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Novo ombudsman da Folha começa na terça
Carlos Eduardo Lins da Silva, jornalista e livre-docente pela USP, será o nono profissional a ocupar o cargo, criado em 1989
Jornal deixa de divulgar na internet a crítica interna, usada pela concorrência e instrumentalizada por jornalistas ligados ao Planalto
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Carlos Eduardo Lins da Silva, que será o novo ombudsman
DA REDAÇÃO
O jornalista Carlos Eduardo
Lins da Silva, 55, será o novo
ombudsman da Folha. Ele passa a atender os leitores na próxima terça-feira, dia 22 de
abril. Sua coluna dominical estréia no dia 27.
"Eu sempre fui um entusiasta da função de ombudsman de
jornais e me considero um dos
responsáveis por sua implantação no Brasil. Por isso fico muito feliz de exercê-la", afirma.
Lins da Silva diz que pretende utilizar a opinião dos leitores para ajudar o jornal a ser
cada dia melhor. "Mas não
acho que minha função seja
apenas de receptor e transmissor do que pensa o leitor. Espero também apontar direções e
mostrar aos leitores problemas
e benefícios que eles têm, na
relação com o jornal, e muitas
vezes nem percebem."
Natural de Santos, Lins da
Silva começou na profissão como repórter, aos 18 anos, nos
jornais "Diário da Noite" e
"Diário de S.Paulo".
Passou por outros jornais e
revistas até ser contratado pela
Folha, em 1984. No jornal, foi
repórter, redator, editor, secretário de Redação, diretor-adjunto de Redação e correspondente em Washington.
Saiu para ajudar a fundar o
jornal "Valor Econômico" (parceria entre a Folha e as Organizações Globo), do qual foi diretor-adjunto de 1999 a 2004.
Foi também diretor de relações institucionais da Patri Relações Governamentais & Políticas Públicas. Atualmente, é
apresentador do "Roda Viva",
da TV Cultura, posto que abandona na próxima segunda.
Ao lado da atividade jornalística, manteve intensa vida acadêmica. É mestre em comunicação pela Michigan State University e doutor e livre-docente
em comunicação pela Universidade de São Paulo.
Lecionou em universidades
no Brasil e nos EUA e é autor
de dez livros, entre eles "Muito
Além do Jardim Botânico", sobre a audiência do "Jornal Nacional" entre trabalhadores,
"Mil Dias: os Bastidores da Revolução de um Grande Jornal"
e "O Adiantado da Hora: A Influência Americana Sobre o
Jornalismo Brasileiro".
Crítica interna
Lins da Silva será o nono profissional a ocupar o cargo de
ombudsman na Folha. O jornal
foi o primeiro a adotar tal função no Brasil, em 1989. Antes
dele, Caio Túlio Costa, Mario
Vitor Santos, Junia Nogueira
de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo
Prete, Bernardo Ajzenberg,
Marcelo Beraba e Mário Magalhães atuaram como representantes dos leitores.
Magalhães exerceu a função
por um ano, e seu mandato terminou no dia 4. Ele divergiu da
decisão da direção da Folha de
não mais divulgar na internet a
crítica interna diária que o ombudsman produz sobre o jornal. Por causa do impasse, seu
mandato não foi renovado.
Para a Direção, a crítica interna vinha sendo utilizada pela concorrência e instrumentalizada por jornalistas ligados ao
governo federal.
Segundo Otavio Frias Filho,
diretor de Redação, "era incongruente que a crítica interna
fosse de acesso irrestrito,
quando as próprias edições da
Folha são acessíveis na internet apenas para assinantes".
"Respeito a opinião do ombudsman, que ele expressou
amplamente em sua coluna dominical. Cabe ao ombudsman
criticar. E à Direção tomar as
decisões que considera mais
adequadas", diz Frias.
Além de redigir a crítica interna diária, compete ao ombudsman encaminhar à Redação as reclamações dos leitores
e criticar o jornal e os demais
meios de comunicação na coluna dominical, publicada no caderno Brasil.
Para preservar sua isenção,
as sugestões do ombudsman
não têm caráter deliberativo. O
mandato é de um ano, renovável por mais dois, e o profissional não pode ser demitido por
seis meses após deixar o cargo.
A palavra ombudsman surgiu na Suécia, em 1809, para
designar o defensor dos cidadãos ameaçados pelo Parlamento. O primeiro ombudsman da imprensa foi instituído
em 1967 por um jornal do Estado de Kentucky (EUA).
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