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Alckmin e Kassab ignoram trégua e trocam provocações
Prefeito disse ser "inadequado" impor vontade em prejuízo da aliança, e tucano cobrou "respeito"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Recusando-se à formalização
de um pacto de não-agressão, o
prefeito Gilberto Kassab
(DEM) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) deram
ontem mostras de que não haverá trégua no primeiro turno.
Alckmin listou problemas da
cidade em resposta à declaração de guerra de Kassab. Em
entrevista à Folha, o prefeito
de São Paulo disse que trataria
o tucano como um adversário.
"Só temos um adversário: os
problemas de São Paulo. As
pessoas não são invisíveis para
mim. Enxergo o sofrimento do
povo, o sofrimento com transportes, saúde e educação."
Instado a comentar declarações de Kassab, Alckmin disse
que não trataria de "picuinhas
políticas". "A população está
cansada dessas picuinhas."
Alckmin - que costuma reclamar de pressão do prefeito
sobre o PSDB - se recusou a
comentar as afirmações de
Kassab de que está feliz com a
atuação dos tucanos pró-aliança, dizendo que cabe ao povo
julgá-lo. Mas, indiretamente,
cobrou respeito. "Procuramos
fazer a aliança. Mas respeitamos os outros partidos", disse.
Antes de assistir, de camisa
verde e amarela, à derrota da
seleção, Alckmin foi irônico ao
responder se haveria chance de
aliança no primeiro turno.
"Existe, desde que o DEM não
tenha candidato."
Atendendo a sugestões, prometeu apoio ao governador José Serra (PSDB) na corrida presidencial, "se Deus quiser".
"Sempre apoiei Serra. Se
Deus quiser, vou apoiar também em 2010. Mas esse é um
assunto que não tem sentido
discutir neste momento."
Kassab, por sua vez, voltou a
criticar Alckmin ao dizer que
considera inadequado imposição de vontade em prejuízo da
aliança. Ele reafirmou a esperança de vitória na convenção
do PSDB, no domingo (dia 22).
Ao discursar na convenção
do PV, Kassab disse apostar na
aliança, "apesar da vontade de
alguns líderes do PSDB". E comentou: "É totalmente inadequado não procurarmos de todas as maneiras manter uma
aliança que vai bem. É uma
aliança que dá bons resultados
para São Paulo. Tanto é que, no
próprio PSDB, existem os que
defendem sua manutenção".
Ao responder se Alckmin era
o destinatário da crítica, Kassab disse apenas que não queria fulanizar. O prefeito reafirmou que é grato aos líderes tucanos que pregam a aliança.
No lançamento de sua candidatura, Kassab disse que políticos responsáveis sabem "a importância de esquecer as vaidades e os projetos pessoais
quando se trata de preservar
alianças, agir com lealdade".
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