São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONGRESSO

Presidente do Senado diz que Executivo errou ao não promover as mudanças tributárias e políticas e vê ausência de "dínamo político"

Para Renan, governo abandonou reformas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu discurso de fim de ano, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou ontem duramente o governo federal, ao dizer que falta empenho na aprovação de reformas. "Errou o Executivo ao abandonar as reformas tributária e política. Falta um dínamo político para que elas sejam realizadas", disse Renan.
Ele também atacou pontos da política econômica, dizendo que há uma "overdose" de juros na economia, além de um superávit primário (economia para pagamento de juros) "excessivo".
Em uma discordância frontal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Renan afirmou que as insinuações de tendências golpistas não passam de "paranóia". Lula, na semana passada, acusou a oposição brasileira de ser equivalente à venezuelana, que orquestrou um malsucedido golpe contra o presidente daquele país, Hugo Chávez, em 2002.
"A paranóia inventou até um golpismo midiático. Àqueles que sugeriram conspirações e maquinações antidemocráticas está aí o mais expressivo exemplo de que as instituições estão sólidas e exercendo suas funções com independência", declarou Renan.
Para ele, a crise política é "pedagógica" e tem elementos positivos. "O país amadureceu e criou anticorpos naturais contra novas crises", afirmou ontem o presidente do Senado.

Reposicionamento
O discurso forte de Renan vem dias depois de ele contrariar o governo e defender a convocação extraordinária do Congresso. Líderes governistas esperam que seja apenas um reposicionamento tático do presidente do Senado, que tenta se credenciar como um defensor do Legislativo, e não o início de um rompimento com o Palácio do Planalto.
O presidente do Senado afirmou ainda que o Poder Legislativo "não é uma possessão" do Poder Executivo.
"O dia-a-dia demonstrou que não há vassalagem e que o Legislativo não é uma possessão do Executivo. A genuflexão [ato de ficar de joelhos], definitivamente, não é a nossa vocação", disse.


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