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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ALIADOS
Decisão da bancada foi unânime; eventual afastamento do tesoureiro será discutido amanhã pela principal tendência do partido
Senadores do PT pedem a saída de Delúbio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Cresce, no PT, a pressão para o
afastamento do tesoureiro, Delúbio Soares, do comando do partido. A bancada do PT no Senado
defendeu ontem, por unanimidade, a proposta, como forma de
preservar o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e a sigla de denúncias de corrupção. Amanhã, o
Campo Majoritário discutirá o futuro de Delúbio numa reunião
convocada às pressas.
Nove dos 13 senadores petistas
estavam presentes na reunião em
que a decisão foi unânime. Não
participaram da conversa Eduardo Suplicy (SP), que já defendeu
publicamente esse ponto de vista,
o líder do governo, Aloizio Mercadante (SP), Fátima Cleide (RO)
e Flávio Arns (PR).
O presidente do PTB, deputado
Roberto Jefferson (RJ), acusou
Delúbio de pagar um "mensalão"
de R$ 30 mil a deputados do PP e
do PL para que eles se mantivessem fiéis ao governo. O PT também está sendo acusado pelo antigo aliado do governo de operar
um caixa dois nas eleições municipais do ano passado.
O líder do PT, senador Delcídio
Amaral (MS), expôs a posição da
bancada ao presidente Lula ontem no final da manhã. "Não temos nada a temer e isso é uma posição equilibrada, não é nenhuma
desconfiança. Se existe dúvida, os
homens de bem se afastam naturalmente para que sejam feitas as
investigações", afirmou Delcídio.
Em reunião no início do dia os
senadores do PT cogitaram a divulgação de um documento defendendo essa tese, mas recuaram. "Não é nenhuma crise, um
afastamento, temos que fazer
com que o partido dos trabalhadores seja preservado", disse Delcídio, eleito ontem presidente da
CPI dos Correios.
No partido, o rumor é que os senadores contaram com o aval do
líder do governo na Casa, Aloizio
Mercadante (SP).
Como se não bastasse, o Movimento PT -ala moderada, de
apoio ao governo- discutiu na
noite de ontem a idéia de oficializar o pedido de afastamento de
Delúbio de suas funções. Representante da corrente na Executiva, Romênio Pereira apela para
que a decisão seja tomada apenas
amanhã, mas reconhece que há
pressão em todo o país. Segundo
ele, o PT deve dar uma resposta a
seus filiados. "Se o partido achar
que ele deve pedir licença para se
defender, esse é um gesto que se
toma individualmente ou a chapa
que os indicou", disse Romênio,
numa alusão também ao secretário-geral do PT, Silvio Pereira.
Depois de passar o dia na sede
do PT, o presidente do partido,
José Genoino, saiu sem dar respostas sobre a permanência ou
não de Delúbio na função. "Isso
não está na pauta", disse.
A saída de Delúbio deverá estar
em pauta na reunião do Diretório
Nacional do PT, no próximo sábado. Ao ser questionado sobre a
decisão da bancada, Genoino afirmou: "Vamos conversar com o
senadores no momento certo".
Senadores e deputados da base
governistas têm discordado da
forma como o Planalto está reagindo à crise desencadeada pelas
denúncias de corrupção Eles defendem que o governo abandone
a estratégia de simplesmente negar tudo e desqualificar as acusações. Uma das propostas é que se
faça uma reforma ministerial.
Na noite de anteontem houve
uma reunião no Planalto dos ministros José Dirceu (Casa Civil),
Aldo Rebelo (Coordenação Política) e Eunício Oliveira (Comunicações) com os líderes do governo
Aloizio Mercadante (PT-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), os líderes do PT nas duas Casas, Delcídio e Paulo Rocha (PT-PA), além
da senadora Ideli Salvatti (PT-MS) e do líder do PMDB, Ney
Suassuna (PB).
Parlamentares disseram no encontro que o governo está subestimando a crise. Deputados e senadores também reclamaram que
Eunício está agindo como se a crise não estivesse em uma estatal
subordinada a ele -os Correios- e como se o seu partido, o
PMDB, não ocupasse cargos na
empresa.
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