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Viúva de jornalista terá proteção do Estado
Luiz Carlos Barbon Filho, que denunciou aliciamento de menores envolvendo vereadores de Porto Ferreira, foi morto em 2007
PMs são acusados do crime;
após ameaças, Kátia Rosa Camargo e seus dois filhos são incluídos em programa de proteção a testemunhas
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Kátia Rosa Camargo, 38, viúva do jornalista Luiz Carlos
Barbon Filho, foi incluída no
programa de proteção a testemunhas do Estado de São Paulo com seus dois filhos, uma garota de 15 anos e um menino de
12. Barbon Filho, que denunciou um esquema de aliciamento de menores que envolvia vereadores de Porto Ferreira
(228 km de São Paulo) em
2003, foi assassinado em maio
de 2007 num bar da cidade.
Cinco policiais militares e
um comerciante são acusados
pelo crime, segundo o Ministério Público. Todos estão presos.
Kátia é testemunha de acusação no processo.
O pedido de proteção, segundo o advogado de Kátia, Ricardo Ramos, foi feito pela Anistia
Internacional e pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa)
após a viúva ter declarado que
estava sendo ameaçada. Duas
testemunhas do crime morreram no ano passado.
Kátia foi retirada de Porto
Ferreira na semana passada
com os filhos e não tem mais
nenhum contato com a família
ou com o advogado.
Segundo Ramos, ela vinha
sendo ameaçada há quatro meses. "Constantemente, carros
rondavam a casa dela e uma vez
jogaram o carro em cima dela
quando ela ia para casa, à noite.
É o mesmo que faziam com o
marido dela", disse Ramos.
Julgamento
Em paralelo à inclusão de
Kátia no programa de proteção
a testemunhas, a juíza que cuida do caso, Milena de Barros
Ferreira, encaminhou pedido
ao Tribunal de Justiça para que
o julgamento dos acusados seja
feito fora de Porto Ferreira, em
uma cidade com mais de 200
mil habitantes.
Segundo o advogado Ricardo
Ramos, a juíza teme que os jurados sejam ameaçados em
Porto Ferreira. A Folha tentou
falar com a juíza ontem, mas
ela estava em audiência.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ, a solicitação foi
encaminhada para análise do
desembargador Roberto Martins de Souza.
Barbon foi assassinado
quando estava apurando uma
matéria sobre roubo de cargas
que envolveria policiais militares, segundo o advogado da família e o Ministério Público.
Testemunhas
O dono do bar onde ocorreu o
assassinato, Alcino Antico, 64,
morreu após sofrer um infarto
e bater o carro num muro em
Santa Rita do Passa Quatro
(253 km de São Paulo), em setembro de 2008.
Um mês depois, outra testemunha que estava no bar na hora do crime, João Paulo de Souza, 20, foi encontrado enforcado em São Carlos. O caso foi registrado como suicídio.
O promotor do Gaeco (Grupo
de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de
Campinas, Gaspar Pereira Silva
Junior, que conduziu o processo, disse que os crimes realmente parecem ter sido acidente e suicídio.
"Não analisei a fundo, mas
parece que foram. O testemunho deles foi importantíssimo
para a acusação e acredito que a
morte dos dois não prejudicará
o caso", disse.
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