MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na contramão do ajuste fiscal do governo, a Presidência da República está promovendo a troca do mobiliário. A lista lançada ontem na internet inclui cadeiras a R$ 1.620 cada uma e cestas para lixo a R$ 460 cada uma. O preço total estimado para a compra é de quase R$ 1,2 milhão.
Só em cadeiras e poltronas serão 690 novas unidades. O tipo mais caro tem espaldar médio, "próprio para reuniões", segundo especifica o edital. Dessas, serão 300. Os sofás serão mais 155.
Os móveis serão destinados aos gabinetes do Palácio do Planalto, que receberão, de acordo com a lista do pregão, cem cabideiros em madeira.
Apenas dois dos gabinetes receberão peças mais sofisticadas, como mesa "em madeira freijó", cujo preço foi estimado em R$ 4.400 cada uma.
Na mesma madeira de cor castanha, com listras escuras, utilizada em marcenaria de luxo, foram encomendados dois porta-fones para gabinete. Preço de cada unidade: R$ 1.200.
As cestas para lixo têm o mesmo padrão: foram encomendadas 70 a R$ 460 cada uma.
Os preços do edital possuem o valor máximo que a Presidência da República se dispõe a pagar por móveis na "Planilha referencial de custos estimativos para consumo anual".
De acordo com a Casa Civil, os móveis novos deverão substituir aqueles encontrados em "situação precária", além de equipar os gabinetes de novas secretarias vinculadas à Presidência, como Pesca e o Ministério da Segurança Alimentar.

Veículos e carpetes
A troca do mobiliário é mais um dos investimentos da Presidência tornados públicos nesta semana. Na terça-feira, o "Diário Oficial" da União publicou contrato da compra de dez automóveis tipo Marea para a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus familiares nas cidades de São Paulo e São Bernardo do Campo.
Na quarta-feira, foi lançado pregão para a compra de 24 carros, três caminhões e quatro motocicletas. A conta dos veículos passou de R$ 1,6 milhão.
A mesma edição do "Diário Oficial" abriu licitação para a troca de carpetes do Planalto.

Correção
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Casa Civil informou, depois das 21h de ontem, que o edital para a compra de móveis para a Presidência da República será retificado na segunda-feira.
A informação foi dada após detectar um erro no preço que o Planalto se dispunha a pagar por 70 cestas de lixo em madeira freijó, a mesma encomendada para outras peças do mobiliário.
No lugar dos R$ 460 por unidade, as cestas deveriam custar até R$ 28, segundo a Casa Civil, acionada ainda de manhã pela reportagem da Folha.
As demais estimativas de preço que constam do edital não sofrerão alterações, como as cadeiras próprias para reuniões, que custarão até R$ 1.620 cada uma, as mesas para escritório de R$ 4.400 cada uma e as mesas de centro com tampo de granito e estrutura da mesma madeira freijó, que sairão por R$ 1.310 cada uma.

Bolsa-Família
O preço que o edital indicou para cada uma das novas lixeiras do Planalto seria suficiente para pagar o benefício-base do programa Bolsa-Família, do governo federal, a mais de nove famílias consideradas miseráveis.
Elas têm direito a R$ 50 por mês e a um extra de até R$ 45, caso tenham pelo menos três filhos de até 15 anos.


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