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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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BASTIDORES

Reunião expõe divisão no governo

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A divisão da coordenação política do governo em relação à reforma da Previdência ficou evidente na reunião de cinco governadores de Estado com ministros e líderes governistas, ontem no Palácio do Planalto.
Um dos momentos mais tensos, segundo relato de participantes da reunião, ocorreu quando os governadores pediram o adiamento da leitura do parecer do relator José Pimentel (PT-CE), que estava marcada para hoje.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), imediatamente se posicionou contra. Os cinco governadores, um de cada região do país, insistiram no pedido, sob a alegação de que não tinham condições de se manifestar sobre as mudanças em discussão sem consultar os demais colegas.
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, interveio, em tom duro: era para adiar por 24 horas.
"Não é possível [a apresentação do relatório] sem uma decisão dos governadores e nem também sem o presidente Lula ter chegado ao Brasil", disse Dirceu, segundo o testemunho de presentes.
Os governadores deixaram a reunião dizendo-se convencidos de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de botar ordem na coordenação política do governo quando voltar de viagem, o que está previsto para hoje.
Durante as discussões com os governadores, Dirceu conversou duas vezes por telefone com Lula e uma com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, que estavam na Europa.
A avaliação dos governadores é que há ruído na relação entre Dirceu, Lula e Palocci e a base no Congresso que precisa ser abafado rapidamente, para não comprometer as negociações e a votação das duas reformas.
Os governadores saíram da reunião dizendo-se mais afinados com a estratégia da Casa Civil para a votação da reforma, mas antes do encontro para discutir a Previdência eles tiveram uma dura conversa, a pedido de Aécio Neves (MG), com José Dirceu.
Nessa conversa, eles reclamaram da condução política das negociações das reformas, como a admissão de mudanças na proposta previdenciária sem que os governadores, espécie de fiadores do projeto de emenda constitucional, fossem consultados antes. A conclusão dos governadores era que o Planalto estava jogando nos ombros de cada um os ônus políticos da proposta, a responsabilidade de contrariar interesses.
Criticaram a atuação da coordenação política: cedera ao primeiro grito (do Judiciário) e deixara a impressão de que o governo cede se for pressionado.


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