São Paulo, segunda, 16 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT
Comissão se divide entre advertir e expulsar Paulo de Tarso Venceslau; Lula elogia ação do PFL no caso da reeleição
Empate adia decisão sobre economista

LUIZ MAKLOUF CARVALHO
especial para a Folha

Terminou empatada a votação da comissão de ética do PT que analisa o comportamento do economista Paulo de Tarso Venceslau, filiado ao partido.
Venceslau é o autor de denúncias de favorecimento pelo partido à empresa de consultoria Cpem, envolvendo o pré-candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e o advogado Roberto Teixeira, compadre e dono da casa onde mora o petista.
Dos 4 integrantes da comissão que compareceram à reunião ontem -houve uma ausência-, 2 defenderam a expulsão, e 2, a pena de advertência.
A Folha apurou que a solução do impasse caminhava para a confecção de dois relatórios em separado, cada um defendendo uma proposta. O parecer (ou pareceres) da comissão será discutido e avaliado na próxima reunião do Diretório Nacional do PT, marcada para a segunda quinzena de março.
Depoimento
Em depoimento prestado na comissão de ética que analisa o comportamento de Venceslau, Lula acusou a executiva do partido de ter aprovado "sem ler" o relatório da Comissão Especial de Investigação que analisou o caso -composta pelo deputado federal Hélio Bicudo (SP), pelo economista Paul Singer e pelo vereador José Eduardo Martins Cardozo.
Nesse depoimento -prestado em novembro de 97 e ao qual a Folha teve acesso-, o presidenciável petista elogiou o procedimento do PFL no caso dos parlamentares envolvidos na compra de votos em favor da emenda da reeleição (liminarmente expulsos do partido). Afirmou que "democracia é democracia, mas tem hora".
Declarou ainda que, se tivesse dependido dele, Venceslau "teria sido expulso do partido quando entregou aquela carta" (de março de 95, na qual o economista pedia a apuração das denúncias envolvendo a Cpem). "Nós, do PT, precisamos parar de ser covardes", disse Lula.
Transcrição
O depoimento do petista na comissão foi gravado, como todos os demais, e transcrito literalmente nos autos do processo que avalia o comportamento de Venceslau.
Lula manteve a posição de negar as acusações do economista, como fizera no depoimento prestado na comissão de investigação formada por Bicudo, Singer e Cardozo.
A Folha procurou Lula, para que comentasse o teor do depoimento, mas não conseguiu encontrá-lo.
Fez, então, um contato telefônico com o secretário nacional de Organização do PT, Joaquim Soriano, informando-o sobre a reportagem. "Não conheço o depoimento e não vou comentar", disse ele.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.