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PARTIDOS
Deputado diz preferir bancar própria campanha se verba repassada para se coligar for insuficiente
Cascione diz que R$ 3 milhões são pouco
da Sucursal de Brasília
Em entrevista
gravada concedida à Folha, o
deputado Vicente Cascione
(PTB-SP) confirmou o conteúdo da conversa dos deputados
do PTB paulista. Disse que o deputado Duilio Pisaneschi informou
sobre a proposta de R$ 3 milhões
que teria sido feita por Paulo Maluf. A seguir, trechos da entrevista.
Folha - O que se discutiu na reunião sobre a coligação com Maluf?
Vicente Cascione - Nós estamos
há meses tratando da coligação em
São Paulo. Tudo indicava que o
partido iria se coligar com Maluf.
Acontece que o Campos Machado
quer que o partido se coligue com
o Covas. A informação que acabou
sendo prestada é que teríamos um
jantar marcado para o dia 27 com
Maluf, para acertar ou não a coligação. Dependerá essa coligação,
primeiro, se teremos chance eleitoral com esse ou com aquele partido. A segunda coisa, se compensar a coligação: quanto dos recursos eleitorais de campanha, quanto do bolo dos recursos, caberia ao
PTB, para que o partido pudesse
custear a campanha dos seus candidatos. A informação que obtivemos nessa reunião, que o deputado Duilio Pisaneschi passou, informação que teria sido prestada
pelo presidente do partido, que já
teria tido um primeiro contato
com Paulo Maluf, é a de que o Maluf estaria disposto a dar, dos recursos de campanha, do bolo da
campanha, para o PTB, R$ 3 milhões, para a campanha do partido. O que eu acho muito pouco,
insignificante, dependendo do número de pessoas com quem você
vai dividir esse bolo. Se você tiver
30 e tantos candidatos do PTB,
uma quantia dessas passa a ser irrisória, levando-se em conta o montante de campanha que normalmente existe, em termos de doações feitas aos partidos que têm
candidatos viáveis. O que eu disse
é que, a receber pouco, eu prefiro
não receber nada e fazer campanha à minha custa. Se você viver de
promessas dos candidatos dos
partidos com quem você coliga, no
fim acaba mal.
Folha - O sr. falou que votou contra a reeleição e não cobrou nada.
O sr. tem notícia de alguém que tenha cobrado?
Cascione - Quando teve a votação da reeleição, o governo me
pressionou, me ofereceu vantagens -eu era líder do PTB- para
votar a favor da reeleição e para
tentar convencer os deputados da
bancada a votar a favor. E eu disse
claramente que não iria votar a favor, porque sempre fui contra. Eu
não aceitei os favores do governo e
não aceitei pressão de ninguém.
Votei com a minha consciência e
tive de renunciar à liderança no dia
seguinte. Sei de gente que recebeu
favores. A gente acaba sabendo.
Folha - Mas por qual lado?
Cascione - Não havia dois lados. No momento em que eu estava como líder do partido, o governo me acenou com vantagens. Se
você me pedir nomes de quem levou vantagem, eu não vou mencionar. Mas sei de gente que levou
vantagens. O governo cumpriu
coisas que tinha prometido e não
fazia havia muito tempo.
Folha - Paulo Maluf ofereceu alguma coisa a alguém?
Cascione - Eu sei de pessoas que
falavam em nome do Maluf que diziam que ele também estava prometendo vantagens para quem estivesse do lado dele. Eu não tenho
condições de dizer que tipo de
vantagem, mas havia pessoas que
diziam que quem votasse a favor
do Maluf poderia ter vantagens.
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