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Sarney empresta imóvel funcional a ex-senador aliado
Mesa Diretora só permite que os senadores em exercício do mandato utilizem os apartamentos cedidos pela Casa
Presidente do Senado diz que usou por algum tempo o imóvel e depois cedeu ao colega que "tinha perdido o mandato e estava doente"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), emprestou apartamento funcional que
estava em seu nome para o ex-senador Bello Parga (ex-PFL-MA, atual DEM-MA). Sarney
tem casa em Brasília e a Mesa
Diretora só permite que senadores em exercício do mandato
usem imóveis funcionais.
O mandato de Bello Parga,
que foi senador pelo Maranhão,
acabou em fevereiro de 2003.
Mesmo assim, ele continuou
morando num imóvel da Casa
graças a um favor de Sarney. O
presidente do Senado manteve
o empréstimo do imóvel até
maio de 2007 para ajudar o colega que estava doente. Parga
morreu em maio de 2008.
Quando um senador se torna
presidente, ele pode acumular
o uso de apartamento com a residência oficial. Em 2003, Sarney foi eleito presidente da Casa pela segunda vez e o mandato foi até fevereiro de 2005.
Em entrevista à Folha, Sarney contou que usou por algum
tempo o imóvel para guardar livros. "Depois, o senador Bello
Parga tinha perdido o mandato
e estava muito doente, e eu
permiti que ele ficasse durante
algum tempo no apartamento."
A operação não tem respaldo
legal. O ato da Mesa Diretora
número 24/1992 estabelece
que o uso de imóvel só é permitido para senadores que estão
em exercício. Por isso Sarney
manteve o empréstimo do
apartamento em seu nome para que pudesse cedê-lo a Parga.
Não está claro se há alguma punição prevista para esses casos.
O ex-diretor de Recursos
Humanos do Senado João Carlos Zoghbi foi exonerado pelo
próprio Sarney após denúncia
de que ele emprestou um apartamento funcional para os filhos morarem. O imóvel, no
entanto, estava em nome do diretor que mora numa casa de
alto padrão em Brasília.
A Subsecretaria de Patrimônio do Senado informou ontem
que determinou a abertura de
um processo administrativo
contra Zoghbi.
Pelos menos desde 2002, o
presidente do Senado mora em
uma casa de alto padrão localizada em uma região chamada
de península dos ministros.
No dia 25 de maio deste ano,
a Folha revelou que Sarney recebia auxílio-moradia de R$
3.800 para custear suas despesas mensais, mesmo tendo à
sua disposição a residência oficial do Senado desde fevereiro,
quando foi eleito pela terceira
vez ao comando da Casa.
Em um primeiro momento,
ele negou que recebia o benefício. Depois, acabou pedindo
desculpas publicamente e por
meio de carta enviada à Folha.
"Eu nunca pedi auxílio-moradia e, por um equívoco, a partir de 2008, segundo me informaram, realmente estavam depositando na minha conta",
disse o senador. A Folha teve
acesso ao processo que autorizou o pagamento. De fato, não
há ofício assinado pelo presidente solicitando o benefício.
Há, no entanto, uma ordem
por escrito do ex-diretor-geral
do Senado Agaciel Maia para
que Sarney passasse a receber
o benefício.
O ex-diretor foi indicado ao
cargo por Sarney, em 1995. Na
última quarta, o presidente do
Senado foi padrinho de casamento da filha de Agaciel.
(ADRIANO CEOLIN, ANDREZA MATAIS, FERNANDO RODRIGUES e VALDO CRUZ)
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