São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

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Em grampo da PF, Vavá diz que Morelli é sócio de Servo

Em depoimento, porém, eles negaram dividir casa de jogo

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE

Em uma gravação entregue anteontem pela Polícia Federal à Justiça Federal, o aposentado Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Lula, afirmou, em conversa com um homem não identificado, que o compadre do presidente, Dario Morelli Filho, é "sócio" do empresário Nilton Cezar Servo.
À PF Morelli e Servo negaram essa relação comercial -Morelli admite apenas ser funcionário administrativo sem registro numa casa de bingos em Ilhabela (SP).
A gravação foi feita depois de deflagrada a Operação Xeque-Mate. A afirmação sobre Morelli foi captada pela PF quando o telefone foi esquecido fora do gancho na casa de Vavá, em São Bernardo do Campo (SP).
O sistema de interceptações da PF registrou a conversa entre Vavá e um homem que a PF disse ser seu sobrinho. Após ouvir de Vavá que Morelli é sócio de Servo, o homem comentou, citando a primeira-dama, Marisa Letícia: "Ele [Morelli] era meio faz-tudo da Marisa, né? [Ininteligível] Era meio pau mandado dela, fazia tudo".
Numa conversa telefônica com um homem identificado como "Zé da Luz", que aparenta ser amigo de Vavá, Vavá disse que "não tem preocupação" e vai continuar fazendo "o que vinha fazendo": "Tem que continuar fazendo o que fazia, a mesma coisa. Outra coisa, eu faria uma coisa errada se eu fosse direto pro Congresso, falar com os ministros. Você vai num escritório de advocacia [ininteligível]... Que se dane, porra. E não existe nada demais, não existe nada. (...) Zé, se eu tivesse grana, você acha que eu não ia todo ano aí tomar cachaça com vocês? Eu continuo [ininteligível] trabalhando pros outros, não, não tem problema".
Na conversa, Vavá confirma ter conversado com Lula, sobre "máquinas" (à PF, disse serem máquinas de terraplanagem de uma pessoa interessada em manter negócios com a Vale do Rio Doce): "Sabe aquele lance das máquinas, aquilo ali, aquela conversa, foi o seguinte: "Lula, precisa colocar o pessoal pra trabalhar. Eu vou fazer um relatório das máquinas, eu vou fazer". Aí já publicaram que o Lula que pediu, porra. É uma brincadeira, bicho."
Vavá diz ainda esperar do irmão Lula "alguma atitude" sobre o assunto. Ele faz o comentário num contexto de críticas à imprensa e ao Ministério Público. "Eu acho o seguinte, o presidente tem que tomar uma atitude agora, decente, viu?".
Um dos objetivos do delegado que comanda a Operação Xeque-Mate, Alexandre Custódio ao enviar o material à Justiça foi apontar que o vazamento das transcrições telefônicas ocorreu por um advogado, e não na PF.


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