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BRASIL PROFUNDO
Crime ocorreu em Parauapebas; entidade afirma que assentado sofria ameaças por denunciar a ação de grileiros
Sindicalista é morto com 3 tiros no Pará
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
O presidente da Associação do
Assentamento Carlos Fonseca e
ex-presidente do Sindicato de
Trabalhadores Rurais de Parauapebas, no Pará (836 km de Belém), Soares da Costa Filho, 43, foi
assassinado na manhã de ontem
com três tiros - dois na cabeça e
um nas costas.
De acordo com o delegado da
Polícia Civil de Parauapebas,
Marco Antonio Duarte da Fonseca, o sindicalista seguia de moto
numa estrada de terra que dá
acesso ao assentamento Carajás,
por volta de 11h, quando foi abordado por duas pessoas, também
numa motocicleta, que dispararam seis vezes.
A necropsia do corpo foi realizada no IML (Instituto Médico
Legal) de Marabá (498 km de Belém) na tarde de ontem. Os tiros
atingiram a face, a região central
da cabeça e as costas, perto do
pulmão.
O corpo do sindicalista foi levado à noite de volta para Parauapebas, onde será enterrado.
Segundo a polícia, uma testemunha viu os dois pistoleiros fugirem em direção ao centro da cidade. Eles não foram identificados, pois usavam capacetes no
momento da fuga.
O delegado diz que a polícia trabalha inicialmente com a hipótese
de disputa interna na associação e
problemas agrários. De acordo
com Fonseca, o sindicalista era o
responsável pela liberação dos recursos provenientes do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O presidente da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) do Pará, Antonio de Souza Carvalho, diz que, de fato, existia uma briga na associação, mas
não acredita que o crime tenha relação com a disputa política.
Na avaliação do dirigente da Fetagri, o sindicalista sofria ameaças
por ter denunciado a ação de grileiros na região há cinco anos e
julga ser esta a possível causa do
assassinato.
Em janeiro deste ano, emissoras
de TV da região reprisaram um
vídeo no qual o sindicalista acusava e apontava os responsáveis pela venda de lotes da reforma agrária na região rural da cidade. O
presidente da Fetagri afirma que
mais 20 pessoas estão sofrendo
ameaças na cidade.
Segundo a polícia, familiares da
vítima negam que ele estivesse
sendo ameaçado. O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva
Filho, que acompanhava as investigações do assassinato da irmã
Dorothy Stang em Anapu, seguiu
para Parauapebas ontem.
Em Brasília, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse
que a Polícia Federal vai investigar todos os crimes da mesma
forma: identificando e prendendo
os autores e seus mandantes e
apresentando provas consistentes
ao Judiciário.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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