São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2001

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CASAMENTO EM CRISE

Presidente do PMDB diz que coligação só resiste se PSDB não tiver candidato, cenário que julga improvável

Roseana inviabiliza a aliança, diz Temer

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), avalia que o crescimento da pré-candidatura da governadora Roseana Sarney (PFL-MA) inviabiliza a manutenção da aliança governista para 2002.
"Essa é uma realidade incontestável", afirmou . Segundo ele, a coligação só poderá ser mantida "se o PSDB decidir apoiar Roseana, o que é improvável", disse. "O PMDB, mesmo, está em busca da candidatura própria."
Temer fez as declarações em Recife, pouco antes do casamento de Sheyla Nogueira Oliveira, 25 -filha do deputado federal e líder do PFL na Câmara, Inocêncio de Oliveira-, com o advogado Fabiano Laluce, 25. Segundo ele, o assunto até já foi tema de conversa entre ele e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen. "Eu disse a ele que a tendência agora é cada partido lançar seu próprio candidato e deixar uma eventual aliança para o segundo turno."
Temer afirma que a existência de vários candidatos poderia até favorecer a formação de uma aliança no segundo turno, eventualmente contra o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Para ele, as campanhas podem ocorrer sem desgaste entre os partidos, desde que se estabeleça "um pacto de natureza programática". "Se cada um defender o seu programa, não haverá agressões numa eventual coligação. Acho que os candidatos conseguiriam fazer uma campanha civilizada."

Jarbas Vasconcelos
O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que ainda acredita em um entendimento na base governista, mas afirmou que, "quando uma candidatura como a de Roseana cresce, em vez de facilitar as coisas, dificulta".
"Ninguém pode mais sentar à mesa querendo vetar Roseana. Fica difícil, muito difícil. O PFL vai ter de ter grandeza para entender esse momento e ver se é capaz ainda de fazer um entendimento, sacrificando a candidatura dela em torno de outro nome."
Para Jarbas, isso ainda é possível, "mas quanto mais demora, mais complicado fica". Segundo ele, o ideal seria que não houvesse candidaturas lançadas. "O PSDB só não tem ainda [candidato" porque eleitoralmente não apareceu um nome forte. Se tivesse, já teria lançado, e isso atrapalha."

PFL
Os caciques pefelistas presentes ao casamento não concordaram com a tese de inviabilização da coligação com o crescimento de Roseana nas pesquisas. "Sou defensor da aliança, da coligação", disse o vice-presidente Marco Maciel. "Acho que a aliança é importante não apenas para ganhar eleição, mas também para governar."
Para o ex-senador baiano, Antonio Carlos Magalhães, "cada candidatura própria da base aliada deve ser vista como da base aliada e, consequentemente, somar". ACM, no entanto, fez uma ressalva: "o que fica difícil é uma pessoa bem nas pesquisas não ser candidata. Isso seria uma frustração para o eleitorado".
O ex-senador disse acreditar que "há clima" para um entendimento. Entretanto, afirmou, se cada partido se voltar para seus interesses, é possível que saiam com candidatos próprios no primeiro turno, unindo-se depois, no segundo turno. ACM, porém, também acha que o PFL não tem outra saída hoje fora da candidatura Roseana, "pelo menos na primeira fase". "É uma candidata que tem um grande apoio e consequentemente fica difícil não disputar com esse nome."



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