São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governistas tomam dois terços da CPI dos Cartões

Oposição aponta que será difícil investigar e tenta indicar relator ou presidente

Com essa composição, opositores, que falam em restringir CPI ao Senado, correm risco de não obter aprovação de requerimento

MARIA CLARA CABRAL
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de ficar com os postos de comando na CPI mista dos cartões corporativos, a base aliada ao governo terá dois terços dos membros da comissão. Das 24 vagas, 16 caberão a deputados e senadores governistas. Os números são definidos segundo a proporção das bancadas na Câmara e no Senado
A oposição acredita que, assim, será difícil investigar a fundo o uso irregular dos cartões. Por isso ainda trabalha para indicar o relator ou o presidente. Caso o governo não ceda um dos postos, DEM e PSDB prometem criar uma CPI só do Senado, onde a correlação de forças é mais parecida.
Na Câmara, das 12 vagas, 9 ficarão com aliados, sendo duas para PMDB e PT cada um e uma para PP e PR, além de mais duas vagas para o chamado "bloquinho" (PSB/PDT/PC do B/PMN/PRB). A outra cabe ao PV, que apesar de ser originalmente da base, ameaça mudar de lado por questões relacionadas ao desmatamento.
No Senado, a definição oficial da composição da CPI será feita em reunião de líderes na semana que vem. Geralmente, as vagas são definidas por acordo levando-se em conta o critério da proporcionalidade. Com base nesse critério, porém, 7 das 12 vagas deverão ficar com a base, sendo duas para o PMDB, três para o bloco formado por PT, PR, PRB, PSB, PC do B, uma para PTB e outra para PDT.
Para que qualquer requerimento seja aprovado ou rejeitado, seja ele de convocação de depoentes ou de quebra de sigilos fiscal, bancário ou telefônico, é preciso apenas a maioria simples dos membros de uma CPI. Por isso a oposição deseja um posto de comando para conseguir investigar.
Após indicarem Neuto de Conto (PMDB-SC) e Luiz Sérgio (PT-RJ) para presidência e relatoria, respectivamente, a base nega que fará uma investigação "chapa-branca" e diz que está só cumprindo o regimento.
Para rebater a oposição, a liderança do PT distribuiu um levantamento das CPIs na gestão Fernando Henrique Cardoso que mostra que quase todas as investigações da época foram comandadas pela base.
Segundo o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), esse argumento não pode ser considerado, já que naquela situação a oposição era menor que atualmente. "Juntos, DEM e PSDB têm a maior bancada no Senado", disse.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), diz achar difícil que o PMDB e o PT cedam uma das vagas. "Está cada vez mais complicado."
"Se o governo impedir que a CPI mista cumpra seu papel, tudo é possível, inclusive a criação de uma CPI no Senado", disse o presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra.
Segundo o presidente do Congresso, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), a sessão de leitura do requerimento de instalação da CPI deve acontecer na quarta. Até lá, os parlamentares podem retirar seus nomes do documento, protocolado com 28 assinaturas de senadores e 189 de deputados.


Colaborou a Reportagem Local


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Dilma defende uso, mas com mais fiscalização
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.