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análise
Opção por Tarso reforça modo de Lula governar
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao escolher o gaúcho Tarso Genro para ser o seu ministro da Justiça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
reafirmou mais uma vez seu
jeito peculiar de governar:
critica em privado seus assessores, dá a entender que
não os quer por perto, mas às
vezes promove quem ataca.
No final da eleição, quando
ficou claro que Lula venceria, Tarso saiu anunciando
que a era Palocci acabara.
Ao opinar sobre a crise interna do PT, disse que o partido precisava ser "refundado". Foi atacado por amplos
setores da sigla. Lula deixou
então vazar frases que dizia
em privado. "O Tarso às vezes só atrapalha" e "não sei
aonde vou colocá-lo" foram
algumas declarações atribuídas ao presidente. Tarso se
resignava e não reagia.
Outro item também deve
ser mencionado a respeito da
nomeação do gaúcho: ele não
foi a primeira escolha presidencial e essa informação vazou fartamente para a mídia.
Lula desejava o ministro
do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence no
cargo. No passado, o nome de
Sepúlveda havia sido cogitado como possível candidato a
vice-presidente nas tentativas do petista de chegar ao
Planalto. Como antes, o juiz
não aceitou a empreitada. E
Tarso, então, foi escolhido.
Pesou na nomeação de
Tarso a relativa pacificação
da Polícia Federal sob o comando do titular da Justiça
que sai, Márcio Thomaz Bastos. Como se não bastasse,
Lula e Bastos seguraram na
direção da PF Paulo Lacerda.
A influência direta que
Tarso terá sobre a PF será relativizada pelos acertos operacionais firmados entre Lula, Thomaz Bastos e Lacerda.
Obediente e resignado
quando repreendido por Lula e limitado para agir na PF,
Tarso tornou-se o nome possível para a Justiça. Seu sonho agora é ser nomeado ministro do STF até 2010.
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