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Para Ciro, governo desvalorizará
o real após as eleições de 1998
da Sucursal do Rio
O virtual candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou ontem que o pacote
econômico do governo é uma
"tentativa desesperada" de adiar
para depois das eleições de 98 o
que, para ele, é a "amarga verdade": a desvalorização do câmbio,
com a volta da inflação.
Ciro disse ter lido estudos internacionais que afirmam que uma
desvalorização cambial de 20% levaria a uma inflação de 63%.
Mas as consequências políticas,
segundo disse, poderão não beneficiar eleitoralmente a sua candidatura e até fortalecer o governo
ou uma alternativa conservadora.
"Se vamos para um cenário de
crise franca, podem acontecer
duas coisas ruins para o Brasil",
disse. "O povo pode identificar no
presidente (Fernando Henrique
Cardoso) o fator de estabilidade ou
pode acontecer que a direita, mais
reacionária, populista e demagógica, fature isso."
Ciro Gomes disse duvidar que o
governo não consiga aprovar o pacote no Congresso Nacional e também mostrou ceticismo em relação às críticas do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), que tem atacado o aumento do Imposto de Renda.
"Olha, os políticos convencionais brasileiros têm uma atitude
que é a de eternamente se valorizar
para não dar de barato o seu
apoio", afirmou.
"Pode acreditar que toda essa
rebeldia se exaure na próxima negociação fisiológica."
Ele afirmou também que FHC
"não tem moral" para acusar
quem é contra o aumento do IR de
não pensar nos pobres.
"Por exemplo, ele criou uma linha de crédito para os usuários da
especulação na Bolsa, na hora do
risco", disse.
"A Bolsa é uma área de risco, estava ganhando 97% ao ano. Como
toda Bolsa do mundo, caiu. E agora o governo entra para socorrer,
com uma linha de crédito que é a
mais barata do país. Essa é a cara
do governo Fernando Henrique.
Defesa dos pobres e oprimidos?"
Ciro acusou o governo de ter se
deixado levar pela popularidade
fácil trazida pelo Plano Real e adiado medidas de ajuste estrutural da
economia, o que, na sua opinião,
abriu espaço para a crise.
O virtual candidato do PPS levantou dúvidas sobre a correção
da demissão de 33 mil funcionários públicos, anunciada no pacote, enquanto o governo mantém o
investimento de R$ 500 milhões
em publicidade previstos para o
ano que vem.
(WT)
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