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Valor aumentou na reta final do governo tucano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A conta dos chamados
"restos a pagar" cresceu no
final do governo FHC com o
apoio do próprio PT. Nos últimos dias de governo tucano, o Siafi (sistema informatizado de acompanhamento
de gastos federais) registrou
compromissos de gastos
(empenhos, no jargão técnico) de interesse dos congressistas, que acabavam de garantir apoio político ao aumento da carga tributária.
Em dezembro, o Congresso assegurou uma arrecadação adicional de cerca de R$
5 bilhões ao primeiro ano de
governo Lula. Por meio da
medida provisória 66, foram
prorrogadas as alíquotas de
27,5% do Imposto de Renda
dos contribuintes pessoas físicas e de 9% da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) das empresas.
Na ocasião, o Congresso
também deu carta branca ao
futuro governo para aumentar de R$ 0,50 para até 0,86 a
Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) por litro de gasolina.
A Folha apurou que cada
um dos 584 congressistas
dispôs de uma cota de R$
800 mil para "empenhos"
nos últimos dias do ano, parte da cota de R$ 2 milhões a
que cada deputado e senador tem direito na lei do Orçamento, além das chamadas emendas coletivas.
Emendas são a forma de
destinar dinheiro público a
determinado projeto.
As emendas parlamentares são também uma das
principais moedas de troca
no relacionamento entre governo e Congresso. Funciona assim: tradicionalmente,
deputados e senadores destinam parte do dinheiro público a projetos que beneficiam suas bases políticas.
Como o Orçamento só autoriza gastos, uma nova rodada de negociação com o governo determina o compromisso de gasto (empenho) e
a efetiva liberação de dinheiro para honrar essas despesas. Quando o dinheiro não
é liberado, mas já há compromisso de gasto, aparecem os "restos a pagar".
O ano eleitoral impôs um
agravante ao jogo: parte dos
pagamentos com os quais o
governo FHC já havia se
comprometido em 2001 foram rolados durante o ano
sem que o dinheiro fosse liberado. Na época da eleição,
a conta pendente relativa ao
ano anterior rondava a casa
do R$ 1 bilhão; só os contratos em que a Caixa Econômica Federal cuida do repasse somavam R$ 611 milhões
de obras em andamento.
A eleição renovou mais de
40% da Câmara e do Senado,
mas o problema político nos
cofres públicos ficou para
Lula administrar.
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