São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009

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Lula diz que defende imprensa livre, mas condena "excessos"

Na abertura da Confecom, presidente diz que mídia "despreza os fatos" e "divulga inverdades ou mesmo dissemina calúnias"

Evento aberto ontem em Brasília vai discutir um novo marco regulatório para o setor, tendo em vista o avanço das novas mídias


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Na abertura da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, ontem, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter "compromisso sagrado" com a liberdade de imprensa, mas criticou excessos cometidos por jornais, rádios e TVs.
"Tenho orgulho de dizer que a imprensa no Brasil é livre. Ela apura e deixa de apurar o que quer. Publica e deixa de publicar o que deseja. Opina e deixa de opinar sobre o que bem entende. Meu compromisso com a liberdade de imprensa é sagrado", afirmou o presidente.
Falando para cerca de 1.400 delegados de empresas, movimentos sociais e órgãos públicos, o presidente ressalvou que essa mesma imprensa também "se excede, despreza os fatos e embarca em campanhas, divulga inverdades ou mesmo dissemina calúnias e infâmias".
"Aprendi a conviver tranquilamente com isso. Mais cedo ou mais tarde a verdade termina prevalecendo", afirmou Lula.
Episódios de seu governo mostram que a convivência de Lula com a imprensa nem sempre foi "tranquila". No primeiro mandato, ele ameaçou expulsar do país o correspondente do jornal americano "The New York Times", em razão de uma reportagem sobre sua relação com o álcool. No segundo mandato, disse que não lê jornal para não ficar com "azia".
O evento discutirá um novo marco regulatório para o setor, tendo em vista as novas mídias no país. Lula não escondeu o entusiasmo com novas plataformas, em especial a internet. "Leitores mais ativos ou grupos de pressão passaram a formar redes horizontais, trocando opiniões, descobrindo pontos de contato, firmando convicções, tornando-se mais críticos e menos passivos", disse.

Ameaça
A abertura da conferência chegou a ser ameaçada por uma polêmica com empresários sobre o regimento. O governo se aliou às empresas para impedir a debandada da Rede Bandeirantes e da Rede TV!.
O motivo da crise foi a mudança no regimento feita, de manhã, por representantes dos movimentos sociais. Eles decidiram que não haveria quorum qualificado para votação dos temas sensíveis nos grupos de trabalho, mas apenas nas votações em plenário, contrariando o acerto existente até então.
Na pauta da Confecom estão propostas que afetam as empresas de comunicação, como o controle social sobre a mídia, aumento de potência das rádios comunitárias e proibição da propriedade cruzada de meios de comunicação.
Pelo regulamento, qualquer proposta considerada sensível pelos segmentos representados exige quorum qualificado, com aprovação de 60% dos delegados, mais um voto. Inconformadas com a mudança, Band e Rede TV! pediram nova reunião. O governo chamou reunião de emergência, e reverteu a mudança com o voto do presidente da Associação Brasileira dos Canais Comunitários, Edvaldo Farias.


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