São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

SABATINA FOLHA


GILBERTO KASSAB

"Quebra a cara quem apostar que vou me afastar do PSDB"

"Seria falta de inteligência política eu ficar aqui acenando com mudanças", diz prefeito

Marcelo Justo/Folha Imagem
O prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) na sabatina promovida pela Folha no shopping Pátio Higienópolis

NUM MOMENTO da cobiça de aliados por cargos, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse ontem, em sabatina realizada pela Folha, que "quebra a cara quem apostar" num afastamento do PSDB do governo, caso seja reeleito. Apoiado em amplo arco de aliança, Kassab reafirmou a disposição de manter a atual equipe. "Seria uma falta de inteligência política eu ficar aqui acenando com mudanças muito expressivas no governo". Ele se recusou a responder se apoiaria a candidatura de Geraldo Alckmin ao governo em 2010. Em uma hora e meia de entrevista, pontuada por alfinetadas em Marta Suplicy (PT), Kassab respondeu a perguntas dos jornalistas Ricardo Melo (secretário-assistente de Redação), Vera Guimarães Martins (secretária-assistente de Redação), Fernando de Barros e Silva (editor de Brasil) e Gilberto Dimenstein (colunista), da platéia e de internautas.

DA REPORTAGEM LOCAL

Kassab descartou a hipótese de redução do tamanho do PSDB em sua administração, caso se reeleja. "Posso lhe afirmar que vai quebrar a cara quem apostar que eu vou me afastar do PSDB."
Lembrando que seu governo tem 61% de aprovação, ele alegou que é " uma gestão que, pela sua excelência, está dando uma grande chance de vitória".
"Seria uma falta de inteligência política ficar aqui acenando com mudanças muito expressivas no governo", concluiu.
Segundo ele, "as mudanças que acontecerão serão rotineiras". "Falar em mudanças aqui significaria negar que será um governo de continuidade, e será um governo de continuidade."
"Não tem por que fazer qualquer alteração. Seria até falta de respeito com a cidade, que, caso se confirmem as pesquisas, está me elegendo por conta da avaliação que faz da gestão."

Quércia
Embora a aliança com o PMDB tenha sido fundamental para ampliação do tempo de Kassab na TV, o prefeito disse que o acordo com o partido se refere a 2010, quando o DEM apoiará a candidatura do ex-governador Orestes Quércia ao Senado, numa aliança pela eleição de José Serra à Presidência.
"Fizemos um acordo muito transparente no qual, se não tivesse a aliança com o PSDB, o PMDB indicaria o vice, e indicou a Alda Marco Antônio. E na eleição de 2010, se estivermos juntos, vamos dar a vaga para o Senado que seria do Democratas ao PMDB."
Segundo o prefeito, o PMDB não exigiu participação no governo. "Em nenhum momento. Quero fazer justiça ao ex-governador Quércia, que coordenou essas conversas."
Kassab afirmou que, "seja com o PMDB ou qualquer aliado", "a expectativa é que continue sendo um bom prefeito".
Incitado a dar uma nota ao governo Quércia, afirmou: "Como toda administração, teve seus altos e baixos. Vou registrar um ponto alto. Depois do governador José Serra, foi o que mais metrô fez na cidade".

Alckmin
Quatro horas depois de receber o apoio de Geraldo Alckmin -que o chamara até de dissimulado-, Kassab minimizou os ataques desferidos pelo tucano no primeiro turno.
"São divergências totalmente superadas no campo administrativo e no campo político porque não foram graves no campo moral."
O prefeito, no entanto, evitou responder se apoiaria a candidatura de Alckmin ao governo em 2010. "Temos uma aliança aqui em São Paulo. E essa aliança tem um líder, que é José Serra. Caberá a ele coordenar o processo sucessório", desconversou. "Então, nós já nos antecipamos e evidentemente estaremos aguardando no momento certo a definição do governador. Ele é o governador e ele vai definir a sucessão."
Questionado sobre o que acha da hipótese, afirmou "as circunstâncias serão políticas". "Não dá para saber. É muito difícil analisar 2010 sem concluir 2008", alegou o prefeito.
Kassab nem sequer quis responder se considera que Alckmin foi um bom governador.
"A questão vai ser muito mais política do que administrativa".
Ele não quis dizer se Alckmin saiu com o capital eleitoral menor dessa disputa.

Erundina
Kassab provocou protestos na platéia ao justificar o apoio a Paulo Maluf (PP) para a prefeitura, em 1996. Ele alegou que Erundina não fora boa prefeita. "Apoiei para prefeito e não me arrependo. A ex-prefeita Luiza Erundina não foi uma boa prefeita, não fez um bom governo e ele na época era a alternativa", argumentou. Na saída, após ser repreendido por uma eleitora, Kassab se retratou afirmando que Erundina fora boa prefeita. Mas disse que o PT prejudicou seu governo. "Tanto que ela saiu do PT."
Ainda na sabatina, Kassab afirmou que, se voltasse no tempo, não teria se aliado a Maluf ou a Celso Pitta.
"Depois de ter tomado conhecimento dos equívocos que ele [Pitta] cometeu na vida pública, e eles são claros, é evidente que eu não estaria ao seu lado. Evidentemente, se voltássemos no tempo e eu tivesse as informações que tivemos depois, eu jamais votaria no Pitta, assim como no Maluf."
"Se voltasse no tempo, eu jamais seria companheiro do Paulo Maluf e do Celso Pitta."

Mandato
Kassab disse que não sairá do governo. "Ficaria os quatro anos no governo. Não tenho biografia para me afastar da Prefeitura de São Paulo na minha primeira eleição a cargo majoritário", afirmou.

Lula
Kassab voltou a expor divergência com o DEM ao incluir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre "grandes políticos brasileiros". Reafirmou a admiração pelo petista. "Eu citei Lula, Serra e Fernando Henrique. E citaria de novo."


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