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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Disputa em Estados pode deixar Lula sem PC do B
Comunistas dizem que PT não apóia seus candidatos estaduais competitivos
Aliança com PSB deve ser apenas informal; deputado do partido acusa petistas de não moverem "uma palha para beneficiar aliados leais"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT já admite preocupação
com a hipótese de sair apenas
com o nanico PRB na disputa
presidencial, sem os aliados
históricos PC do B e PSB.
Disputas nos Estados têm levado as duas legendas de esquerda, tradicionalmente satélites do petismo, a se afastarem
da coligação formal com Luiz
Inácio Lula da Silva.
A ponto de ontem o presidente petista, Ricardo Berzoini, ter dito que, no momento,
não existe nenhuma coligação
com os dois partidos, apesar de
ela ter sido fechada em 24 de
maio, num jantar com Lula.
"Evidentemente há uma
preocupação com isso, não só
pelo tempo de TV, mas pela
questão política mesmo. Estamos dialogando de maneira
fraterna." Segundo ele, a coligação formal ainda depende de
várias avaliações dos partidos.
"Nunca acreditamos que havia
algum partido que estaria automaticamente coligado", disse.
Em três semanas, o que já era
uma aliança consolidada começou a se fragmentar. Os três
partidos pensavam até em redigir uma carta de princípios,
mas que acabou abortada.
O apoio político não está em
perigo, mas pode ser dado apenas informalmente. É provável
que o PSB siga carreira solo, para ter liberdade de fazer coligações nos Estados. A chance de
aliança com o PT é remota, até
agora, em oito Estados: SP, AL,
MT, TO, RO, SC, PR e PE.
O secretário nacional do partido, deputado Renato Casagrande (ES), cita exemplos da
intolerância petista. Em Alagoas, o PSB tem dois nomes fortes para disputas majoritárias:
Kátia Born e Givaldo Carimbão. O PT não tem lideranças
expressivas, pois a única era a
senadora Heloísa Helena (hoje
no PSOL). Ainda assim, os petistas não dão apoio ao PSB.
"Eles não movem uma palha
para beneficiar seus aliados
leais. Não prestigiam ninguém", disse o deputado Beto
Albuquerque (PSB-RS).
Da mesma forma, o sempre
dócil PC do B passou a estrilar,
exigindo apoio a seus candidatos por petistas.
"Nós sempre apoiamos candidatos do PT quando são mais
competitivos. É muito ruim
quando o PT não faz o mesmo.
Fica complicado fazer política
assim", disse o deputado Renildo Calheiros (PC do B-PE).
Os comunistas querem apoio
a Agnelo Queiroz no Distrito
Federal, Leomar Quintanilha
em Tocantins e Inácio Arruda
para o Senado no Ceará. Também sonham emplacar Nádia
Campeão como vice de Aloizio
Mercadante (PT) para o governo de São Paulo.
Apesar do tom, o PC do B deve mesmo fechar com Lula, já
que, diferente do PSB, não tem
muitas ilusões quanto a superar a cláusula de barreira de 5%.
Berzoini não se abala. Diz
que as pressões são "normais" e
que ainda não desistiu dos dois
partidos -até porque aliados
formais significam tempo de
TV e estrutura de campanha.
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