São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA


Tucano diz que governo é "omisso" em relação a invasões promovidas pelo MST

Lula ironiza a escolha do PSDB, mas afirma que governador é competente



Alckmin inicia campanha com defesa da religião e da família

DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
DO ENVIADO A ITABAIANA E ARACAJU

O primeiro dia de Geraldo Alckmin como candidato do PSDB à Presidência começou com a defesa da família, da religião e da tradição e passou por ataques ao MST e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em Sergipe, Lula evitou criticar o adversário. Disse que o governador é "competente" e destacou ter uma boa relação com ele: deu até parabéns ao PSDB pela escolha. Questionado se Alckmin seria um adversário difícil, ironizou: "Eu acho que ele foi um adversário muito difícil para o [José] Serra". Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, Lula venceria Alckmin já no primeiro turno, com vantagem de 24 pontos percentuais (43 a 19).
Pela manhã, o governador, que é católico praticante, disse que "a pátria são as famílias, a religião, os costumes, a tradição". Ele se dirigia a uma platéia de empresários, na abertura do 10º Congresso Mundial de Jovens Empreendedores, em São Paulo. Questionado se suas declarações são um sinal de que estaria mais inclinado para a direita, Alckmin retrucou: "Quem apostar que eu sou de direita ou de centro vai errar. Eu sou o candidato da mudança".
E o governador deu indicações de quais seriam essas mudanças. Falando a uma platéia de empresários, Alckmin disse que "governo não gera emprego, quem gera emprego é a iniciativa privada" e que "o governo apenas cria condições para que a atividade empreendedora floresça". Antes do discurso, recebeu o apoio de Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação Comercial de São Paulo e um dos nomes cogitados pelo PFL ao governo estadual.
À tarde, ao participar de inauguração de uma obra em Campinas, Alckmin criticou o governo Lula: "Vejo com preocupação [as invasões] porque o país precisa de estabilidade e de segurança para novos investimentos. O governo é lerdo na reforma agrária e é omisso nessas invasões de propriedade", disse o governador ao lançar obras na rodovia Anhangüera.
Em Aracaju (SE), Lula também se referiu ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), mas citando a organização como possível aliada nas próximas eleições. Pela manhã, em Itabaiana (SE), Lula já insinuado uma aliança: "Saio daqui com o prazer de ter encontrado os companheiros do movimento social, do Movimento Sem Terra, que a gente não nega que, em muitos anos de batalhas, muitas vezes nós temos pontos de vista diferentes, mas nas nossas divergências a gente sabe diferenciar quem é o adversário comum, quem é que nós queremos vencer e o que nós queremos construir".
Ao falar de Alckmin, Lula elogiou o governador: "Eu tenho um profundo respeito pelo Alckmin, tenho uma relação de amizade boa, temos uma convivência democrática. Eu acho que ele é um candidato à altura para disputar a Presidência da República". Lula disse porém que ele, como nordestino, tem mais condições de "arrumar" o Nordeste: "Eu tenho consciência que, como nordestino, ou nós arrumamos o Nordeste ou outras pessoas não vão querer arrumar o Nordeste".
Indagado sobre sua opinião acerca da escolha de Alckmin, Lula disse: "Eu não achei nada. Veja, eu tenho uma boa relação com o Alckmin e durante muito tempo... Veja, isso é uma decisão do PSDB e eu só quero dar os parabéns".
Ontem, o governador de Minas, Aécio Neves, afirmou que seria "falsear a verdade" dizer que o prefeito de São Paulo, José Serra, está feliz, mas rechaçou a idéia de que o PSDB está dividido: "Obviamente, ele [Serra] deve estar vivendo um momento de alguma angústia. Mas o seu espírito público, a sua racionalidade, prevalecerão." (LEANDRO BEGUOCI, MAURÍCIO SIMIONATO e EDUARDO SCOLESE)


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