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Após deixar o Planalto, Eduardo Jorge criou empresas para intermediar negócios do setor privado com o governo
Ex-secretário-geral monta rede de lobby
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde que deixou o governo, há
dois anos, o ex-secretário-geral da
Presidência Eduardo Jorge Caldas
Pereira vem montando uma rede
de empresas especializadas em intermediar negócios do setor privado com o governo federal.
Na nova tarefa, EJ -como vem
sendo apelidado o ex-assessor de
Fernando Henrique Cardoso-
mostrou que ainda se movimenta
com o mesmo dinamismo que o
consagrou como um dos homens
mais poderosos do Palácio do
Planalto entre 95 e 98.
Atualmente, EJ é sócio de pelo
menos quatro empresas, todas
com escritórios em Brasília. Os
objetivos formais de cada uma variam: corretagem de seguros, consultoria econômica e planejamento empresarial. Mas, na prática,
elas funcionam ligando interesses
privados às decisões do governo.
Um caso notório foi a ação de EJ
no Ministério dos Transportes em
favor da empresa Transroll, que
faz transporte de contêineres e
que tem sede no Rio de Janeiro.
Sem fazer cerimônias, EJ sentou-se à mesa de discussão com o
ministro Eliseu Padilha e seus técnicos para negociar o teor de uma
portaria que assegurasse reserva
de mercado para seus clientes.
A estréia no ramo ocorreu em
abril de 98, quando o ex-secretário criou a consultoria EJP. Em
março de 99, tornou-se sócio da
LC Faria Consultores Associados,
em parceria com Cláudio Faria,
seu chefe de gabinete à época em
que era secretário do presidente.
Mais um mês e EJ inaugurou
nova sociedade. Desta vez com
um velho amigo da família, o lobista Cláudio Haidamus, que foi
casado com uma sobrinha de Lídice, mulher de EJ.
Agora, o ex-assessor e Haidamus são sócios no Grupo Meta,
que controla as empresas Metaplan Consultoria & Planejamento
e Metacor Administração & Corretagem de Seguros.
Nos últimos dias, quando foi
lançado ao centro da crise política
do governo, EJ expôs essa rede de
empresas e aguçou a curiosidade
do Ministério Público.
A Procuradoria Regional da República em Brasília pretende pedir a quebra dos sigilos bancário,
fiscal e telefônico de suas empresas. Quer saber qual é a importância dos novos negócios no patrimônio pessoal do ex-secretário.
Uma das suspeitas do MP é que
a empresa LC Faria esteja sendo
usada para justificar parte dos
rendimentos de EJ, que tem apenas 1% de seu capital, ou R$ 50.
Uma testemunha não identificada pela Procuradoria informou
que o ex-assessor recebe R$ 20 mil
mensais da LC Faria. À Folha,
Cláudio Faria disse que, "como
sócio, ele (EJ) recebe sempre que a
consultoria dá lucro", apesar de
não trabalhar lá.
No Grupo Meta, EJ tem 10% das
ações. Ali, um dos principais
clientes é a Sul América Seguros,
que tem usado a consultoria
quando quer disputar licitações.
Segundo o vice-presidente de
Produção da Sul América, Minas
Mardirossian, a Metacor é uma
das mais populares corretoras no
setor de seguros. "Ela não trabalha apenas para a gente. Ela tem
negócios com todas as grandes seguradoras", afirmou.
Ele disse que a Metacor também
dá "suporte técnico" à Sul América quando a empresa disputa licitação em órgãos federais. "São
muitas as licitações disputadas
pela empresa, mas certamente a
Metacor já nos deu consultoria
em algumas delas."
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