São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Quarteto negociador

Diante da demora da indústria em reagir à crise, Lula criou um grupo de ministros que vai se reunir com empresários e trabalhadores a cada sinal de dificuldade maior num setor específico. Luiz Dulci (Secretaria Geral) será o coordenador da equipe, integrada também por Guido Mantega (Fazenda), Carlos Lupi (Trabalho) e Miguel Jorge (Desenvolvimento).
O próximo socorro será para o setor frigorífico, que amarga queda de exportações e dificuldade de financiamento. Os empresários pediram R$ 280 mi para a cadeia do frango e R$ 1,6 bi para a da carne bovina. O governo ainda não bateu o martelo das cifras, mas concordou com a abertura de novas linhas de crédito.




Frota. O governo deu sinal verde à discussão sobre redução de IPI para maquinário agrícola, tratores, ônibus e caminhões. Jorge Gerdau levou ao Planalto estudo segundo o qual a medida alavancaria a indústria siderúrgica. Já um pedido similar do setor de borracha foi recusado.

Gaveta. As centrais sindicais conseguiram obter de Lula o arquivamento de portaria que seria editada pelo Ministério do Desenvolvimento autorizando a importação de máquinas usadas.

Meio cheio. A Força Sindical informou a Lula que 20 de 30 empresas que tinham fechado acordos com sindicatos ligados à central para redução de jornada e de salário já voltaram à produção normal. "A CUT também fez esses acordos, mas não divulgou", disse Paulinho da Força diante do presidente cutista, Artur Henrique, e de Lula

Arraial 1. Além de usar ONG ligada ao PT para transferir verba de patrocínio às festas de São João na Bahia, a Petrobras se valeu da Fundação Cultural Cidade de Aracaju para repassar R$ 350 mil ao "Forró Caju", parte dos festejos juninos em Sergipe.

Arraial 2. No restante do Estado de Sergipe, foram transferidos R$ 1,3 milhão para o São João, montante todo repassado para a empresa organizadora dos festejos: a Beija-Flor Produções Artísticas.

Muy amigo. Entre outros embaraços criados para Paulo Skaf, a Operação Castelo de Areia ajudou a queimar o filme do presidente da Fiesp no Palácio do Planalto. Ali se comenta que a investigação da PF revelou um padrão: em 2008, a federação só se mobilizou para levantar recursos para candidatos da oposição.

Ilha Fiscal. Um seleto grupo de cardeais da Câmara se reuniu para um encontro sigiloso, para o qual não foram convidados vários líderes e membros da Mesa. O assunto foi a necessidade de fixar uma pauta para a Casa. Nenhuma proposta foi feita, no entanto, para adotar medidas administrativas que regulamentem o uso da verba indenizatória e das cotas dos parlamentares.

Tautologia. Diante da proposta de estabelecer quem poderia ser beneficiário da cota de passagens, os deputados se mostraram constrangidos em dizer textualmente que cônjuges e dependentes podem utilizá-las, embora isso já seja feito. O próprio presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), previu "dificuldade" em defender a medida.

Tempo ao tempo. Já no baixo clero, excluído do encontro dos cardeais, está disseminada a crença de que o melhor a fazer é esperar baixar a poeira das denúncias e manter tudo como está. "A cada mudança de Mesa é essa agitação. Depois passa", vaticina um deputado do PR.

Quinhão. Relator da medida provisória do pacote habitacional, Henrique Alves (PMDB-RN) tenta convencer Dilma Rousseff (Casa Civil) e a equipe econômica a fixar em 10% os recursos do programa que irão para municípios com menos de 50 mil habitantes. Dilma se mostrou receptiva.

Quem diria. De um ministro do STF: "É irônico que Protógenes Queiroz e Paulo Lacerda tenham recorrido a um habeas corpus concedido pelo "tribunal dos ricos" para garantir o direito de não responder as perguntas da CPI dos Grampos".

Tiroteio

"Só cabe uma conclusão: a troca de comando ocorreu porque o BB é o banco do João, do José, do Luiz Inácio, do Guido e da Dilma."

Do deputado LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS (PSDB-ES), presidente do Instituto Teotônio Vilela, refutando, a partir de estudo comparativo das taxas de juros praticadas por diversos bancos, a ideia de que o presidente do BB caiu por resistir à orientação de Lula para reduzir o spread.

Contraponto

Sambalelê

O ministro dos Esportes, Orlando Silva, frequenta uma roda de samba que acontece nas noites de terça num restaurante de Brasília. Sempre que pode, marca presença depois do expediente.
Recentemente, ao final de reunião com Lula, ele aproveitou para elogiar a qualidade dos músicos e consultar o chefe sobre sua atividade "extracurricular".
-Presidente, o senhor vê algum problema no fato de eu dar uma passadinha no samba de vez em quando?
Lula foi franco com o jovem auxiliar:
-Nenhum. Se eu tivesse a sua idade, iria com você!

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO


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