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Em grampo da PF, Vavá diz que Morelli é sócio de Servo
Em depoimento, porém, eles negaram dividir casa de jogo
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE
Em uma gravação entregue
anteontem pela Polícia Federal
à Justiça Federal, o aposentado
Genival Inácio da Silva, o Vavá,
irmão do presidente Lula, afirmou, em conversa com um homem não identificado, que o
compadre do presidente, Dario
Morelli Filho, é "sócio" do empresário Nilton Cezar Servo.
À PF Morelli e Servo negaram essa relação comercial
-Morelli admite apenas ser
funcionário administrativo
sem registro numa casa de bingos em Ilhabela (SP).
A gravação foi feita depois de
deflagrada a Operação Xeque-Mate. A afirmação sobre Morelli foi captada pela PF quando o
telefone foi esquecido fora do
gancho na casa de Vavá, em São
Bernardo do Campo (SP).
O sistema de interceptações
da PF registrou a conversa entre Vavá e um homem que a PF
disse ser seu sobrinho. Após
ouvir de Vavá que Morelli é sócio de Servo, o homem comentou, citando a primeira-dama,
Marisa Letícia: "Ele [Morelli]
era meio faz-tudo da Marisa,
né? [Ininteligível] Era meio
pau mandado dela, fazia tudo".
Numa conversa telefônica
com um homem identificado
como "Zé da Luz", que aparenta ser amigo de Vavá, Vavá disse
que "não tem preocupação" e
vai continuar fazendo "o que vinha fazendo": "Tem que continuar fazendo o que fazia, a mesma coisa. Outra coisa, eu faria
uma coisa errada se eu fosse direto pro Congresso, falar com
os ministros. Você vai num escritório de advocacia [ininteligível]... Que se dane, porra. E
não existe nada demais, não
existe nada. (...) Zé, se eu tivesse
grana, você acha que eu não ia
todo ano aí tomar cachaça com
vocês? Eu continuo [ininteligível] trabalhando pros outros,
não, não tem problema".
Na conversa, Vavá confirma
ter conversado com Lula, sobre
"máquinas" (à PF, disse serem
máquinas de terraplanagem de
uma pessoa interessada em
manter negócios com a Vale do
Rio Doce): "Sabe aquele lance
das máquinas, aquilo ali, aquela
conversa, foi o seguinte: "Lula,
precisa colocar o pessoal pra
trabalhar. Eu vou fazer um relatório das máquinas, eu vou fazer". Aí já publicaram que o Lula que pediu, porra. É uma brincadeira, bicho."
Vavá diz ainda esperar do irmão Lula "alguma atitude" sobre o assunto. Ele faz o comentário num contexto de críticas à
imprensa e ao Ministério Público. "Eu acho o seguinte, o
presidente tem que tomar uma
atitude agora, decente, viu?".
Um dos objetivos do delegado que comanda a Operação
Xeque-Mate, Alexandre Custódio ao enviar o material à Justiça foi apontar que o vazamento
das transcrições telefônicas
ocorreu por um advogado, e
não na PF.
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