São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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LEGISLATIVO PAULISTA

Contrariado, Alckmin recebe hoje só os 46 deputados fiéis e já teme deixar governo na mão do PFL

Governador sofre revés para disputa de 2006

CATIA SEABRA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Especialmente contrariado com o PFL, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, recebe hoje apenas os 46 deputados que o apoiaram ontem na eleição para a presidência da Assembléia.
O gesto sinaliza para novos rumos na reforma de seu secretariado. Em alta, PL e PP. Em baixa, os dissidentes PSB, PDT e PV. Alckmin, porém, não quis se manifestar, pediu aos tucanos "prudência" em suas declarações e limitou-se a um "bola para frente".
Não é à toa. Além de seu governo passar por um momento delicado - com crise na Febem e a debilidade financeira na Cesp - sua candidatura à Presidência também sofreu um revés. Ele perdeu a aura de vitorioso e está numa situação delicada: se concorrer, entregará o Estado ao PFL.
E, segundo tucanos, a eleição de ontem minou a confiança de Alckmin no PFL. Há, entre seus aliados, quem admita até a hipótese de ele não concorrer nas eleições de 2006 para impedir que o partido assuma o controle do Estado por um semestre.
A recomendação, por ora, é esperar e avaliar qual foi o papel do PFL na derrota do candidato tucano para o deputado Rodrigo Garcia, que teve o apoio da oposição ao governo estadual.
Para o deputado Vanderlei Macris, a eleição de ontem deixou uma "fissura" na relação PSDB-PFL, que era o alicerce de Alckmin na disputa em 2006 rumo à Presidência da República.
O vice de Alckmin, Cláudio Lembo, e o vice do prefeito José Serra (PSDB), Gilberto Kassab, são do PFL e disseram que reprovavam a candidatura de Garcia. Mas o comando nacional do PFL recusou-se a interferir.
O presidente do Diretório Estadual do PSDB, deputado Antônio Carlos Pannunzio, disse considerar a situação "constrangedora", já que Garcia havia apoiado a candidatura de Edson Aparecido.
"O deputado Rodrigo Garcia tinha empenhado a palavra dele a favor de Edson Aparecido. E a própria liderança do PFL achava que a candidatura dele era uma aventura. Não sei como a situação vai ficar, mas, em política, tudo se discute. A nossa derrota não é a queda do Império Romano, mesmo porque Garcia é de um partido aliado", afirmou Pannunzio.

"Vitória bonita"
O vice-governador Cláudio Lembo disse ontem que não apoiou Rodrigo Garcia, mas que reconhece que a vitória do deputado foi "bonita". "Rodrigo Garcia lutou, foi um vitorioso com mérito e tem o meu respeito."
Sobre a falta do apoio prometido pelo PFL ao candidato de Alckmin, Lembo afirmou ser o presidente do partido, não o "dono".
O futuro da relação PSDB e PFL, segundo Lembo, será discutido com a bancada paulista do PFL quando "as emoções e as alegrias passarem". "Eu, como vice, continuo solidário ao governador."


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