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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Tucano diz que governo é "omisso" em relação a invasões promovidas pelo MST
Lula ironiza a escolha do PSDB, mas afirma que governador é competente
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Alckmin inicia campanha com defesa da religião e da família
DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
DO ENVIADO A ITABAIANA E ARACAJU
O primeiro dia de Geraldo
Alckmin como candidato do
PSDB à Presidência começou
com a defesa da família, da religião e da tradição e passou por
ataques ao MST e ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Em Sergipe, Lula evitou criticar o adversário. Disse que o governador é
"competente" e destacou ter uma
boa relação com ele: deu até parabéns ao PSDB pela escolha. Questionado se Alckmin seria um adversário difícil, ironizou: "Eu acho
que ele foi um adversário muito
difícil para o [José] Serra". Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, Lula venceria Alckmin já no
primeiro turno, com vantagem de
24 pontos percentuais (43 a 19).
Pela manhã, o governador, que
é católico praticante, disse que "a
pátria são as famílias, a religião, os
costumes, a tradição". Ele se dirigia a uma platéia de empresários,
na abertura do 10º Congresso
Mundial de Jovens Empreendedores, em São Paulo. Questionado se suas declarações são um sinal de que estaria mais inclinado
para a direita, Alckmin retrucou:
"Quem apostar que eu sou de direita ou de centro vai errar. Eu sou
o candidato da mudança".
E o governador deu indicações
de quais seriam essas mudanças.
Falando a uma platéia de empresários, Alckmin disse que "governo não gera emprego, quem gera
emprego é a iniciativa privada" e
que "o governo apenas cria condições para que a atividade empreendedora floresça". Antes do
discurso, recebeu o apoio de Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação Comercial de
São Paulo e um dos nomes cogitados pelo PFL ao governo estadual.
À tarde, ao participar de inauguração de uma obra em Campinas, Alckmin criticou o governo
Lula: "Vejo com preocupação [as
invasões] porque o país precisa de
estabilidade e de segurança para
novos investimentos. O governo é
lerdo na reforma agrária e é omisso nessas invasões de propriedade", disse o governador ao lançar
obras na rodovia Anhangüera.
Em Aracaju (SE), Lula também
se referiu ao MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), mas citando a organização
como possível aliada nas próximas eleições. Pela manhã, em Itabaiana (SE), Lula já insinuado
uma aliança: "Saio daqui com o
prazer de ter encontrado os companheiros do movimento social,
do Movimento Sem Terra, que a
gente não nega que, em muitos
anos de batalhas, muitas vezes
nós temos pontos de vista diferentes, mas nas nossas divergências a gente sabe diferenciar quem
é o adversário comum, quem é
que nós queremos vencer e o que
nós queremos construir".
Ao falar de Alckmin, Lula elogiou o governador: "Eu tenho um
profundo respeito pelo Alckmin,
tenho uma relação de amizade
boa, temos uma convivência democrática. Eu acho que ele é um
candidato à altura para disputar a
Presidência da República". Lula
disse porém que ele, como nordestino, tem mais condições de
"arrumar" o Nordeste: "Eu tenho
consciência que, como nordestino, ou nós arrumamos o Nordeste ou outras pessoas não vão querer arrumar o Nordeste".
Indagado sobre sua opinião
acerca da escolha de Alckmin, Lula disse: "Eu não achei nada. Veja,
eu tenho uma boa relação com o
Alckmin e durante muito tempo...
Veja, isso é uma decisão do PSDB
e eu só quero dar os parabéns".
Ontem, o governador de Minas,
Aécio Neves, afirmou que seria
"falsear a verdade" dizer que o
prefeito de São Paulo, José Serra,
está feliz, mas rechaçou a idéia de
que o PSDB está dividido: "Obviamente, ele [Serra] deve estar vivendo um momento de alguma
angústia. Mas o seu espírito público, a sua racionalidade, prevalecerão."
(LEANDRO BEGUOCI, MAURÍCIO SIMIONATO e EDUARDO SCOLESE)
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