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Procuradoria acusa ex-chefes do DOI-Codi
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
propôs ação civil pública contra
a União e os militares reformados Carlos Alberto Brilhante
Ustra e Audir Santos Maciel,
comandantes do DOI-Codi
(Destacamento de Operações
de Informações do Centro de
Operações de Defesa Interna),
em São Paulo, de 1970 a 1976.
O MPF pede que os dois ex-chefes do órgão sejam pessoalmente responsabilizados pela
tortura, morte e desaparecimento de 64 pessoas, entre elas
o jornalista Vladimir Herzog e
o operário Manoel Fiel Filho.
Com base em relatório oficial
da Presidência da República,
divulgado no livro "Direito à
Memória e à Verdade", a ação
identifica os casos de mortos e
desaparecidos quando Ustra e
Maciel comandavam o órgão.
Para o MPF, "é fato notório
que o DOI-Codi foi um órgão
do Exército Brasileiro encarregado de coordenar em São Paulo a violenta repressão à oposição ao governo militar, com a
prática de diversos atos ilícitos,
principalmente prisões ilegais,
tortura, homicídios e desaparecimentos forçados".
O MPF pretende que as Forças Armadas revelem o nome
de todas as vítimas do DOI-Codi de São Paulo (o órgão deteve
mais de 7.000 cidadãos), as circunstâncias das prisões e das
violências que sofreram, além
de tornarem públicos todos os
documentos sobre o órgão.
Pede a declaração de que Ustra e Maciel comandaram um
centro de prisões ilegais e que
sejam condenados a não mais
exercerem função pública.
A ação pretende ainda que
Ustra e Maciel sejam obrigados
a reembolsar à União os custos
das indenizações pagas às famílias das 64 vítimas durante a
gestão dos dois militares.
A ação traz a lista das vítimas,
quantificando o ônus financeiro suportado pela União em cada indenização, com as respectivas datas do desembolso.
O MPF deverá oferecer ações
contra outros agentes envolvidos nas ações do DOI-Codi. Ustra e Maciel figuravam "no topo
da cadeia hierárquica do órgão
repressor" -o comandante do
2º Exército no período, Ednardo D'Avilla Mello, e o subcomandante do DOI-Codi, capitão Dalmo Cirillo, já morreram.
A ação civil pública é firmada
pelos procuradores da República Eugênia Augusta Gonzaga
Fávero, Marlon Alberto Weichert, Adriana da Silva Fernandes, Luciana da Costa Pinto,
Sergio Gardenghi Suiama e
Luiz Fernando Gaspar Costa.
Outro lado
A Folha procurou Carlos Alberto Brilhante Ustra, em Brasília. Sua mulher informou, por
telefone, que ele não estava em
casa. Seu advogado, Paulo Esteves, disse que vai examinar o
pedido do MPF: "Por enquanto, não tenho como fazer um
juízo de valor diante da extensão de uma ação dessa natureza". Na casa de Audir Santos
Maciel, no Rio de Janeiro, informou-se que o militar reformado está hospitalizado.
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