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Governistas tomam dois terços da CPI dos Cartões
Oposição aponta que será difícil investigar e tenta indicar relator ou presidente
Com essa composição,
opositores, que falam em
restringir CPI ao Senado,
correm risco de não obter
aprovação de requerimento
MARIA CLARA CABRAL
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além de ficar com os postos
de comando na CPI mista dos
cartões corporativos, a base
aliada ao governo terá dois terços dos membros da comissão.
Das 24 vagas, 16 caberão a deputados e senadores governistas. Os números são definidos
segundo a proporção das bancadas na Câmara e no Senado
A oposição acredita que, assim, será difícil investigar a
fundo o uso irregular dos cartões. Por isso ainda trabalha para indicar o relator ou o presidente. Caso o governo não ceda
um dos postos, DEM e PSDB
prometem criar uma CPI só do
Senado, onde a correlação de
forças é mais parecida.
Na Câmara, das 12 vagas, 9 ficarão com aliados, sendo duas
para PMDB e PT cada um e
uma para PP e PR, além de mais
duas vagas para o chamado
"bloquinho" (PSB/PDT/PC do
B/PMN/PRB). A outra cabe ao
PV, que apesar de ser originalmente da base, ameaça mudar
de lado por questões relacionadas ao desmatamento.
No Senado, a definição oficial
da composição da CPI será feita
em reunião de líderes na semana que vem. Geralmente, as vagas são definidas por acordo levando-se em conta o critério da
proporcionalidade. Com base
nesse critério, porém, 7 das 12
vagas deverão ficar com a base,
sendo duas para o PMDB, três
para o bloco formado por PT,
PR, PRB, PSB, PC do B, uma para PTB e outra para PDT.
Para que qualquer requerimento seja aprovado ou rejeitado, seja ele de convocação de
depoentes ou de quebra de sigilos fiscal, bancário ou telefônico, é preciso apenas a maioria
simples dos membros de uma
CPI. Por isso a oposição deseja
um posto de comando para
conseguir investigar.
Após indicarem Neuto de
Conto (PMDB-SC) e Luiz Sérgio (PT-RJ) para presidência e
relatoria, respectivamente, a
base nega que fará uma investigação "chapa-branca" e diz que
está só cumprindo o regimento.
Para rebater a oposição, a liderança do PT distribuiu um
levantamento das CPIs na gestão Fernando Henrique Cardoso que mostra que quase todas
as investigações da época foram comandadas pela base.
Segundo o líder do DEM no
Senado, José Agripino Maia
(RN), esse argumento não pode
ser considerado, já que naquela
situação a oposição era menor
que atualmente. "Juntos, DEM
e PSDB têm a maior bancada
no Senado", disse.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
diz achar difícil que o PMDB e o
PT cedam uma das vagas. "Está
cada vez mais complicado."
"Se o governo impedir que a
CPI mista cumpra seu papel,
tudo é possível, inclusive a criação de uma CPI no Senado",
disse o presidente do PSDB, o
senador Sérgio Guerra.
Segundo o presidente do
Congresso, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), a sessão de
leitura do requerimento de instalação da CPI deve acontecer
na quarta. Até lá, os parlamentares podem retirar seus nomes
do documento, protocolado
com 28 assinaturas de senadores e 189 de deputados.
Colaborou a Reportagem Local
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