São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008

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NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

"Somos todos brasileiros"

O "Guardian" dizia ontem que a escolha de Paul Krugman para o Nobel "indica que a onda intelectual está mudando, contra o livre comércio irrestrito", e simboliza "a morte do Consenso de Washington". A razão para a escolha não seriam as críticas cotidianas do colunista à política econômica dos EUA, mas a contribuição teórica do economista com sua "política estratégica de comércio" -em que aponta como os "subsídios à indústria interna" elevam a renda de um país e dá como exemplo o apoio à Embraer.
Por outro lado, dias atrás em seu blog no "New York Times", Krugman postou que "um ponto realmente importante" na crise foi revelar "o crescimento da globalização nos últimos poucos anos", daí o contágio. Em suma: "Somos todos brasileiros agora."

A HORA DA VIRADA
Em entrevista à BBC, Krugman elogiou o plano europeu e avaliou que "pode ser a hora da virada da crise". Depois se conteve, em seu blog no "NYT", "ainda não vimos nada que chegue perto da volta à normalidade no crédito".
No "Financial Times", Martin Wolf também abriu o dia dizendo que os planos "são, em proporção e formato, o necessário". E a manchete do "FT", à noite, já dizia que ergueram "a confiança no sistema bancário global".

O SECRETÁRIO
Após atacar em especial a decisão de permitir o colapso do Lehman, que fez secar o crédito, o "FT" voltou a abrir fogo contra o secretário do Tesouro dos EUA pelo pacote "incompleto" de US$ 700 bi e até pelo novo pacote, ontem, "generoso" com banqueiros.
Mas saúda Henry Paulson por apresentar, enfim, ações "sistêmicas". Mas foi no rasto de "Flash Gordon" Brown.

"RELATIVAMENTE"
Sobre o Brasil, o "FT" vê "consumidores e empresas adiando planos de gastos" e grupos como Votorantim, que "não foram conservadores", enfrentando perdas no que "a mídia chama de subprime brasileiro", os derivativos.
Mas no todo "as empresas estão bem menos endividadas do que as suas concorrentes externas" e o país vai "emergir da crise relativamente ileso".

O QUE FAZER COM O FMI
Em meio aos esforços globais, "Forbes" e "Washington Post" produziram reportagens sobre "o papel do FMI". Ele "está fora", diz a revista, em texto carregado de ironia, e "não é um ator para a solução da crise financeira".
O "WP" diz que o Fundo foi "posto de lado pelas nações desenvolvidas, nas quais seu conselho tem pouco peso", e deve passar a socorrer "países menores, como a Islândia", como defende Guido Mantega. O brasileiro diz que o FMI, nesta crise, não deve deixar "um só país fracassar".

DOHA, DE NOVO
Lula chegou à Índia, em fotos exóticas nos sites daqui. Nos jornais de lá, "Times of India", "Economic Times", agências, a cobertura ressaltou o "compromisso" expresso pelo chanceler Celso Amorim e pelo ministro Kamal Nath, representantes dos dois países na Rodada Doha, de fechar acordo sobre as "modalidades" até dezembro.

ACORDO NUCLEAR
O "Hindustan Times" deu que a Índia busca apoio do Brasil para uma "cooperação nuclear civil", além de outros acordos sobre energia etc.

TODO O POSSÍVEL
O "Economic Times" deu que o grupo indiano Larsen e Toubro decidiu investir aqui em "petróleo, cimento, papel e tudo o que for possível".

DÚVIDAS E RAIVA
washingtonpost.com
O "WP" foi a Rondônia e produziu uma longa reportagem sobre as "dúvidas" e a "raiva" que cercam as duas hidrelétricas do rio Madeira. Sublinha os perigos "humanos e ambientais" das obras

"FORA, BRASILEIROS"
nytimes.com
O correspondente do "NYT" no Brasil foi ao Paraguai para longa reportagem sobre a "esperança dos sem-terra paraguaios" com seu novo "presidente de esquerda". O relato ressalta o confronto com os brasiguaios e gritos como "Fora, brasileiros"

LÁ E CÁ
Na manchete do "NYT", à noite, uma pesquisa mostrou 14 pontos de vantagem para Barack Obama. "Os ataques de John McCain afastaram os eleitores", avaliou o jornal, sem considerar o auge da crise nesta última semana.
Por aqui, no blog de Ricardo Noblat, no Globo Online, o Ibope apontando 12 pontos de vantagem para Gilberto Kassab, sobre Marta Suplicy, após os ataques ao prefeito. E o conselho de não comparar com outras pesquisas.


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@ - Nelson de Sá



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