São Paulo, segunda-feira, 15 de outubro de 2007

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Lula vai à África para reforçar comércio

Disposto a não perder terreno para a China, presidente passará por quatro países em sua sétima visita ao continente

Governo tem feito esforços para aumentar a corrente de comércio com os africanos; comitiva de empresários vai acompanhar Lula na viagem

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Disposto a não perder terreno na "corrida pela África", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará a partir de hoje a sétima visita ao continente, com uma programação que inclui alguns dos seus mais promissores mercados.
Desta vez, são quatro paradas, entre hoje e quinta-feira: Burkina Fasso, República do Congo (também chamada de Congo-Brazzaville), África do Sul e Angola. Todos países com crescimento previsto, para os próximos dois anos, variando de 5% a 16%, no caso angolano.
Os quatro têm também uma mesma característica: o assédio chinês, que já incomoda a diplomacia brasileira. O governo Lula vem se esforçando para aumentar a corrente de comércio (soma de exportações e importações) com os africanos, no que foi razoavelmente bem-sucedido. Passou de US$ 5 bilhões em 2002 para US$ 15,5 bilhões no ano passado.
O problema é que as trocas comerciais da China com a África são bem maiores. Foram de US$ 50 bilhões em 2006, movidas por uma política de conceder empréstimos generosos e não fazer perguntas sobre democracia e direitos humanos. Em troca de petróleo e recursos minerais, os chineses financiam a reconstrução de países recém-saídos de conflitos internos.
Em público, o Itamaraty não demonstra preocupação. "Não se trata de uma competição com a China. O comércio chinês é em geral muito superior ao do Brasil. É natural que isso ocorra na África também", declarou o embaixador Roberto Jaguaribe, subsecretário-geral político do Itamaraty.

Temas econômicos
Como de costume, Lula levará uma comitiva de empresários e dedicará grande parte de seu tempo a temas econômicos. Em Burkina Fasso, país cujos agricultores sofrem a concorrência do algodão norte-americano subsidiado, o presidente brasileiro pedirá a abertura dos mercados ricos ao terceiro mundo.
Na África do Sul, ele participará do segundo encontro do Fórum de Diálogo Ibas, que reúne Índia, Brasil e o país anfitrião. O fórum é um dos resultados mais vistosos da diplomacia "sul-sul" empreendida por Lula, que prioriza as relações entre o mundo subdesenvolvido. Em pouco mais de meio dia de conversas, líderes dos três países pedirão a conclusão da rodada Doha.
Angola e Congo, ricos em petróleo, receberão ofertas brasileiras para parcerias na produção de biocombustíveis, tema favorito de Lula.
O Brasil, segundo o embaixador, vem procurando aumentar a variedade de sua pauta de exportações com os africanos, dominada tradicionalmente por produtos pesados. A próxima fronteira comercial é a das "pequenas manufaturas", como confecções e calçados.
A comitiva terá seis ministros: Celso Amorim (Relações Exteriores), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Franklin Martins (Comunicação Social), Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), Nilcéa Freire (Mulheres) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos).
Sobre democracia, tema de seminário em Burkina Fasso, Lula deverá falar, mas não insistir no tema, uma vez que com exceção da África do Sul, os países visitados são regimes com graus diversos de autoritarismo.


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