São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

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Campanha de Serra em 2002 deve R$ 3,4 mi

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB deve ainda R$ 3,4 milhões da campanha presidencial de José Serra em 2002. A dívida, que a sigla promete saldar até o final deste ano, é um embaraço para a nova empreitada eleitoral do tucano: a disputa pelo comando da Prefeitura de São Paulo.
Ao final da campanha, o PSDB reconheceu uma dívida de R$ 6 milhões. Após os acertos feitos em 2003, restaram oficialmente R$ 3,4 milhões - R$ 1,5 milhão para o publicitário Nizan Guanaes, R$ 500 mil para a Líder Táxi Aéreo e R$ 1,4 milhão para gráficas e empresas de outdoors.
Esse é o débito reconhecido oficialmente na Justiça Eleitoral, mas eventualmente um ou outro credor bate às portas do partido ou do Judiciário cobrando faturas que os tucanos contestam, e para as quais dão explicações geralmente vagas.
Ano passado, por exemplo, surgiu uma fatura de R$ 33 milhões, apresentada pelas empresas que alugaram o estúdio onde foram gravados os programas de TV, as câmeras de vídeo e os serviços de satélite. A campanha do tucano arrecadou R$ 28,5 milhões, segundo declaração do PSDB ao TSE.
Cobrada, a sigla assumiu que devia R$ 2,1 milhões às empresas Computer Graphics Produções Cinematográficas e Intertrade Brasil Ltda., mas que pagara R$ 1 milhão a mais que esse valor por conta de outros débitos reclamados pelas empresas. Na época, o PSDB não especificou esses débitos. A Folha apurou que as empresas alegaram uma dívida que teria sido deixada pela campanha da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998.
Mais recentemente, outra empresa de publicidade, a Yes Brasil, acionou o PSDB na Justiça para cobrar uma suposta dívida de R$ 595 mil, que o partido não reconhece. A Folha apurou que a empresa fez alguns filmes logo no início da campanha, mas não havia uma encomenda oficial dos tucanos.

Greve
A campanha de Serra em 2002 teve problemas financeiros desde o início. Havia exageros na autorização de gastos. O próprio publicitário da campanha, Nizan Guanaes, mandava rodar filmes e, ao ouvir que não havia dinheiro, dizia que pagaria do próprio bolso.
Nizan, aliás, protagonizou o episódio que a campanha de Serra mais se empenhou em abafar: na virada do primeiro para o segundo turno da eleição, o publicitário entrou em greve, refugiou-se em Campos do Jordão (SP) e ameaçava viajar em seguida para Paris.
Por conta do exílio de Nizan, os tucanos propuseram ao PT o adiamento por alguns dias do início da propaganda eleitoral na TV, no segundo turno. Nizan só voltou quando recebeu o que cobrava por seu trabalho no primeiro turno.
É provável que a publicidade da nova campanha de Serra fique sob o comando da empresa GW, que fez as campanhas vitoriosas do ex-governador Mário Covas e de seu sucessor, Geraldo Alckmin.


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