São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Governador é contido para não brigar com sindicalista que protestava contra leilão da Eletropaulo em SP
Irritado, Covas discute com manifestantes


da Reportagem Local

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), quase chegou ontem às vias de fato ao reagir a manifestantes contrários à privatização da Eletropaulo que o agrediram verbalmente.
Covas fez menção de dar um soco no diretor da Federação dos Bancários Wagner Pinheiro, da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Contido por assessores que o acompanhavam, Covas ficou ainda mais irritado: "Tira a mão de mim. Eu sou o governador e ando onde quiser".
O episódio ocorreu quando Covas saiu do prédio da Bovespa, onde se realizou o leilão da Eletropaulo, e se dirigiu a pé à sede da Secretaria de Estado de Esportes e Turismo.
Na curta caminhada, de aproximadamente 30 metros, pelo calçadão da rua 15 de Novembro, no centro de São Paulo, Covas foi chamado de "safado", "ladrão" e "entreguista". Um cordão formado por aproximadamente 50 policiais militares manteve o governador apartado dos manifestantes, que atiraram bandeiras e pedaços de faixas contra Covas.
Wagner Pinheiro disse ter dito a Covas que ele estava entregando todo o patrimônio do Estado. "Aí ele me chamou de safado. Eu disse: safado é você (Covas)".
Na Secretaria de Turismo, onde inaugurou um espaço cultural, Covas discursou contra os manifestantes. "Quero dizer em alto e bom som que este governador não vai abrir mão de transitar por algum lugar só porque há alguma manifestação contrária a ele."
Covas disse que se reservava o direito de reagir às agressões. "É uma pena que como governador não posso responder no mesmo tom." Lembrando que foi eleito para o cargo, Covas afirmou: "o dia em que não puder andar nas ruas, deixarei de ser governador".
(BERNARDINO FURTADO)



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