São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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BRASIL PROFUNDO

Crime ocorreu em Parauapebas; entidade afirma que assentado sofria ameaças por denunciar a ação de grileiros

Sindicalista é morto com 3 tiros no Pará

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

O presidente da Associação do Assentamento Carlos Fonseca e ex-presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Parauapebas, no Pará (836 km de Belém), Soares da Costa Filho, 43, foi assassinado na manhã de ontem com três tiros - dois na cabeça e um nas costas.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Parauapebas, Marco Antonio Duarte da Fonseca, o sindicalista seguia de moto numa estrada de terra que dá acesso ao assentamento Carajás, por volta de 11h, quando foi abordado por duas pessoas, também numa motocicleta, que dispararam seis vezes.
A necropsia do corpo foi realizada no IML (Instituto Médico Legal) de Marabá (498 km de Belém) na tarde de ontem. Os tiros atingiram a face, a região central da cabeça e as costas, perto do pulmão.
O corpo do sindicalista foi levado à noite de volta para Parauapebas, onde será enterrado.
Segundo a polícia, uma testemunha viu os dois pistoleiros fugirem em direção ao centro da cidade. Eles não foram identificados, pois usavam capacetes no momento da fuga.
O delegado diz que a polícia trabalha inicialmente com a hipótese de disputa interna na associação e problemas agrários. De acordo com Fonseca, o sindicalista era o responsável pela liberação dos recursos provenientes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O presidente da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) do Pará, Antonio de Souza Carvalho, diz que, de fato, existia uma briga na associação, mas não acredita que o crime tenha relação com a disputa política.
Na avaliação do dirigente da Fetagri, o sindicalista sofria ameaças por ter denunciado a ação de grileiros na região há cinco anos e julga ser esta a possível causa do assassinato.
Em janeiro deste ano, emissoras de TV da região reprisaram um vídeo no qual o sindicalista acusava e apontava os responsáveis pela venda de lotes da reforma agrária na região rural da cidade. O presidente da Fetagri afirma que mais 20 pessoas estão sofrendo ameaças na cidade.
Segundo a polícia, familiares da vítima negam que ele estivesse sendo ameaçado. O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, que acompanhava as investigações do assassinato da irmã Dorothy Stang em Anapu, seguiu para Parauapebas ontem.
Em Brasília, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que a Polícia Federal vai investigar todos os crimes da mesma forma: identificando e prendendo os autores e seus mandantes e apresentando provas consistentes ao Judiciário.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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