São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Tudo menos isso

A notícia de que a primeira tesourada do governo, diante da necessidade de compensar a perda a CPMF, deve recair sobre os R$ 12 bi de emendas coletivas ao Orçamento de 2008 instaurou um clima de Deus nos acuda entre os parlamentares. Tamanho é o desespero que a Comissão de Orçamento se transformou em uma usina de idéias para dar ao Executivo.
Uma das mais criativas prevê que o governo tome emprestado do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) algo como R$ 25 bi, suficientes para cobrir a parcela do imposto repassada à saúde e ao Bolsa Família. O Ministério do Planejamento respondeu que não vê condições de recorrer a esse expediente, utilizado no governo Collor. Mas a comissão não desistirá de apresentar qualquer alternativa que preserve as emendas.

Salomônico 1. Preocupados com a reação de deputados e senadores às vésperas do ano eleitoral, integrantes da Comissão de Orçamento argumentam que, se não houver outro jeito, seria melhor promover um corte linear de 7,5% em todas as emendas, sem distinção de área.

Salomônico 2. "Se todos perderem de maneira igual, não haverá injustiças", diz Eunício Oliveira (PMDB-CE). O problema é que o governo já avisou que o corte será seletivo, poupando saúde e políticas sociais. Em outras palavras, a chiadeira de quem for preterido está garantida.

Simples assim. Solução do tucano Rafael Guerra (MG), da Frente Parlamentar da Saúde e da Comissão de Orçamento, para que o governo não desista do PAC do setor. "Há R$ 14 bi de reserva de contingência, R$ 7 bi da reestimativa de receita feita anualmente e R$ 251 bi de superávit financeiro. É só usar".

Copyright. Ao mandar carta para os senadores durante a sessão da CPMF, Lula fez como FHC, que em 1995 prometeu por escrito, no calor do debate da quebra do monopólio do petróleo, não privatizar a Petrobras. A diferença é que a jogada do tucano funcionou.

Ressaca. Passada a batalha da CPMF, o ministro José Temporão (Saúde) pediu férias. Estará fora entre 24 de dezembro e 7 de janeiro.

Relógio de ponto. Obrigado a amargar o recesso branco pró-CPMF ao final de seu primeiro ano no comando da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) preparou uma lista com o que chama de conquistas obtidas no período. No rol de realizações, destaca a economia de R$ 11 milhões com horas extras de deputados.

Tô fora 1. Signatários da Mensagem ao Partido, os deputados estaduais do PT-SP Simão Pedro, Mário Reali e Sebastião Almeida divulgaram carta criticando a resolução em que o grupo de Tarso Genro bate forte em Jilmar Tatto, adversário de Ricardo Berzoini no segundo turno da eleição do partido, amanhã.

Tô fora 2. "Não nos parece lícito e proveitoso para o ambiente de discussão interna atacar de forma pessoal os companheiros", afirma a carta dos petistas, apoiadores da candidatura derrotada de José Eduardo Cardozo.

Stand by. Conselheiro da nova TV pública, Claudio Lembo (DEM) diz que ainda não teve tempo de examinar a programação da emissora, no ar há duas semanas. "Só vi muito rapidamente o telejornal", afirma o ex-governador.

Circunstancial. É ponto pacífico que o DEM manda pouco na Prefeitura de São Paulo, mas a Juventude do PSDB resolveu oficializar o conceito. Material de seus cursos de formação política se refere à "gestão tucana iniciada por José Serra e hoje chefiada por Gilberto Kassab".

É comigo? A Assembléia paulista espera há 40 dias resposta de pedido de explicações à Sabesp sobre o fato de o deputado estadual Celino Cardoso (PSDB) explorar comercialmente um terreno da companhia de saneamento.

Tiroteio

"O Lula dizia que a falta da CPMF quebraria as pernas do governo. Na verdade, quebrou apenas o seu salto alto."


Do deputado PAULO BORNHAUSEN (DEM-SC), sobre a derrota imposta ao Planalto pelo Senado na votação do imposto do cheque.

Contraponto

Entre irmãos

Em 1995, estreante no mandato de deputado federal, Carlos Apolinário (SP) circulava pelos corredores da Câmara tentando se enturmar com os colegas. Ao abrir a porta da sala onde funcionava uma das comissões da Casa, o então peemedebista viu o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), levantar-se da mesa e gritar:
-Aleluia!
Apolinário, que é evangélico, comentou:
-Enfim encontrei meu lugar! Então quer dizer que estou entre irmãos da Assembléia de Deus?
Foi preciso explicar ao novato que Inocêncio apenas chamava o correligionário José Carlos Aleluia (BA).


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