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LEGISLATIVO PAULISTA
Contrariado, Alckmin recebe hoje só os 46 deputados fiéis e já teme deixar governo na mão do PFL
Governador sofre revés para disputa de 2006
CATIA SEABRA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialmente contrariado com
o PFL, o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, recebe hoje
apenas os 46 deputados que o
apoiaram ontem na eleição para a
presidência da Assembléia.
O gesto sinaliza para novos rumos na reforma de seu secretariado. Em alta, PL e PP. Em baixa, os
dissidentes PSB, PDT e PV. Alckmin, porém, não quis se manifestar, pediu aos tucanos "prudência" em suas declarações e limitou-se a um "bola para frente".
Não é à toa. Além de seu governo passar por um momento delicado - com crise na Febem e a
debilidade financeira na Cesp -
sua candidatura à Presidência
também sofreu um revés. Ele perdeu a aura de vitorioso e está numa situação delicada: se concorrer, entregará o Estado ao PFL.
E, segundo tucanos, a eleição de
ontem minou a confiança de
Alckmin no PFL. Há, entre seus
aliados, quem admita até a hipótese de ele não concorrer nas eleições de 2006 para impedir que o
partido assuma o controle do Estado por um semestre.
A recomendação, por ora, é esperar e avaliar qual foi o papel do
PFL na derrota do candidato tucano para o deputado Rodrigo
Garcia, que teve o apoio da oposição ao governo estadual.
Para o deputado Vanderlei Macris, a eleição de ontem deixou
uma "fissura" na relação PSDB-PFL, que era o alicerce de Alckmin na disputa em 2006 rumo à
Presidência da República.
O vice de Alckmin, Cláudio
Lembo, e o vice do prefeito José
Serra (PSDB), Gilberto Kassab,
são do PFL e disseram que reprovavam a candidatura de Garcia.
Mas o comando nacional do PFL
recusou-se a interferir.
O presidente do Diretório Estadual do PSDB, deputado Antônio
Carlos Pannunzio, disse considerar a situação "constrangedora",
já que Garcia havia apoiado a candidatura de Edson Aparecido.
"O deputado Rodrigo Garcia tinha empenhado a palavra dele a
favor de Edson Aparecido. E a
própria liderança do PFL achava
que a candidatura dele era uma
aventura. Não sei como a situação
vai ficar, mas, em política, tudo se
discute. A nossa derrota não é a
queda do Império Romano, mesmo porque Garcia é de um partido aliado", afirmou Pannunzio.
"Vitória bonita"
O vice-governador Cláudio
Lembo disse ontem que não
apoiou Rodrigo Garcia, mas que
reconhece que a vitória do deputado foi "bonita". "Rodrigo Garcia lutou, foi um vitorioso com
mérito e tem o meu respeito."
Sobre a falta do apoio prometido pelo PFL ao candidato de Alckmin, Lembo afirmou ser o presidente do partido, não o "dono".
O futuro da relação PSDB e PFL,
segundo Lembo, será discutido
com a bancada paulista do PFL
quando "as emoções e as alegrias
passarem". "Eu, como vice, continuo solidário ao governador."
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