São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2010

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PT quer retratação de Ciro e já admite lançar Mercadante

Entrevista de ex-ministro à Folha gera reação dura de petistas, que veem enterrada possibilidade de que ele dispute governo de SP

Para o presidente do PT estadual, deputado, ao dizer que partido é um desastre, pôs fim lamentável a diálogo que envolvia nove siglas

DA REPORTAGEM LOCAL

A construção de uma candidatura do PT ao governo de São Paulo ganhou fôlego ontem, devido à forte reação dos petistas à entrevista do deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes (PSB) à Folha.
Para os petistas, ao atacar o PT-SP de forma explícita, Ciro colocou-se definitivamente fora da disputa no Estado e enterrou a possibilidade de se apresentar como o candidato numa ampla coalizão -de pelo menos nove partidos.
O PT afirmou que manterá o diálogo com o PSB, mas condicionou a continuidade da conversa com Ciro a uma retratação. A candidatura do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo passa a ser tratada, a partir de agora, como a possibilidade mais viável.
"Na prática, infelizmente, o Ciro acaba pondo fim a um processo que poderia ter outro desfecho. A fala dele está fora de sintonia com o que construímos. O PT de SP se unificou, procurou Ciro, ofereceu a possibilidade de ele ser candidato apoiado de forma unificada", disse Edinho Silva, presidente do PT-SP.
À Folha Ciro criticou a "eficiência medíocre do PSDB" e afirmou que o "PT em São Paulo é um desastre". O ex-ministro explicou que não falava de gestões petistas, mas da crise de credibilidade e confiabilidade em razão do envolvimento de membros do PT em escândalos, como o do mensalão.
Em nota assinada por Edinho, o PT-SP diz que "o diálogo só pode ser mantido se existir um esclarecimento público que restabeleça a relação de respeito e confiança".
Tão logo petistas tomaram conhecimento da entrevista, deu-se início a uma reação em cadeia que obrigou Edinho a condenar publicamente as declarações. A Folha apurou que Mercadante foi um dos que exigiram uma resposta dura.
Nos bastidores, o PT faz duas avaliações: ou Ciro decidiu jogar todas as fichas na disputa presidencial ou ainda acredita que o governador José Serra (PSDB-SP) recuará e não será o candidato tucano à sucessão de Lula, o que lhe abriria caminhos para uma aliança com o governador Aécio Neves (PSDB-MG). Para os tucanos, essa hipótese é improvável.
(MALU DELGADO)


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