São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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análise

Opção por Tarso reforça modo de Lula governar

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao escolher o gaúcho Tarso Genro para ser o seu ministro da Justiça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou mais uma vez seu jeito peculiar de governar: critica em privado seus assessores, dá a entender que não os quer por perto, mas às vezes promove quem ataca.
No final da eleição, quando ficou claro que Lula venceria, Tarso saiu anunciando que a era Palocci acabara.
Ao opinar sobre a crise interna do PT, disse que o partido precisava ser "refundado". Foi atacado por amplos setores da sigla. Lula deixou então vazar frases que dizia em privado. "O Tarso às vezes só atrapalha" e "não sei aonde vou colocá-lo" foram algumas declarações atribuídas ao presidente. Tarso se resignava e não reagia.
Outro item também deve ser mencionado a respeito da nomeação do gaúcho: ele não foi a primeira escolha presidencial e essa informação vazou fartamente para a mídia.
Lula desejava o ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence no cargo. No passado, o nome de Sepúlveda havia sido cogitado como possível candidato a vice-presidente nas tentativas do petista de chegar ao Planalto. Como antes, o juiz não aceitou a empreitada. E Tarso, então, foi escolhido.
Pesou na nomeação de Tarso a relativa pacificação da Polícia Federal sob o comando do titular da Justiça que sai, Márcio Thomaz Bastos. Como se não bastasse, Lula e Bastos seguraram na direção da PF Paulo Lacerda.
A influência direta que Tarso terá sobre a PF será relativizada pelos acertos operacionais firmados entre Lula, Thomaz Bastos e Lacerda.
Obediente e resignado quando repreendido por Lula e limitado para agir na PF, Tarso tornou-se o nome possível para a Justiça. Seu sonho agora é ser nomeado ministro do STF até 2010.


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