São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Serra compara apoio de Lula a Dilma ao caso Maluf-Pitta

"Não necessariamente o sucessor replica [a boa avaliação do] antecessor", diz tucano

Pré-candidato do PSDB não se referia diretamente a Dilma Rousseff, mas petista, que estava no Sul, rebateu: "Isso não é crítica, é desejo"

Diego Vara/Agência RBS/Folhapress
Pré-candidata do PT, Dilma Rousseff fala coma deputada Manuela D'Ávila (PC do B) em evento na Federação das Indústrias do RS


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, citou o caso dos ex-prefeitos Paulo Maluf e Celso Pitta para dizer que o sucessor nem sempre repete a popularidade do antecessor, em entrevista à rádio Bandeirantes, em São Paulo.
A principal adversária do tucano, Dilma Rousseff (PT), tem como uma de suas estratégias eleitorais se beneficiar da alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -76% dos brasileiros consideram seu governo bom ou ótimo.
"Lembra o que ocorreu em São Paulo com [Paulo] Maluf e [Celso] Pitta? O Maluf estava bem avaliado e bancou o Pitta. O Pitta foi diferente do Maluf ou não foi? Foi outra coisa. Não necessariamente o sucessor replica o antecessor, mesmo tendo sido apoiado por ele", disse.
O exemplo de Serra sobre as gestões Maluf-Pitta foi usado depois de uma série de questionamentos sobre se o pré-candidato esconde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de sua campanha. "Fui ministro da Saúde convidado por FHC, que deu cobertura a todo o meu trabalho", afirmou, argumentando que suas realizações na pasta lhe garantem credenciais para discutir sobre o que pode fazer para o futuro.
Em referência à aprovação de Lula, Serra disse que "discute coisas de quem é candidato". "O Lula não é candidato, como não são candidatos os ex-presidentes, o [Fernando] Collor, o [José] Sarney, o Itamar [Franco] e o FHC", disse.
Em Porto Alegre, a petista rebateu a declaração de que o sucessor nem sempre repete o antecessor: "Isso não é crítica, é desejo. Desejo de que a população pense assim. Cada um fique com seus desejos".
Na entrevista à rádio, Serra criticou as concessões realizadas pelo governo nas estradas federais, mas defendeu o modelo. Sobre privatizações, ele também afirmou que não pretende privatizar a Infraero, mas que é a favor de estabelecer concessões para ampliar aeroportos estratégicos. "Cumbica seria moleza fazer concessão."
Já Dilma, em almoço com empresários, afirmou que antecessores de Lula não se preocuparam com uma política industrial e defendeu a desoneração de impostos como "injeção na veia" para o setor produtivo.
A viagem da ex-ministra a Porto Alegre teve motivos políticos e familiares. A petista perde para Serra no Estado e enfrenta uma batalha entre aliados, que dificulta a formação de palanque único. Mas também acompanhou a filha Paula, 34, a uma ecografia. Ela está no quarto mês de gravidez, e o menino deve nascer em setembro, na reta final da campanha.

Exilados
Em entrevista a uma rádio, Dilma comentou correção de erro em uma frase atribuída a ela pela Folha. A declaração correta, publicada na maior parte dos exemplares, é: "Eu nunca fugi da luta ou me submeti. E, sobretudo, nunca abandonei o barco".
"Isso daí não tem nada a ver com exílio. Tinha uma parte que foi acrescentada e que a Folha publica no "Erramos" que dizia o seguinte: "e não deixei o Brasil". Essa parte "não deixei o Brasil" eu não falei. [...] Eu agradeço hoje à Folha de S.Paulo por ter reconhecido o erro, o que é absolutamente tranquilo, natural, porque um jornal pode errar. O mérito não está em não errar, mas em, se errar, reconhecer que errou."
Na verdade, a Folha reconheceu, na seção "Erramos", o erro de transcrição da fala da ex-ministra em parte de seus exemplares, logo corrigido. Mas a interpretação de que Dilma comparava, em seu discurso, sua trajetória durante a ditadura militar à do adversário, José Serra, está correta.


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