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Expectativa não é boa, diz Maggi sobre Minc
Em entrevista, novo ministro do Meio Ambiente afirmou que se "deixar" governador de MT planta soja "até nos Andes"
"Me senti surpreendido por
ter sido metralhado assim",
reclamou Maggi; Ivo Cassol,
de Rondônia, também teceu
críticas à fala do ministro
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), afirmou
ontem à Folha que não tem
uma boa expectativa sobre a
futura gestão de Carlos Minc à
frente do Ministério do Meio
Ambiente, no lugar de Marina
Silva, que se demitiu.
"Ele não me conhece, não conhece o Estado, não conhece a
região. A expectativa, posso dizer, é, por enquanto, não boa",
afirmou o governador.
Mato Grosso é o recordista
histórico no desmatamento da
floresta. Um dos maiores sojicultores do mundo, Maggi se
firmou, desde que foi eleito pela primeira vez, em 2002, como
a principal liderança dos produtores rurais da região.
Em entrevista à TV Globo
antes de aceitar o convite para
o ministério, Minc declarou
que, "se deixar", Maggi plantaria soja "até nos Andes".
"Achei muito preconceituoso", respondeu Maggi. "Me
senti surpreendido por ter sido
metralhado assim. Conheço
muito o Brasil; ele, não. Mas o
convido, desde já, para vir aqui
e conhecer nosso trabalho."
Em nota, o governo mato-grossense classificou de "descabidas, inoportunas, extemporâneas e impróprias" as declarações do novo ministro.
Mas Maggi espera que não
haja mudança substancial naquele que diz considerar o
maior acerto da gestão Lula até
aqui: o combate ao desmatamento. "É muito claro, a Marina vai ser reconhecida pelas estatísticas. Quando nós [ele e a
ex-ministra] assumimos, o
crescimento era crescente e galopante. O maior ponto vai ser
esse reconhecimento público."
Ao mesmo tempo, disse que
Minc poderá dialogar melhor
com os setores produtivos para
acelerar o crescimento -ponto
fraco, em sua opinião, do trabalho da ex-ministra. "Espero
que haja uma maior celeridade
nos processos [de licenciamento ambiental]. E isso não significa passar por cima da lei."
Como secretário estadual do
Ambiente do Rio de Janeiro, o
novo ministro se notabilizou
por acelerar a aprovação de pedidos de licenças.
No ano passado, Marina entrou em uma polêmica com a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil) que queria a aprovação
do licenciamento do complexo
hidrelétrico do rio Madeira, em
Rondônia.
Outro debate foi em janeiro
deste ano com o próprio Maggi,
que refutou dados divulgados
pelo Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais) que
apontavam aumento da derrubada da floresta.
"Não acho que foi isso [que
prejudicou Marina]. Mas foi
um debate importante", disse
Maggi, que negou ter uma rixa
pessoal com a ex-ministra.
Outro ponto a ser melhorado, disse o governador de Mato
Grosso, é a suposta truculência
das operações de repressão aos
crimes ambientais, como a Arco de Fogo.
Desde que a operação começou, Maggi reclama que ela
destruiu a economia das cidades por onde passou, sem deixar alternativas para quem
perdeu o emprego com o fechamento de madeireiras.
Rondônia
Ivo Cassol (sem partido), governador de Rondônia, se solidarizou com o colega de Mato
Grosso, em relação às afirmações de Minc. "Eu repudio. Antes de falar, tem que sentir na
pele, vir até a Amazônia."
Para Cassol, Minc deverá aumentar o diálogo com lideranças da região para "ter sucesso"
em sua gestão.
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