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Governador interino do DF nomeia 63 por dia
Wilson Lima preencheu 823 cargos em duas semanas; governo diz que mudanças são para imprimir perfil "mais técnico" à equipe
Para acomodar todos os novos indicados, governador teve de dispensar antigos funcionários, criar outros cargos e remanejar vagas
FILIPE COUTINHO
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em 13 dias de trabalho, o governador interino do Distrito
Federal, Wilson Lima (PR), fez
823 nomeações de cargos comissionados. São, em média, 63
contratações sem concurso por
dia, mais de duas por hora.
Ontem, ele promoveu uma
dança das cadeiras na Polícia
Civil, trocando o comando de
30 delegacias.
O governador já preencheu
nas últimas duas semanas 10%
da cota de servidores de confiança mantidos no governo de
José Roberto Arruda (sem partido) antes da crise.
Para conseguir acomodar os
mais de 800 recém-nomeados
em funções de chefia, assessoramento e direção, ele teve de
dispensar antigos funcionários
e criar pelo menos 60 cargos.
Desde que Lima assumiu, a
Folha contabilizou 750 demissões -resultando na extinção
de 201 cargos. Outros 117 funcionários pediram para sair.
Por meio de assessoria, o governo disse que as mudanças
foram feitas para imprimir "um
perfil mais técnico à equipe".
As exonerações, no entanto,
não serviram apenas para dar
lugar aos novos comissionados
ou enxugar a máquina estatal.
Em 155 casos -20% do total-
as demissões foram maquiadas:
os exonerados foram remanejados para outros postos.
É o caso da vice-governadoria que, com a renúncia do vice-governador Paulo Octávio (sem
partido), teve 46 funcionários
redistribuídos em outras pastas e somente 28 afastados.
Nos primeiros dias de governo, Wilson Lima anunciou medidas moralizadoras como forma de tentar esfriar a crise e garantir a governabilidade. O interino demitiu os próprios familiares com cargos comissionados e exonerou envolvidos
no mensalão do DEM.
Intervenção
Os atos de Wilson Lima publicados no "Diário Oficial",
contudo, revelam mais que a
demissão de suspeitos de corrupção. Para afastar o fantasma
da intervenção federal no DF,
ele promove uma intensa reestruturação do governo.
Lima desmembrou órgãos,
criou uma secretaria e realocou
funcionários ligados a seus
principais aliados, como Paulo
Octávio, com quem tem mantido contatos frequentes. Na prática, cargos foram extintos e
outros, recriados, alguns com
salários diferentes.
Antes da crise, o governo de
José Roberto Arruda -preso
sob acusação de tentar subornar uma testemunha do mensalão do DEM- tinha pelo menos 8.660 comissionados. O governo federal, apesar de ter cinco vezes mais funcionários,
possui 5.560 comissionados.
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