São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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PAINEL

Estratégia radical
Lula e a cúpula do PT decidiram isolar totalmente a esquerda do partido no governo. As tendências mais radicais não terão poder de indicar ministérios nem cargos de segundo escalão. O objetivo é enfraquecer a oposição interna e unificar o discurso em favor de Lula no partido.

Escolha a dedo
Lula poderá até dar cargos a militantes da esquerda, mas escolherá pessoalmente os seus ocupantes sem ouvir os comandos das correntes. É o caso do posto de líder do PT na Câmara. Lula deve nomear Nelson Pellegrino (BA), em vez de Henrique Fontana (RS), nome preferido das esquerdas no partido.

Sem saudades
Líderes da esquerda petista já perceberam a estratégia de Lula e cogitam até a possibilidade de deixar o partido - sonho de verão de muito dirigente do PT.

Público externo
O site do PT apresenta biografias de Lula e dos ministros já anunciados. Com versões em português e em inglês.

Lobby contrário
O PT no Congresso e integrantes da transição receberam chuva de e-mails e telefonemas de militantes da sigla e de ONGs que tentaram, em vão, "impedir" a nomeação de Roberto Rodrigues (expoente do agronegócio e apoiado por ruralistas) no Ministério da Agricultura.

Platéia selecionada
Na reunião de sexta do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Lula disse que estava entre "os mais importantes empresários e sindicalistas do país". Paulinho e Luiz Antonio de Medeiros, da Força Sindical, não foram ao evento porque não receberam convites do PT.

Reforma tecnológica
A Câmara lançou edital para a compra de 900 terminais de computador e 500 impressoras. O equipamento será utilizado nos gabinetes dos deputados que estão chegando a Brasília.

Defesa tática
Gilberto Carvalho, futuro chefe-de-gabinete de Lula, teve conversa pessoal com FHC no Planalto. O presidente orientou o petista a ser uma espécie de "zagueiro", cuja principal função seria saber quem barrar e quem deixar ter acesso a Lula.

Novos tempos
Mesmo pressionado por procuradores e juízes, o PT não obstruirá a votação no Senado do projeto que cria foro privilegiado para governantes. Pretende apenas pedir verificação de quórum. A ida do projeto para a Casa foi negociada com o PSDB na minirreforma tributária.

Marketing brasileiro
Lino Oviedo contratou a agência brasileira Pública Comunicação para trabalhar em sua campanha à Presidência do Paraguai. A candidatura ainda depende de autorização da Justiça.

Entra-e-sai
Começou a dança dos partidos na Câmara: Vadão Gomes, eleito pelo PPB, está de malas prontas para o PTB. Campos Machado, cacique do partido em SP, diz que outros dois parlamentares paulistas também devem acertar com a sigla em breve.

Bingo
Na quarta, antes da entrega do relatório final da CPI de Santo André (criada para apurar suposto esquema de propina na prefeitura petista da cidade), o vereador Ricardo Alvarez (PT) disse em voz alta na Câmara: "A conclusão será uma pizza meio mussarela, meio portuguesa".

Compensação vetada
Dirigente do PT sondou o PDT sobre a hipótese de oferecer a embaixada no Uruguai para Brizola, que espera virar ministro. Resposta: a proposta será considerada uma ofensa.

Missão difícil
Marta jogou uma "bomba" no colo de seis secretários: "resolver a questão" dos camelôs no centro. O relatório dos auxiliares dirá que solução existe, mas depende de muito investimento.

TIROTEIO

De José Carlos Aleluia (PFL), sobre a medida provisória que ressarce Estados por investimentos em rodovias federais (e que ajudará MG a pagar o 13º):
- Essa MP é um prêmio para quem não cumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal.

CONTRAPONTO

Natal antecipado

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve na semana passada em Washington (EUA). O principal evento de sua agenda era um encontro com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
Dezenas de fotógrafos e repórteres brasileiros e norte-americanos ficaram de plantão, na frente da Casa Branca, esperando a chegada de Lula.
Os fotógrafos norte-americanos, que não conheciam Lula, pediram aos colegas brasileiros que descrevessem a fisionomia do presidente eleito. Um fotógrafo explicou:
- Ele é gordinho, baixinho, usa uma barba branca e adora vermelho, a cor de seu partido.
Um jornalista americano que ouviu a conversa comentou, provocando gargalhadas gerais:
- Esse aí que você falou não é o presidente, é o Papai Noel. Só falta chegar em um trenó puxado por renas.


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