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Lula desiste de apoiar fim da reeleição e mandato de 5 anos
Presidente diz a Suplicy que a experiência mostrou que o atual sistema é bom
Avaliação do Planalto é que mudança da regra agora iria beneficiar a oposição, já que possibilitaria acordo entre os tucanos Serra e Aécio
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou de opinião
sobre o fim da reeleição e a criação do mandato presidencial de
cinco anos sem direito à recondução, posição que vinha defendendo publicamente desde
antes de sua chegada ao poder.
A Folha apurou que o governo federal não se empenhará
para aprovar a proposta em
tramitação na Câmara dos Deputados para acabar com a reeleição. Para o Palácio do Planalto, a ideia beneficiaria somente a oposição.
Nas palavras de um ministro,
a medida "serviria para organizar a fila no PSDB".
Traduzindo: atenderia ao interesse da cúpula tucana de
tentar patrocinar um acordo
entre os dois presidenciáveis
do PSDB, os governadores de
São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves.
Articulado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, esse acordo prevê que Aécio
ceda a vez da candidatura tucana a Serra em 2010 em troca de
apoio para disputar o Palácio
do Planalto em 2015.
O ex-presidente avalia que o
fim da reeleição também o ajudaria a convencer o governador
mineiro a aceitar ser vice de
Serra, o que Aécio, atualmente,
descarta.
O presidente Lula já teve interesse no final da reeleição,
mas tem dito em conversas reservadas que acha que a prática
da reeleição no Brasil mostrou
que a regra é boa.
O presidente falou isso textualmente ao senador Eduardo
Suplicy (PT-SP) em uma conversa na última segunda-feira,
durante um voo de São Paulo
para Brasília.
Dilma
Em tese, o fim da reeleição
seria conveniente a Lula, que
deu sinais inequívocos de que
embarcou de vez na candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Caso
Dilma vença em 2010 sob a nova regra, ela não poderia concorrer em 2015 e deixaria aberta a chance de Lula tentar então
um terceiro mandato.
Muitos petistas dizem que a
lealdade de Dilma ao presidente a levaria a desistir de buscar
eventual reeleição na hipótese
de Lula querer concorrer de
novo ao Palácio do Planalto.
Sem o empenho do governo,
dificilmente será aprovado o
fim da reeleição ainda na gestão
do petista. Um eventual acordo
pelo qual Aécio venha a desistir
de disputar a Presidência em
2010 depende do empenho de
Serra para acabar com a reeleição caso conquiste o Planalto.
Para o governo, é melhor estimular a tensão entre Serra e
Aécio do que bancar o fim da
reeleição e facilitar eventual
entendimento entre os dois.
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