São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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Pastor intermediau venda,afirma Brizola

das sucursais de
Brasília e do Rio


O ex-governador do Rio Leonel Brizola confirmou ontem que o pastor evangélico Caio Fábio intermediou a negociação do dossiê usado na suposta chantagem contra o presidente Fernando Henrique Cardoso e outros políticos tucanos. A informação havia sido dada anteontem pelo próprio pastor.
Brizola disse que foi procurado pelo pastor na véspera do primeiro turno da eleição. Caio Fábio teria informado que o grupo que detinha o dossiê estaria interessado em vender os documentos.
O dossiê estaria sendo negociado por cerca de R$ 1,5 milhão. O advogado criminalista Nilo Batista, ex-governador do Rio, foi indicado pelo PDT para apurar o caso e avaliar os documentos -os quais, segundo o advogado, nunca chegaram às suas mãos.
Segundo Brizola, o PDT não se dispunha a pagar pelas informações e pleiteou que elas fossem entregues gratuitamente.

Ciro
Ciro Gomes (PPS-CE), candidato derrotado à eleição presidencial, confirmou ontem que, alguns dias antes do primeiro turno, foi procurado por uma pessoa de sua confiança que lhe ofereceu os documentos do "dossiê Caribe" por US$ 1,5 milhão.
Ciro não quis falar o nome da pessoa, mas o deputado estadual Oman Carneiro (PPS), amigo de infância do ex-ministro e um dos coordenadores financeiros da campanha, revelou tratar-se do pastor Caio Fábio.
"Não houve interesse do PPS em ter os documentos porque a condição era pagar. Isso é máfia", disse o ex-ministro da Fazenda.
Ciro Gomes levantou suspeitas de que o governo federal tomou a iniciativa de "vazar" as denúncias por meios de papéis falsos, para "desqualificar" o caso.
"Essa é uma hipótese. A minha presunção é de inocência. Mas na vida pública, principalmente um governo arrogante como esse, tem a obrigação de esclarecer. Só há dois caminhos: negar com veemência ou entregar-se à investigação", afirmou Ciro.
O ex-ministro disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso "não foi categórico" ao negar as denúncias. A reação de "indignação" manifestada sexta por FHC, segundo ele, foi a "destempo".
Ele criticou também o presidente por não ter sido "contundente" ao negar que Sérgio Motta, ministro das Comunicações morto em abril, tivesse conta no exterior.
"Um amigo que morreu merece uma defesa emocional mais contundente do que a própria defesa. Quando o presidente diz que tem duas contas no exterior e que não sabe se Motta tinha alguma, permite interpretação dúbia", disse.
Ciro rejeitou a tese da chantagem. Segundo ele, se houvesse chantagista, o governo teria como rastrear telefonemas e chegar à origem da ligação para pegar o culpado. "Para haver chantagem, é preciso que a denúncia seja verdadeira", disse.
Na sua opinião, o caso deveria ter sido remetido ao Ministério Público e à polícia assim que surgiram as primeiras denúncias.
"Se não é verdade a existência da conta, o governo tem de processar quem está por trás das denúncias", afirmou.



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