São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007 |
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Fazendeiro é condenado a 30 anos por morte de religiosa
Vitalmiro Bastos é acusado de ser o mandante do assassinato de Dorothy Stang
KÁTIA BRASIL DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM O Tribunal do Júri de Belém (PA) condenou ontem o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, 36, a 30 anos de prisão em regime fechado por ter atuado como mandante do assassinato da missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, 73. Bida, que se diz inocente, é o quarto condenado pelo crime, ocorrido em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu (Pará). Outro acusado de ser mandante do crime, o fazendeiro Regivaldo Galvão, o Taradão, está em liberdade e pode ter o julgamento marcado ainda neste ano. O júri que condenou Bida, formado por quatro mulheres e três homens, aceitou a tese da acusação: homicídio duplamente qualificado, com promessa de recompensa (R$ 50 mil aos pistoleiros), motivo torpe e uso de meios que impossibilitaram a defesa da vítima. Foram cinco votos contra dois. A acusação foi elaborada pelo promotor Edson Cardoso e pelos advogados Aton Fon Filho, João Batista Gonçalves e Rosilene Silva, da CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário da Igreja Católica. A pena, inicialmente de 29 anos, foi agravada porque a freira era idosa. O que decidiu a pena máxima foi que a maioria dos jurados considerou que houve crime de mando, autoria intelectual, abrigo na fuga dos pistoleiros e a promessa de recompensa. O julgamento começou na manhã de anteontem e terminou às 17h de ontem. Cerca de 300 pessoas acompanhavam a proclamação da sentença no tribunal. Do lado de fora, cerca de 200 membros de movimentos pela reforma agrária e de direitos humanos ouviram a sentença por caixas de som e soltaram fogos. Novo julgamento O fazendeiro não terá direito de recorrer em liberdade. Mas, como a pena excede 20 anos, ele tem direito a um novo julgamento. "O Conselho de Sentença entendeu que o réu não terá direito de recorrer em liberdade porque é uma pessoa violenta, inadaptada ao convívio social, sem sentimento de generosidade, de amizade e qualquer outro valor a sua cobiça", afirmou o juiz Raimundo Flexa. Na platéia, a mãe de Bida, Generosa Moura, chorou. "Eu não esperava essa injustiça", disse. Ao depor, o fazendeiro negou três vezes sua participação como mandante do crime, mas se complicou ao declarar que viu a arma do crime na mão de Rayfran das Neves Sales, o Fogoió (já condenado a 27 anos de prisão, em 2005), depois de ele ter disparado contra a freira -um ponto que a defesa não conseguir atenuar no julgamento. O advogado de defesa Américo Leal culpou a missionária, que "não parava com suas ações criminosas": "Ela veio a morrer fruto da própria violência que ela pregou em Anapu", disse Leal, que reafirmou que Bida não participou do crime. Texto Anterior: Memória: TCU homenageia o empresário Octavio Frias Próximo Texto: Condenação de fazendeiro é ato histórico contra a impunidade, afirmam ONGs Índice |
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