São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Caso do "NYT", porém, não deve atrapalhar o PT no pleito municipal, afirma publicitário

Imagem oficial foi afetada, diz Duda

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha presidencial de Lula e é um dos responsáveis pelo marketing oficial, afirmou ontem que o caso Larry Rohter "arranhou" a imagem do governo federal, mas que não terá reflexo nas eleições municipais.
O marqueteiro frisou, no entanto, que ainda não possui pesquisas qualitativas que possam comprovar tal constatação.
"O fato é que isso já passou. Mas arranha. Não é coisa relevante, o governo tem de trabalhar. Tem muita coisa para acontecer, e o julgamento vai ser lá na frente", disse Duda ao chegar ontem à Conferência Nacional de Estratégia Eleitoral do PT, realizada desde quinta num hotel de São Paulo.
Minutos depois, questionado novamente pelos jornalistas sobre os eventuais prejuízos ao Planalto causados pela cassação do visto do jornalista do "New York Times", Duda recuou em sua declaração. "Não disse isso. Não fiz pesquisa para saber", afirmou.
Anteontem, o governo voltou atrás da decisão de cancelar o visto de Larry Rohter, após seus advogados terem encaminhado um pedido de reconsideração ao governo, que foi interpretado pelo Planalto como uma retratação. O "NYT" negou, no entanto, que tenha se desculpado pela matéria na qual Rohter descreve suposto hábito de beber de Lula.
Para José Genoino, presidente nacional do PT, a declaração oficial do norte-americano foi, sim, um pedido de desculpas.
"O que tínhamos dito era que valia um pedido de desculpas do jornal ou do jornalista. Isso [a carta do jornalista] para nós valeu. Ninguém pode assumir uma ofensa dizendo que determinado ato do presidente da República afeta questões presidenciais."
O ministro da Educação, Tarso Genro, também vê a carta de Rohter como um pedido de desculpas. "É uma clara retratação."
"Isso demonstra mais uma vez a posição ambígua desse tipo de imprensa, que determina que o seu correspondente peça desculpas e depois se abriga na sua editoria dizendo que não houve pedido de retratação", afirmou o ministro. "Foi um pedido de desculpas claro", completou Tarso.
Da Espanha, onde participa do Fórum das Culturas Barcelona, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, declarou: "Não quero falar sobre isso. Todo mundo bebe. Quem não bebe? Eu bebo. Quem não bebe uísque bebe leite. E ambos podem fazer bem ou mal."

Campanha disputada
Na avaliação de Duda Mendonça, a campanha eleitoral deste ano será "muito dura e disputada". E, se a oposição tentar nacionalizar o debate, "vai falar sozinha".
"É natural que a oposição tente isso, mas é uma faca de dois legumes [sic]. Se puxarem para o terceiro turno, podem perder de novo", disse Duda, que não quis comentar a pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo. "Ataques não ganham eleição", disse o publicitário, que classificou a prefeita Marta Suplicy, pré-candidata à reeleição em São Paulo, de "maravilhosa".
"Num país machista como o nosso, uma mulher para ser prefeita de São Paulo tem de brigar. E isso ela faz", disse o publicitário.
Genoino disse que os adversários, especificamente Serra, estão "muito sectários". "Eles batem, e a gente faz campanha", declarou.
Declarou também que cabe aos dirigentes municipais do PT discutirem uma aliança com o PMDB em São Paulo e defendeu a coligação com a legenda em várias cidades do país. Em entrevista à revista "IstoÉ" desta semana, Lula disse ser a favor de que Marta se alie aos peemedebistas. Ela, entretanto, resiste em ceder a vice.


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