concorrer à Câmara dos
Deputados em 1990. Ayres Britto
entrou no STF por meio de indicação do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
O recurso ao Supremo é uma
das últimas cartadas dos petistas
para tentar manter os mandatos,
já que a abertura do processo de
cassação prevista para as 18h de
segunda-feira os força a uma decisão: ou renunciam antes ou correm o risco de ficar inelegíveis até
2015 em caso de cassação.
O argumento dos petistas João
Paulo Cunha (SP), Professor Luizinho (SP), José Mentor (SP), Josias Gomes (BA) e Paulo Rocha
(PA) é o de que foram julgados,
até agora, coletivamente, o que
violaria direitos constitucionais
como direito de defesa, presunção de inocência e individualização da pena. Além disso, dizem
que seus argumentos de defesa
não foram levados em conta.
O mandado de segurança, que
contém pedido de liminar, não
havia sido analisado até o fechamento desta edição. A esperança
dos petistas é que isso ocorra até
as 18h de segunda-feira, que é a
hora marcada pelo Conselho de
Ética da Câmara para instaurar os
processos. Ayres Brito deve decidir na própria segunda.
"É um bom mandado de segurança. Se não estivesse otimista,
não teria entrado com o processo.
Vamos esperar até segunda-feira.
Estamos conversando com as bases. Eu, por exemplo, tenho ouvido opiniões variadas [sobre a renúncia]", afirmou José Mentor.
Em ação anterior proposta ao
STF, os petistas já haviam conseguido ampliar o prazo de defesa
na investigação que precede a
abertura dos processos. O presidente do Conselho, Ricardo Izar
(PTB-SP), criticou a possibilidade
de o Supremo conceder liminar
aos petistas. "Se o Supremo conceder essa liminar, na minha opinião é mais uma interferência indevida e isso atrasa todo o nosso
processo", afirmou.
Ontem a Mesa da Câmara enviou ao Conselho de Ética as 13 representações contra os acusados
-seis do PT, quatro do PP e um
de cada do PMDB, PFL e PL-, o
que encheu 38 caixas com documentos e meios eletrônicos.
Nas representações que fez contra cada um, a Mesa listou em
quais pontos da Constituição e do
Código de Ética e Decoro da Câmara os acusados estariam incursos, mas não incluiu artigos que
caracterizam o "mensalão".
Além dos cinco que recorreram
ontem ao Supremo, no PT correm o risco de perder o mandato
os deputados João Magno (MG),
que diz não querer protelar mais o
processo, e José Dirceu (SP), que
já enfrenta o Conselho de Ética.
Outros acusados
Com a atitude dos petistas, acusados de outros partidos também
cogitam recorrer ao STF. Os outros integrantes da "lista dos 13"
são José Borba (PMDB-PR), Pedro Henry (PP-MT), José Janene
(PP-PR), Pedro Corrêa (PP-PE),
Vadão Gomes (PP-SP), Wanderval Santos (PL-SP) e Roberto
Brant (PFL-MG).
"Não vou renunciar. Quero enfrentar o processo até o fim para
limpar o meu nome. É só isso que
me resta, pois vou sair da política.
Mas respeito a opinião dos companheiros do PT que recorreram
ao STF", afirmou Brant.
Os processos no Conselho são
resultantes de relatório parcial
das CPIs dos Correios e do Mensalão, que listaram 19 deputados
como suspeitos de envolvimento
no esquema armado entre o PT e
o publicitário Marcos Valério de
Souza. Tendo resultado no repasse de pelo menos R$ 55,8 milhões
a partidos aliados, segundo as
CPIs, o esquema ficou conhecido
como "mensalão" e teria o objetivo de comprar apoio ao governo
no Congresso.
(SILVANA DE FREITAS, ADRIANO CEOLIN E RANIER BRAGON)
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