São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Alckmin e Kassab ignoram trégua e trocam provocações

Prefeito disse ser "inadequado" impor vontade em prejuízo da aliança, e tucano cobrou "respeito"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Recusando-se à formalização de um pacto de não-agressão, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) deram ontem mostras de que não haverá trégua no primeiro turno.
Alckmin listou problemas da cidade em resposta à declaração de guerra de Kassab. Em entrevista à Folha, o prefeito de São Paulo disse que trataria o tucano como um adversário.
"Só temos um adversário: os problemas de São Paulo. As pessoas não são invisíveis para mim. Enxergo o sofrimento do povo, o sofrimento com transportes, saúde e educação."
Instado a comentar declarações de Kassab, Alckmin disse que não trataria de "picuinhas políticas". "A população está cansada dessas picuinhas."
Alckmin - que costuma reclamar de pressão do prefeito sobre o PSDB - se recusou a comentar as afirmações de Kassab de que está feliz com a atuação dos tucanos pró-aliança, dizendo que cabe ao povo julgá-lo. Mas, indiretamente, cobrou respeito. "Procuramos fazer a aliança. Mas respeitamos os outros partidos", disse.
Antes de assistir, de camisa verde e amarela, à derrota da seleção, Alckmin foi irônico ao responder se haveria chance de aliança no primeiro turno. "Existe, desde que o DEM não tenha candidato."
Atendendo a sugestões, prometeu apoio ao governador José Serra (PSDB) na corrida presidencial, "se Deus quiser".
"Sempre apoiei Serra. Se Deus quiser, vou apoiar também em 2010. Mas esse é um assunto que não tem sentido discutir neste momento."
Kassab, por sua vez, voltou a criticar Alckmin ao dizer que considera inadequado imposição de vontade em prejuízo da aliança. Ele reafirmou a esperança de vitória na convenção do PSDB, no domingo (dia 22).
Ao discursar na convenção do PV, Kassab disse apostar na aliança, "apesar da vontade de alguns líderes do PSDB". E comentou: "É totalmente inadequado não procurarmos de todas as maneiras manter uma aliança que vai bem. É uma aliança que dá bons resultados para São Paulo. Tanto é que, no próprio PSDB, existem os que defendem sua manutenção".
Ao responder se Alckmin era o destinatário da crítica, Kassab disse apenas que não queria fulanizar. O prefeito reafirmou que é grato aos líderes tucanos que pregam a aliança.
No lançamento de sua candidatura, Kassab disse que políticos responsáveis sabem "a importância de esquecer as vaidades e os projetos pessoais quando se trata de preservar alianças, agir com lealdade".


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