São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI

Senador foi ministro de Itamar Franco, diretor da Petrobras no governo FHC e só entrou no PT em 2001, com apoio de Zeca do PT

Presidente da CPI tem vínculo com Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O senador Delcídio Amaral Gomez (PT-MS), 50, teve ligação com PFL e PMDB. Namorou os tucanos, mas entrou no PT em 2001, como ele mesmo diz, pelas mãos do ministro José Dirceu (Casa Civil) e do presidente Lula.
No currículo de Delcídio pesa uma condenação em 1999 pelo TRF (Tribunal Regional Federal), da 4ª Região em Porto Alegre (RS), por crime de improbidade administrativa em ação movida pelo Ministério Público Federal. Ele se livrou totalmente dessa ação em maio deste ano. A pena, suspensa em novembro de 2004 pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), foi a perda dos direitos políticos por cinco anos e ressarcimento de dano a órgão público.
Em setembro de 1994, Delcídio assumiu o Ministério das Minas e Energia no governo Itamar Franco, após o afastamento de Alexis Stepanenko, acusado de favorecer a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência.
Delcídio tornou-se ministro, mas continuou recebendo como diretor financeiro da Eletrosul (cargo que ocupava desde 1991), daí o suposto crime apontado pela Procuradoria. O STJ decidiu que não houve dano ao erário em 2004, mas Delcídio ainda recorreu para garantir que não haveria perda de direito políticos por cinco anos. A decisão favorável ao senador só saiu em maio deste ano.

Carreira
Natural de Corumbá (MS), Amaral se formou em engenharia elétrica. Trabalhou na General Eletric (1976-1977), Themag (1978-1982) e Eletronorte (1983-1990), tendo participado da construção e montagem da usina de Tucuruí, no Pará.
Em 1990, transferiu-se para a Billiton Metais (Grupo Shell). Retornou ao Brasil em 1991, no governo Fernando Collor, para assumir uma diretoria da Eletrosul, trabalhando no planejamento energético da região Sul.
No governo Fernando Henrique Cardoso, seu nome foi cogitado para a presidência da Eletrobrás, mas houve resistências a seu nome. Com amigos pefelistas e tucanos, chegou a filiar-se ao PSDB e teve sua inscrição abonada por Sérgio Motta, mas, segundo ele, o documento jamais chegou ao cartório para registro.
Acabou reassumindo a diretoria de Finanças da Eletrosul em 1995 e, em 1997, foi nomeado presidente do Conselho de Administração da Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul).
Em 1999, por indicação do então senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que na época era o presidente do PMDB, tornou-se diretor de Gás e Energia da Petrobras. Em 2001, deixou a estatal a convite do governador Zeca do PT (MS) para assumir a Secretaria de Estado de Infra-Estrutura e Habitação. Filiou-se ao PT e, com o apoio do governador, foi lançado candidato ao Senado em 2002.
Foi eleito com 496.879 votos (25,8%), obtendo a segundo vaga em disputa naquele ano (em primeiro ficou Ramez Tebet, do PMDB, com 38,2%), derrotando um dos favoritos, o ex-governador Pedro Pedrossian (que teve apenas 22% dos votos).
Tomou posse em 2003. Em fevereiro deste ano, tornou-se líder do PT no Senado Federal. (LEILA SUWWAN E HUDSON CORRÊA)

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