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Lula diz que defende imprensa livre, mas condena "excessos"
Na abertura da Confecom, presidente diz que mídia "despreza os fatos" e "divulga inverdades ou mesmo dissemina calúnias"
Evento aberto ontem em Brasília vai discutir um novo marco regulatório para
o setor, tendo em vista o avanço das novas mídias
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Na abertura da 1ª Conferência Nacional de Comunicação,
ontem, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter "compromisso sagrado"
com a liberdade de imprensa,
mas criticou excessos cometidos por jornais, rádios e TVs.
"Tenho orgulho de dizer que
a imprensa no Brasil é livre. Ela
apura e deixa de apurar o que
quer. Publica e deixa de publicar o que deseja. Opina e deixa
de opinar sobre o que bem entende. Meu compromisso com
a liberdade de imprensa é sagrado", afirmou o presidente.
Falando para cerca de 1.400
delegados de empresas, movimentos sociais e órgãos públicos, o presidente ressalvou que
essa mesma imprensa também
"se excede, despreza os fatos e
embarca em campanhas, divulga inverdades ou mesmo dissemina calúnias e infâmias".
"Aprendi a conviver tranquilamente com isso. Mais cedo ou
mais tarde a verdade termina
prevalecendo", afirmou Lula.
Episódios de seu governo
mostram que a convivência de
Lula com a imprensa nem sempre foi "tranquila". No primeiro
mandato, ele ameaçou expulsar
do país o correspondente do
jornal americano "The New
York Times", em razão de uma
reportagem sobre sua relação
com o álcool. No segundo mandato, disse que não lê jornal para não ficar com "azia".
O evento discutirá um novo
marco regulatório para o setor,
tendo em vista as novas mídias
no país. Lula não escondeu o
entusiasmo com novas plataformas, em especial a internet.
"Leitores mais ativos ou grupos
de pressão passaram a formar
redes horizontais, trocando
opiniões, descobrindo pontos
de contato, firmando convicções, tornando-se mais críticos
e menos passivos", disse.
Ameaça
A abertura da conferência
chegou a ser ameaçada por uma
polêmica com empresários sobre o regimento. O governo se
aliou às empresas para impedir
a debandada da Rede Bandeirantes e da Rede TV!.
O motivo da crise foi a mudança no regimento feita, de
manhã, por representantes dos
movimentos sociais. Eles decidiram que não haveria quorum
qualificado para votação dos temas sensíveis nos grupos de
trabalho, mas apenas nas votações em plenário, contrariando
o acerto existente até então.
Na pauta da Confecom estão
propostas que afetam as empresas de comunicação, como o
controle social sobre a mídia,
aumento de potência das rádios comunitárias e proibição
da propriedade cruzada de
meios de comunicação.
Pelo regulamento, qualquer
proposta considerada sensível
pelos segmentos representados exige quorum qualificado,
com aprovação de 60% dos delegados, mais um voto. Inconformadas com a mudança,
Band e Rede TV! pediram nova
reunião. O governo chamou
reunião de emergência, e reverteu a mudança com o voto do
presidente da Associação Brasileira dos Canais Comunitários, Edvaldo Farias.
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