São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Oposição busca palanques ao lado de Lula

Pelo país, oposicionistas descumprem posições de seus partidos e participam de lançamentos de obras com presidente

Lideranças do DEM e do PSDB minimizam a atuação de prefeitos, deputados e governadores em ações regionais pró-governo

Fernando Donasci - 13.mar.2008/Folha Imagem
Lula, Serra e Kassab durante cerimônia na última quinta-feira


LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em contraste com o discurso da oposição sustentado sobretudo no Congresso, pelo país afora proliferam exemplos de oposicionistas "subindo no palanque" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sob o pretexto de acompanharem lançamentos de obras e programas voltados a suas regiões de origem, políticos do DEM e do PSDB, por vezes, contrariam posições defendidas por seus comandos nacionais.
Terça-feira passada, por exemplo, na inauguração de barragem no interior do Tocantins, o prefeito de Porto Alegre do Tocantins, Adeljon Nepomuceno de Carvalho (DEM), entre um elogio e outro lançados ao microfone, fez praticamente uma apologia do terceiro mandato do presidente.
O prefeito, em conversa com a Folha, demonstrou o seu "pragmatismo" ao falar sobre a relação com o governo federal. "A gente que está aqui [cerca de 350 km de Palmas] depende das boas ações dos governantes. Nestes momentos, a gente não tem de ver o partido e sim o desempenho de quem está na linha de frente".
No mesmo evento estava a deputada federal Nilmar Ruiz (DEM-TO). A congressista refuta o apoio a Lula. Explica que, no Tocantins, os democratas são aliados do governador Marcelo Miranda (PMDB), e que, portanto, estava no evento ao lado do "meu governador".
"Para os prefeitos, de forma geral, a parceria com os governos do Estado e o federal é fundamental. Os prefeitos estão longe da política nacional, estão preocupados com questões locais", justifica. Ruiz deve disputar a Prefeitura de Palmas este ano. Na eleição de 2006, o presidente Lula, com quem a deputada dividiu o palanque na terça-feira, obteve 72,3% dos votos na cidade.
Líder do DEM na Câmara, o deputado ACM Neto (BA) nega ruídos na posição do partido no plano federal e nos municípios. "É uma voz isolada [a defesa do prefeito de Porto Alegre do Tocantins], que não fala pelo partido. Prefeitos e governadores têm posição institucional, o que não tem nada a ver com apoio político ou eleitoral". Ele afirma, também, que não há nenhum "enfraquecimento interno" nas posições do partido. "Nossas diretrizes são apoiadas pelas bases", garante.
No ninho tucano, também aparecem contradições. No final de fevereiro, durante lançamento do Territórios da Cidadania no Palácio do Planalto, o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), não só estava presente como discursou, elogiando as ações de Lula.
Dias depois, o partido do governador, aliado ao DEM, entrou com ação na Justiça contra o programa, tachado de "eleitoreiro". O lançamento regional do programa em Quixadá (CE) também teve a presença de prefeitos tucanos.
O presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), não vê problemas na relação. "Relacionamento com o presidente da República não compromete ninguém. Ele é nosso adversário, não nosso inimigo", disse.
Tida como normal pelas cúpulas partidárias, a participação em eventos ao lado de Lula não agrada a todos os oposicionistas. Prefeito do Rio, César Maia (DEM) recentemente recusou convite para subir no palanque de Lula em lançamento de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em três favelas da capital.


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