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Ligados a doleiro remeteram R$ 413 mi ao exterior
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Levantamento da Agência Folha, que cruzou nomes de beneficiários de esquema de corrupção
em Londrina e Maringá com a listagem de remessas pela contas
CC-5 (de não-residentes), aponta
que contas fantasmas ou de laranjas enviaram R$ 413,725 milhões
para o Banestado de Nova York.
O operador dessas contas seria
o doleiro Alberto Youssef. Ele nega responsabilidade sobre as remessas e afirma estar sendo "usado como Cristo" pela mídia brasileira (leia texto nesta página).
Em seis meses de investigações,
no ano de 2000, das promotorias
de Defesa do Patrimônio Público
de Londrina e Maringá, do Ministério Público do Paraná, os promotores descobriram mais de 40
contas fantasmas (de pessoas que
não sabiam das contas ou de pessoas inexistentes) ou de laranjas
(pessoas que emprestam seus nomes para operações).
Essas 40 contas eram movimentadas na agência Centro do Banestado em Londrina.
Segundo depoimento dos funcionários do Banestado, as contas
eram operadas por Youssef e alimentavam contas CC-5 a partir
de Londrina, Ponta Grossa, Foz
do Iguaçu e São José dos Campos
(SP) para o Banestado em NY.
Em Maringá, onde o Ministério
Público investiga desvios de R$ 97
milhões em três administrações
municipais, o sistema de desvio
não passava por agências bancárias, vinha diretamente da prefeitura. Em Londrina, os desvios podem passar de R$ 160 milhões,
sendo que R$ 19 milhões já foram
provados pelo Ministério Público.
A Agência Folha cruzou os nomes dos beneficiários dos esquemas em Londrina e Maringá com
a listagem de remessas via CC-5,
cujo sigilo bancário foi quebrado
no início de 1999 pelo procurador
da República Celso Antônio Três
e chegou a 11 nomes que, juntos,
remeteram R$ 413,725 milhões.
O grosso dessas remessas foi feito por agências do Banestado. O
Banco Araucária, por meio de sua
agência de Foz do Iguaçu, também enviou parte do dinheiro. O
Araucária foi liquidado em 2000.
O cruzamento mostra que as 11
contas CC-5 eram alimentadas
também por um esquema que recebia dinheiro de outras contas de
laranjas de todo país.
Em depoimento a promotores
em setembro de 2000, Youssef admitiu que operava na agência
Centro de Londrina do Banestado, mas negou ser o controlador
das contas de laranjas. Funcionários disseram o contrário.
No seu depoimento, Youssef
disse ser proprietário da June Participações e Empreendimentos.
Levantamento da Operação Macuco, feito pela Polícia Federal,
mostra que, na agência do Banestado em NY, a "offshore" June International Corporation foi aberta a pedido da direção do banco e
pertenceria a Youssef.
Youssef foi preso preventivamente em 4 de dezembro de 2000
e solto por liminar do Tribunal de
Justiça do PR 18 dias depois.
O Ministério Público derrubou
a liminar em 29 de março de 2001
e ele ficou preso até 11 de abril.
Nova liminar, do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), o concedeu
habeas corpus. Em 6 de julho de
2002, Youssef conseguiu ratificar
a liminar que o mantém solto.
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