São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Viúva de jornalista terá proteção do Estado

Luiz Carlos Barbon Filho, que denunciou aliciamento de menores envolvendo vereadores de Porto Ferreira, foi morto em 2007

PMs são acusados do crime; após ameaças, Kátia Rosa Camargo e seus dois filhos são incluídos em programa de proteção a testemunhas

GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Kátia Rosa Camargo, 38, viúva do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, foi incluída no programa de proteção a testemunhas do Estado de São Paulo com seus dois filhos, uma garota de 15 anos e um menino de 12. Barbon Filho, que denunciou um esquema de aliciamento de menores que envolvia vereadores de Porto Ferreira (228 km de São Paulo) em 2003, foi assassinado em maio de 2007 num bar da cidade.
Cinco policiais militares e um comerciante são acusados pelo crime, segundo o Ministério Público. Todos estão presos. Kátia é testemunha de acusação no processo.
O pedido de proteção, segundo o advogado de Kátia, Ricardo Ramos, foi feito pela Anistia Internacional e pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa) após a viúva ter declarado que estava sendo ameaçada. Duas testemunhas do crime morreram no ano passado.
Kátia foi retirada de Porto Ferreira na semana passada com os filhos e não tem mais nenhum contato com a família ou com o advogado.
Segundo Ramos, ela vinha sendo ameaçada há quatro meses. "Constantemente, carros rondavam a casa dela e uma vez jogaram o carro em cima dela quando ela ia para casa, à noite. É o mesmo que faziam com o marido dela", disse Ramos.

Julgamento
Em paralelo à inclusão de Kátia no programa de proteção a testemunhas, a juíza que cuida do caso, Milena de Barros Ferreira, encaminhou pedido ao Tribunal de Justiça para que o julgamento dos acusados seja feito fora de Porto Ferreira, em uma cidade com mais de 200 mil habitantes.
Segundo o advogado Ricardo Ramos, a juíza teme que os jurados sejam ameaçados em Porto Ferreira. A Folha tentou falar com a juíza ontem, mas ela estava em audiência.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ, a solicitação foi encaminhada para análise do desembargador Roberto Martins de Souza.
Barbon foi assassinado quando estava apurando uma matéria sobre roubo de cargas que envolveria policiais militares, segundo o advogado da família e o Ministério Público.

Testemunhas
O dono do bar onde ocorreu o assassinato, Alcino Antico, 64, morreu após sofrer um infarto e bater o carro num muro em Santa Rita do Passa Quatro (253 km de São Paulo), em setembro de 2008.
Um mês depois, outra testemunha que estava no bar na hora do crime, João Paulo de Souza, 20, foi encontrado enforcado em São Carlos. O caso foi registrado como suicídio.
O promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Campinas, Gaspar Pereira Silva Junior, que conduziu o processo, disse que os crimes realmente parecem ter sido acidente e suicídio.
"Não analisei a fundo, mas parece que foram. O testemunho deles foi importantíssimo para a acusação e acredito que a morte dos dois não prejudicará o caso", disse.


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