São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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Cadeia tinha muitos presos e nenhuma luz

DA REDAÇÃO

"A Justiça manda soltar o rapaz de 120 quilos, preso no Centro de Detenção Provisória de Araraquara. Agentes penitenciários tremem. Como a porta da cadeia está selada à solda desde a rebelião do dia 16 de junho, eles já sabem: o único jeito de tirá-lo de lá é pelo teto, içando-o por mais de quatro metros até uma grade."
Começava assim o texto das repórteres Laura Capriglione e Marlene Bergamo sobre o horror vivido pelos presos em Araraquara.
A reportagem continuava relatando a rotina da penitenciária. "A alimentação é jogada por cima, todos os dias às 11h e às 17h, pela mesma grade por onde saiu o preso gordinho. Banheiros há 13, ou 123 aparelhos excretores para cada privada. A saída é defecar em sacos plásticos, que são empilhados em um canto do local. Não há luz."
Na opinião de Capriglione, a penitenciária de Araraquara constituía "um paradigma da crise carcerária que era pretexto dos ataques do PCC", iniciados em maio.
A repórter explica que seu relato não foi um "furo", como se chama no jargão jornalístico a reportagem inédita e exclusiva de um veículo. A imprensa já relatara, em pequenas notas, a situação vivida pelos presos. O mérito foi enxergar ali material para bem mais do que uma nota.
Um dos destaques da reportagem é a revelação de que o cirurgião plástico Hosmany Ramos, preso por homicídio, roubo, tráfico e contrabando, teve de voltar a exercer a profissão quando o médico da prisão se recusou a entrar para atender feridos.
Menos de uma semana após a publicação da reportagem, o corregedor-geral do Tribunal de Justiça de São Paulo, Gilberto de Passos Freitas, ordenou que a penitenciária fosse esvaziada. Em 20 de setembro, os últimos presos foram transferidos.


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