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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Inflamável
Por trás da inusitada parceria do DEM com o governo para abortar a CPI da Petrobras, tucanos enxergam interesse específico do líder "demo" José Agripino Maia (RN). Alegam que a investigação invevitavelmente esbarraria nos negócios da Comav (Comércio
de Combustível para Aviação), empresa cujo sócio
majoritário é o deputado Felipe Maia, filho do senador. A Comav tem contratos com a BR Distribuidora
para abastecer os aeroportos de Natal e Mossoró.
A CPI também poderia bater nos negócios do empresário Sinval Moreira Dias, filiado ao DEM e sócio
da família Maia. Para completar, em 2010 a Comav terá de renovar seu contrato com a Petrobras.
Negócios. Em 2006, antes
da renovação do contrato com
a BR Distribuidora, Felipe
Maia declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 3,9
milhões. Nesse documento, o
deputado avaliou sua cota na
Comav em R$ 120 mil.
Eu não. Agripino nega que
tenha interesse pessoal no caso. "É um absurdo. Felipe tem
esse contrato há quase dez
anos. Foi uma concorrência",
afirma o senador, para em seguida se voltar contra os tucanos: "Eu fui um dos primeiros
a assinar a CPI. E o Arthur
Virgílio concordou com o
acordo [para adiar a instalação]. Por que será que ele foi
desautorizado pelo PSDB?".
Inconfidência. Partiu de
Aécio Neves o primeiro telefonema para motivar a bancada tucana a insistir na instalação da CPI. O governador está
incomodado com o tombo de
90% nos repasses da Cide para Minas, fruto de manobra
contábil que permitiu à Petrobras pagar menos imposto.
Até o pacato Eduardo Azeredo pegou em armas graças ao
estímulo do governador.
Prancheta. Na negociação
com senadores demo-tucanos
para a retirada de assinaturas
do requerimento da CPI, o governo incluiu obras de gasodutos em Mato Grosso, novas
plantas de refinaria em Sergipe e no Rio Grande do Norte e
a construção de um oleoduto
em Alagoas. E com a promessa de que os senadores serão
"padrinhos" das obras.
Local. Enquanto até senadores da oposição se viam tentados a assumir o desgaste de
riscar suas assinaturas do requerimento da CPI, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) permanecia impassível em sua
disposição investigativa. A
justificativa é a de sempre:
disputa com o conterrâneo
Romero Jucá (PMDB-RR).
Tiroteio
"Nossa aliança é com o PSDB, não com o PMDB
ou com o governo. Nosso caminho é na
oposição, e não podemos dar motivo para
que a cizânia com os tucanos se aprofunde."
De DEMÓSTENES TORRES (DEM-GO), presidente da Comissão de
Constituição e Justiça do Senado, sobre a divergência entre seu
partido e o PSDB em torno da instalação da CPI da Petrobras.
Contraponto
Zoológico
O plenário da Câmara discutia no final de março um
polêmico artigo introduzido pelo relator Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) na medida provisória 450, flexibilizando as licitações na Eletrobrás. Da bancada tucana surgiram os
primeiros protestos. Tratava-se, disse um deputado, de
"jabuti na árvore". Ou seja, alguém o havia colocado ali.
Chico Alencar (PSOL-RJ) teve outra ideia:
-Ou será bacalhau em água rasa?
Os mineiros entraram na onda:
-É ovelha desgarrada, presa fácil de lobos...-, disse um
deles, buscando trocadilho com o nome do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), correligionário de Cunha.
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