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Lula vai à África para reforçar comércio
Disposto a não perder terreno para a China, presidente passará por quatro países em sua sétima visita ao continente
Governo tem feito esforços para aumentar a corrente de comércio com os africanos; comitiva de empresários vai acompanhar Lula na viagem
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Disposto a não perder terreno na "corrida pela África", o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fará a partir de hoje a sétima visita ao continente, com
uma programação que inclui
alguns dos seus mais promissores mercados.
Desta vez, são quatro paradas, entre hoje e quinta-feira:
Burkina Fasso, República do
Congo (também chamada de
Congo-Brazzaville), África do
Sul e Angola. Todos países com
crescimento previsto, para os
próximos dois anos, variando
de 5% a 16%, no caso angolano.
Os quatro têm também uma
mesma característica: o assédio
chinês, que já incomoda a diplomacia brasileira. O governo
Lula vem se esforçando para
aumentar a corrente de comércio (soma de exportações e importações) com os africanos, no
que foi razoavelmente bem-sucedido. Passou de US$ 5 bilhões
em 2002 para US$ 15,5 bilhões
no ano passado.
O problema é que as trocas
comerciais da China com a
África são bem maiores. Foram
de US$ 50 bilhões em 2006,
movidas por uma política de
conceder empréstimos generosos e não fazer perguntas sobre
democracia e direitos humanos. Em troca de petróleo e recursos minerais, os chineses financiam a reconstrução de países recém-saídos de conflitos
internos.
Em público, o Itamaraty não
demonstra preocupação. "Não
se trata de uma competição
com a China. O comércio chinês é em geral muito superior
ao do Brasil. É natural que isso
ocorra na África também", declarou o embaixador Roberto
Jaguaribe, subsecretário-geral
político do Itamaraty.
Temas econômicos
Como de costume, Lula levará uma comitiva de empresários e dedicará grande parte de
seu tempo a temas econômicos.
Em Burkina Fasso, país cujos
agricultores sofrem a concorrência do algodão norte-americano subsidiado, o presidente
brasileiro pedirá a abertura dos
mercados ricos ao terceiro
mundo.
Na África do Sul, ele participará do segundo encontro do
Fórum de Diálogo Ibas, que
reúne Índia, Brasil e o país anfitrião. O fórum é um dos resultados mais vistosos da diplomacia "sul-sul" empreendida
por Lula, que prioriza as relações entre o mundo subdesenvolvido. Em pouco mais de
meio dia de conversas, líderes
dos três países pedirão a conclusão da rodada Doha.
Angola e Congo, ricos em petróleo, receberão ofertas brasileiras para parcerias na produção de biocombustíveis, tema
favorito de Lula.
O Brasil, segundo o embaixador, vem procurando aumentar
a variedade de sua pauta de exportações com os africanos, dominada tradicionalmente por
produtos pesados. A próxima
fronteira comercial é a das "pequenas manufaturas", como
confecções e calçados.
A comitiva terá seis ministros: Celso Amorim (Relações
Exteriores), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Franklin Martins (Comunicação Social), Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), Nilcéa Freire (Mulheres)
e Mangabeira Unger (Assuntos
Estratégicos).
Sobre democracia, tema de
seminário em Burkina Fasso,
Lula deverá falar, mas não insistir no tema, uma vez que
com exceção da África do Sul,
os países visitados são regimes
com graus diversos de autoritarismo.
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