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Software usado por Obama classificará militância pró-Dilma
PT quer cadastrar e hierarquizar ativistas na web e espera contar com cerca de 200 mil deles para a campanha na rede
Empresa contratada pelo partido para campanha na internet tem assessoria de especialistas que fizeram parte da equipe de Obama
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A operação do PT na internet
a favor de Dilma Rousseff começou nesta semana com o recadastramento de milhares de
filiados ao partido em todo o
Brasil. Quando o banco de dados estiver pronto, a expectativa é contar com até 200 mil ativistas trabalhando no dia a dia
da campanha, segundo Marcelo Branco, um dos coordenadores das ações petistas na web.
Mas o principal será a complexa tecnologia usada no manejo dessa militância virtual.
"A ideia é identificar cada um
dos internautas de maneira diferenciada", diz Danielle Fonteles, proprietária da Pepper
Interativa, contratada pelo PT
para a campanha de Dilma.
Além de identificar os militantes segundo parâmetros socioeconômicos, um programa
de computador da norte-americana Blue State Digital permitirá qualificar os simpatizantes.
"Quando um militante cadastrado nos autorizar a enviar
e-mails, será possível saber como ele se comporta e o grau de
engajamento. Primeiro, se ele
abriu o e-mail e se clicou no endereço ali anotado. Em seguida,
se esse internauta encaminhou
a mensagem para amigos. E se
essas pessoas receberam o arquivo, se clicaram no link", explica Danielle.
O programa da Blue State Digital foi usado na campanha de
Barack Obama, eleito presidente dos EUA em 2008. Todas as
vezes que um militante registrado protagoniza alguma ação,
ganha pontos nos computadores da campanha de Dilma. "É
como um sistema de fidelização", afirma Danielle.
Depois de algum tempo de
implantado esse modelo de gerenciamento, o comando petista saberá quem são os militantes mais ativos. Esses voluntários terão um tratamento "vip".
Receberão mensagens diferenciadas. Serão convidados a participar de reuniões com as
equipes locais pró-Dilma em
suas cidades. Essa foi a estratégia de Obama na web.
O comando político da campanha petista alimentará a
equipe de internet de maneira
constante com informações sobre as deficiências eleitorais da
candidata. Por exemplo, se Dilma vai mal no Sul entre mulheres na faixa etária acima de 30
anos, o software identificará
quais são os eleitores do PT
nessa região dispostos a ajudar.
A Pepper Interativa terá a assessoria direta de alguns empresários do setor de internet
que trabalharam na campanha
de Obama. Um deles é Scott
Goodstein, da Revolution Messaging, especializado em mensagens para telefones celulares.
Também devem contribuir Joe
Rospars e Andrew Paryze, ambos da Blue State Digital.
A contratação desses especialistas fica sob responsabilidade da Pepper. Os valores envolvidos não são revelados.
Scott Goodstein afirma ter se
interessado pela campanha do
PT e de Dilma por admirar o
que o governo petista fez "na
área social". Ele trabalhou a favor de Obama inicialmente como voluntário em 2008.
O grande desafio inicial da
equipe de Dilma Rousseff é
atualizar uma base de dados inconsistente de mais de 1 milhão
de filiados petistas pelo Brasil.
Estima-se que existam cerca de
400 mil e-mails, mas não se sabe quantos são válidos.
Ao longo das próximas semanas, serão disparados vários comunicados para esses supostos
petistas pedindo que preencham um formulário com dados como nome, sexo, idade,
endereço, perfil no Twitter, endereço de blog (se tiver algum),
faixa de renda e escolaridade.
Até junho, na expectativa dos
dilmistas, a rede de colaboradores pelo país já terá uma hierarquia, com militantes "vips"
em quase todas as cidades.
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