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O FUTURO
Severino faz governo temer por Lula em 2006
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A eleição de Severino Cavalcanti
(PP-PE) para presidente da Câmara, a maior derrota do governo
no Congresso, acendeu o sinal
amarelo em relação ao projeto de
reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desencadeou
fatos que devem dar novo molde
à reforma ministerial aguardada.
Para membros das cúpulas do
governo e do PT, Lula deve usar a
reforma ministerial pensando
menos na governabilidade no
Congresso e mais na solidificação
de acordos partidários para garantir apoio à sua reeleição.
Ou seja, Lula deve adotar uma
agenda congressual enxuta, para
ser menos dependente de Severino, cuja vitória catapulta ao comando da Câmara o chamado
baixo clero, grupo de parlamentares de pouca expressão que vota
com governos em troca de verbas
e cargos. Pode ficar caro negociar
com o novo comando da Casa.
Mais: há efeitos da desarticulação política na Câmara que podem mudar a correlação de forças
nos partidos aliados e trazer novos atores ao centro das decisões.
Os maiores exemplos estão no PP
e no PMDB. Severino é do PP,
partido aliado que sonhava com
um ministério. No PMDB, a ala
governista enfrenta adversidades.
Ontem, por exemplo, havia
maioria na bancada para derrubar o atual líder do PMDB, José
Borba (PR), membro da ala governista. Aliados de Borba tentavam tirar nomes da lista. Até as
18h30 de ontem, a bancada do
PMDB tinha 90 deputados -desses, 46 pela saída de Borba em benefício do oposicionista Saraiva
Felipe (MG). Ou seja, Lula não sabe se pode contar com seus atuais
aliados no PMDB, o que tem efeito direto sobre o xadrez da reforma ministerial.
O ministro Eunício Oliveira
(Comunicações), de quem Lula
gosta, está no cargo ancorado na
presença de Borba na liderança e
o conseqüente apoio de parte da
bancada ao governo.
Se Saraiva confirmar a operação
de derrubada, Eunício se enfraquecerá e sofrerá bombardeio do
próprio PMDB.
PT x Aldo
A derrota na Câmara reativou a
articulação do PT para tentar derrubar o ministro Aldo Rebelo da
pasta da Coordenação Política.
Os ataques agora se concentram
menos na pessoa de Aldo e numa
divergência específica dele com o
ministro José Dirceu (Casa Civil)
e mais na avaliação de que o PT
precisa controlar um posto tão estratégico.
Até petistas que defendem Aldo
afirmam que falta ao ministro autoridade para agir sobre a base de
sustentação política do governo
no Congresso.
Os críticos de Aldo no PT afirmam, nos bastidores, que o ministro fez jogo duplo, apostando
também na possibilidade de vitória do dissidente petista Virgílio
Guimarães e, portanto, numa
derrota do petismo oficial.
Virgílio conseguiu o apoio de
parte da base de sustentação do
governo, justamente a fatia que
faltou a Greenhalgh.
No Senado, o PT fez um acordo
com aliados -no caso, o recém-eleito presidente da Casa, Renan
Calheiros (PMDB-AL)- e não
enfrentou problemas.
Ou seja, as dificuldades, na visão
dos aliados do ministro da Coordenação Política, começaram a
explodir na Câmara dos Deputados porque o PT, por problemas
internos, bancou a candidatura
de Greenhalgh sem costurar direito internamente (vide Virgílio), o
que lhe tirou autoridade para cobrar apoio dos aliados.
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