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Serra compara apoio de Lula a Dilma ao caso Maluf-Pitta
"Não necessariamente o sucessor replica [a boa avaliação do] antecessor", diz tucano
Pré-candidato do PSDB não se referia diretamente a Dilma Rousseff, mas petista, que estava no Sul, rebateu: "Isso não é crítica, é desejo"
Diego Vara/Agência RBS/Folhapress
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Pré-candidata do PT, Dilma Rousseff fala coma deputada Manuela D'Ávila (PC do B) em evento na Federação das Indústrias do RS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA REPORTAGEM LOCAL
O pré-candidato do PSDB à
Presidência, José Serra, citou o
caso dos ex-prefeitos Paulo
Maluf e Celso Pitta para dizer
que o sucessor nem sempre repete a popularidade do antecessor, em entrevista à rádio
Bandeirantes, em São Paulo.
A principal adversária do tucano, Dilma Rousseff (PT), tem
como uma de suas estratégias
eleitorais se beneficiar da alta
popularidade do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva -76%
dos brasileiros consideram seu
governo bom ou ótimo.
"Lembra o que ocorreu em
São Paulo com [Paulo] Maluf e
[Celso] Pitta? O Maluf estava
bem avaliado e bancou o Pitta.
O Pitta foi diferente do Maluf
ou não foi? Foi outra coisa. Não
necessariamente o sucessor replica o antecessor, mesmo tendo sido apoiado por ele", disse.
O exemplo de Serra sobre as
gestões Maluf-Pitta foi usado
depois de uma série de questionamentos sobre se o pré-candidato esconde o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso
de sua campanha. "Fui ministro da Saúde convidado por
FHC, que deu cobertura a todo
o meu trabalho", afirmou, argumentando que suas realizações
na pasta lhe garantem credenciais para discutir sobre o que
pode fazer para o futuro.
Em referência à aprovação
de Lula, Serra disse que "discute coisas de quem é candidato".
"O Lula não é candidato, como
não são candidatos os ex-presidentes, o [Fernando] Collor, o
[José] Sarney, o Itamar [Franco] e o FHC", disse.
Em Porto Alegre, a petista rebateu a declaração de que o sucessor nem sempre repete o antecessor: "Isso não é crítica, é
desejo. Desejo de que a população pense assim. Cada um fique
com seus desejos".
Na entrevista à rádio, Serra
criticou as concessões realizadas pelo governo nas estradas
federais, mas defendeu o modelo. Sobre privatizações, ele
também afirmou que não pretende privatizar a Infraero,
mas que é a favor de estabelecer
concessões para ampliar aeroportos estratégicos. "Cumbica
seria moleza fazer concessão."
Já Dilma, em almoço com
empresários, afirmou que antecessores de Lula não se preocuparam com uma política industrial e defendeu a desoneração
de impostos como "injeção na
veia" para o setor produtivo.
A viagem da ex-ministra a
Porto Alegre teve motivos políticos e familiares. A petista perde para Serra no Estado e enfrenta uma batalha entre aliados, que dificulta a formação de
palanque único. Mas também
acompanhou a filha Paula, 34, a
uma ecografia. Ela está no
quarto mês de gravidez, e o menino deve nascer em setembro,
na reta final da campanha.
Exilados
Em entrevista a uma rádio,
Dilma comentou correção de
erro em uma frase atribuída a
ela pela Folha. A declaração
correta, publicada na maior
parte dos exemplares, é: "Eu
nunca fugi da luta ou me submeti. E, sobretudo, nunca
abandonei o barco".
"Isso daí não tem nada a ver
com exílio. Tinha uma parte
que foi acrescentada e que a
Folha publica no "Erramos"
que dizia o seguinte: "e não deixei o Brasil". Essa parte "não
deixei o Brasil" eu não falei. [...]
Eu agradeço hoje à Folha de
S.Paulo por ter reconhecido o
erro, o que é absolutamente
tranquilo, natural, porque um
jornal pode errar. O mérito não
está em não errar, mas em, se
errar, reconhecer que errou."
Na verdade, a Folha reconheceu, na seção "Erramos", o
erro de transcrição da fala da
ex-ministra em parte de seus
exemplares, logo corrigido.
Mas a interpretação de que Dilma comparava, em seu discurso, sua trajetória durante a ditadura militar à do adversário,
José Serra, está correta.
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