São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2010

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Governador interino do DF nomeia 63 por dia

Wilson Lima preencheu 823 cargos em duas semanas; governo diz que mudanças são para imprimir perfil "mais técnico" à equipe

Para acomodar todos os novos indicados, governador teve de dispensar antigos funcionários, criar outros cargos e remanejar vagas

FILIPE COUTINHO
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em 13 dias de trabalho, o governador interino do Distrito Federal, Wilson Lima (PR), fez 823 nomeações de cargos comissionados. São, em média, 63 contratações sem concurso por dia, mais de duas por hora.
Ontem, ele promoveu uma dança das cadeiras na Polícia Civil, trocando o comando de 30 delegacias.
O governador já preencheu nas últimas duas semanas 10% da cota de servidores de confiança mantidos no governo de José Roberto Arruda (sem partido) antes da crise.
Para conseguir acomodar os mais de 800 recém-nomeados em funções de chefia, assessoramento e direção, ele teve de dispensar antigos funcionários e criar pelo menos 60 cargos.
Desde que Lima assumiu, a Folha contabilizou 750 demissões -resultando na extinção de 201 cargos. Outros 117 funcionários pediram para sair.
Por meio de assessoria, o governo disse que as mudanças foram feitas para imprimir "um perfil mais técnico à equipe".
As exonerações, no entanto, não serviram apenas para dar lugar aos novos comissionados ou enxugar a máquina estatal. Em 155 casos -20% do total- as demissões foram maquiadas: os exonerados foram remanejados para outros postos.
É o caso da vice-governadoria que, com a renúncia do vice-governador Paulo Octávio (sem partido), teve 46 funcionários redistribuídos em outras pastas e somente 28 afastados.
Nos primeiros dias de governo, Wilson Lima anunciou medidas moralizadoras como forma de tentar esfriar a crise e garantir a governabilidade. O interino demitiu os próprios familiares com cargos comissionados e exonerou envolvidos no mensalão do DEM.

Intervenção
Os atos de Wilson Lima publicados no "Diário Oficial", contudo, revelam mais que a demissão de suspeitos de corrupção. Para afastar o fantasma da intervenção federal no DF, ele promove uma intensa reestruturação do governo.
Lima desmembrou órgãos, criou uma secretaria e realocou funcionários ligados a seus principais aliados, como Paulo Octávio, com quem tem mantido contatos frequentes. Na prática, cargos foram extintos e outros, recriados, alguns com salários diferentes.
Antes da crise, o governo de José Roberto Arruda -preso sob acusação de tentar subornar uma testemunha do mensalão do DEM- tinha pelo menos 8.660 comissionados. O governo federal, apesar de ter cinco vezes mais funcionários, possui 5.560 comissionados.


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