São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Disputa em Estados pode deixar Lula sem PC do B

Comunistas dizem que PT não apóia seus candidatos estaduais competitivos

Aliança com PSB deve ser apenas informal; deputado do partido acusa petistas de não moverem "uma palha para beneficiar aliados leais"


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT já admite preocupação com a hipótese de sair apenas com o nanico PRB na disputa presidencial, sem os aliados históricos PC do B e PSB.
Disputas nos Estados têm levado as duas legendas de esquerda, tradicionalmente satélites do petismo, a se afastarem da coligação formal com Luiz Inácio Lula da Silva.
A ponto de ontem o presidente petista, Ricardo Berzoini, ter dito que, no momento, não existe nenhuma coligação com os dois partidos, apesar de ela ter sido fechada em 24 de maio, num jantar com Lula.
"Evidentemente há uma preocupação com isso, não só pelo tempo de TV, mas pela questão política mesmo. Estamos dialogando de maneira fraterna." Segundo ele, a coligação formal ainda depende de várias avaliações dos partidos. "Nunca acreditamos que havia algum partido que estaria automaticamente coligado", disse.
Em três semanas, o que já era uma aliança consolidada começou a se fragmentar. Os três partidos pensavam até em redigir uma carta de princípios, mas que acabou abortada.
O apoio político não está em perigo, mas pode ser dado apenas informalmente. É provável que o PSB siga carreira solo, para ter liberdade de fazer coligações nos Estados. A chance de aliança com o PT é remota, até agora, em oito Estados: SP, AL, MT, TO, RO, SC, PR e PE.
O secretário nacional do partido, deputado Renato Casagrande (ES), cita exemplos da intolerância petista. Em Alagoas, o PSB tem dois nomes fortes para disputas majoritárias: Kátia Born e Givaldo Carimbão. O PT não tem lideranças expressivas, pois a única era a senadora Heloísa Helena (hoje no PSOL). Ainda assim, os petistas não dão apoio ao PSB.
"Eles não movem uma palha para beneficiar seus aliados leais. Não prestigiam ninguém", disse o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
Da mesma forma, o sempre dócil PC do B passou a estrilar, exigindo apoio a seus candidatos por petistas.
"Nós sempre apoiamos candidatos do PT quando são mais competitivos. É muito ruim quando o PT não faz o mesmo. Fica complicado fazer política assim", disse o deputado Renildo Calheiros (PC do B-PE).
Os comunistas querem apoio a Agnelo Queiroz no Distrito Federal, Leomar Quintanilha em Tocantins e Inácio Arruda para o Senado no Ceará. Também sonham emplacar Nádia Campeão como vice de Aloizio Mercadante (PT) para o governo de São Paulo.
Apesar do tom, o PC do B deve mesmo fechar com Lula, já que, diferente do PSB, não tem muitas ilusões quanto a superar a cláusula de barreira de 5%.
Berzoini não se abala. Diz que as pressões são "normais" e que ainda não desistiu dos dois partidos -até porque aliados formais significam tempo de TV e estrutura de campanha.


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