São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Toda Mídia

NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

A guerra perdida

O ataque ao prédio do canal Al Arabiya e da Reuters em Gaza foi a gota d'água. No meio do dia, a agência destacava que a federação dos jornalistas em Bruxelas abriu investigação da "estratégia de intimidação".
E a "Economist" saiu avaliando que Israel "perde a guerra de propaganda". Usa "táticas no front de mídia tão astuciosas" como no front armado -citando da proibição da entrada dos jornalistas em Gaza, já em novembro, à oferta de um "batalhão de porta-vozes" para disseminar sua versão a "jornalistas, editores, colunistas". Mas Al Jazeera e outros "floresceram" e mostraram "o sangue, a aflição e a dor" que, por fim, teriam virado a guerra de palavras e imagens.
Ontem, registre-se, o "Independent" anunciou que vai passar a reproduzir os vídeos da Al Jazeera.

ATIRANDO À VONTADE
"New York Times", UOL etc. deram manchete on-line para o ataque, mas não à imprensa e sim à ONU. E o "NYT" avisou que "Obama precisa agir logo ou o mundo árabe vai concluir que é uma continuação de Bush".
Nos sites israelenses "Haaretz" e "Jerusalem Post", a manchete logo era outra -as supostas mortes do chefe de segurança e do ministro do interior do Hamas, indicando sucesso na guerra. Logo entrou também a notícia de que "Israel concorda com um cessar-fogo", segundo fontes egípcias, e vai a Washington para finalizar o acordo.

BOAS VINDAS
economist.com
Na capa e em editorial da "Economist", "Bush deixou legado funesto, mas Obama pode fazer muito para reparar o dano". O mundo ainda requer a liderança dos EUA, por exemplo, na "nova guerra no Oriente Médio". E ao mesmo tempo Obama "entende que a América não é mais a superpotência inconteste dos anos 90"

NOVAS POTÊNCIAS...
O colunista Roger Cohen analisou no "NYT" a nova política externa de "smart power", poder inteligente, dos EUA. E sugeriu que Obama indique logo os novos "parceiros", com a consciência de que a "riqueza migrou para um arquipélago de novas potências, incluindo Brasil, Rússia, Índia e os países do Golfo".
E de que a "tecnologia" dos EUA foi "democratizada", inclusive no Oriente Médio que hoje segue a Al Jazeera.

E A LIDERANÇA
Já o ministro britânico Peter Mandelson escreveu no "Wall Street Journal" o texto "Obama deve tornar a Rodada Doha prioridade". Admite que já é grande "o peso das expectativas" sobre o presidente eleito, mas insiste que a negociação comercial com Europa, China, Índia e Brasil esteja no topo da agenda.
Argumenta que um acordo é mais necessário do que nunca e "a liderança dos EUA é o único meio de alcançá-lo".

ENTRE EUA E A CHINA
O "Washington Post" deu ontem que Obama postergou a presença do embaixador em Brasília, Clifford Sobel, ele que é "particularmente próximo de Bush". O motivo seria "suavizar as relações com aquele país", o Brasil.
Enquanto isso, está para chegar a Brasília o chanceler da China, Yang Jiechi, em turnê para aprofundar relações com países africanos e o Brasil, diz o "China Daily".

TERRORISTA, ASPAS
Agências e sites no exterior noticiam a concessão do status de refugiado a Cesare Battisti, no Brasil, dizendo tratar-se de "fugitivo", na Associated Press e na BBC, ou de "terrorista" entre aspas, na France Presse, indicando ser assim que é identificado pelo governo italiano.
Na agência italiana Ansa e em jornais como o "Corriere della Sera", ontem na capa, e o "Il Tempo", é "terrorista" sem aspas. Na melhor hipótese, um "ex-terrorista".

SEM DINHEIRO
miamiherald.com
Ocupando quase toda a capa, o "Miami Herald" publicou especial sobre o Haiti, que depois de dois furacões enfrenta agora uma "fadiga" dos países que vinham dando ajuda financeira. "A comunidade mundial cansou do Haiti." Já o Banco Mundial avalia que o país pode estar, na verdade, prestes a reagir

O FILÓSOFO E O EXÉRCITO
A "Economist" destaca que, no Brasil, "Um filósofo redesenha um exército". Diz que Roberto Mangabeira Unger trocou Harvard por "um pequeno ministério para pensar o futuro". Mas já propôs uma regulamentação de terras na Amazônia; "tem um grande esquema para redesenhar a economia mundial (com ajuda de seu pupilo Obama)"; e lançou a Estratégia de Defesa Nacional.
A revista não gostou, diz que ecoa a "paranoia com a Amazônia", e elogiou a estratégia anterior, que levou o país ao comando da missão no Haiti, "um grande êxito em meio a fracassos da ONU no Congo e na Somália".


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