São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novo ombudsman da Folha começa na terça

Carlos Eduardo Lins da Silva, jornalista e livre-docente pela USP, será o nono profissional a ocupar o cargo, criado em 1989

Jornal deixa de divulgar na internet a crítica interna, usada pela concorrência e instrumentalizada por jornalistas ligados ao Planalto


Eduardo Knapp/Folha Imagem
Carlos Eduardo Lins da Silva, que será o novo ombudsman

DA REDAÇÃO

O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, 55, será o novo ombudsman da Folha. Ele passa a atender os leitores na próxima terça-feira, dia 22 de abril. Sua coluna dominical estréia no dia 27.
"Eu sempre fui um entusiasta da função de ombudsman de jornais e me considero um dos responsáveis por sua implantação no Brasil. Por isso fico muito feliz de exercê-la", afirma.
Lins da Silva diz que pretende utilizar a opinião dos leitores para ajudar o jornal a ser cada dia melhor. "Mas não acho que minha função seja apenas de receptor e transmissor do que pensa o leitor. Espero também apontar direções e mostrar aos leitores problemas e benefícios que eles têm, na relação com o jornal, e muitas vezes nem percebem."
Natural de Santos, Lins da Silva começou na profissão como repórter, aos 18 anos, nos jornais "Diário da Noite" e "Diário de S.Paulo".
Passou por outros jornais e revistas até ser contratado pela Folha, em 1984. No jornal, foi repórter, redator, editor, secretário de Redação, diretor-adjunto de Redação e correspondente em Washington.
Saiu para ajudar a fundar o jornal "Valor Econômico" (parceria entre a Folha e as Organizações Globo), do qual foi diretor-adjunto de 1999 a 2004.
Foi também diretor de relações institucionais da Patri Relações Governamentais & Políticas Públicas. Atualmente, é apresentador do "Roda Viva", da TV Cultura, posto que abandona na próxima segunda.
Ao lado da atividade jornalística, manteve intensa vida acadêmica. É mestre em comunicação pela Michigan State University e doutor e livre-docente em comunicação pela Universidade de São Paulo.
Lecionou em universidades no Brasil e nos EUA e é autor de dez livros, entre eles "Muito Além do Jardim Botânico", sobre a audiência do "Jornal Nacional" entre trabalhadores, "Mil Dias: os Bastidores da Revolução de um Grande Jornal" e "O Adiantado da Hora: A Influência Americana Sobre o Jornalismo Brasileiro".

Crítica interna
Lins da Silva será o nono profissional a ocupar o cargo de ombudsman na Folha. O jornal foi o primeiro a adotar tal função no Brasil, em 1989. Antes dele, Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg, Marcelo Beraba e Mário Magalhães atuaram como representantes dos leitores.
Magalhães exerceu a função por um ano, e seu mandato terminou no dia 4. Ele divergiu da decisão da direção da Folha de não mais divulgar na internet a crítica interna diária que o ombudsman produz sobre o jornal. Por causa do impasse, seu mandato não foi renovado.
Para a Direção, a crítica interna vinha sendo utilizada pela concorrência e instrumentalizada por jornalistas ligados ao governo federal.
Segundo Otavio Frias Filho, diretor de Redação, "era incongruente que a crítica interna fosse de acesso irrestrito, quando as próprias edições da Folha são acessíveis na internet apenas para assinantes".
"Respeito a opinião do ombudsman, que ele expressou amplamente em sua coluna dominical. Cabe ao ombudsman criticar. E à Direção tomar as decisões que considera mais adequadas", diz Frias.
Além de redigir a crítica interna diária, compete ao ombudsman encaminhar à Redação as reclamações dos leitores e criticar o jornal e os demais meios de comunicação na coluna dominical, publicada no caderno Brasil.
Para preservar sua isenção, as sugestões do ombudsman não têm caráter deliberativo. O mandato é de um ano, renovável por mais dois, e o profissional não pode ser demitido por seis meses após deixar o cargo.
A palavra ombudsman surgiu na Suécia, em 1809, para designar o defensor dos cidadãos ameaçados pelo Parlamento. O primeiro ombudsman da imprensa foi instituído em 1967 por um jornal do Estado de Kentucky (EUA).


Texto Anterior: Foco: Destaque em protestos na UnB, francês tem histórico de confrontos em seu país
Próximo Texto: Evento: TV pública é tema de debate amanhã no auditório da Folha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.