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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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Lula vai para encontro com rei de Rolls Royce

DOS ENVIADOS ESPECIAIS A MADRI

Para quem, como Luiz Inácio Lula da Silva, veio dos confins de Pernambuco para São Paulo em um rústico caminhão pau-de-arara, a diferença era portentosa: agora presidente, Lula desembarcou de um Rolls Royce negro no Palácio de El Pardo, subúrbio a noroeste de Madri, às 10h36 de ontem (5h36 em Brasília), seis minutos depois do horário.
Ao pé do Rolls Royce, o rei Juan Carlos 1º. Pouco atrás, a rainha Sofia, de vestido verde, em contraste com o conjunto branco com camisa vermelha de Marisa Letícia, a mulher de Lula.
Acima de todos, um sol impiedoso e um céu azul iluminando o palácio que já foi área de caça para a família real e no qual morreu Francisco Franco Bahamonde, "caudillo de España por la gracia de Diós", o ditador que dominou o país no fim da Guerra Civil, em 1939, até sua morte, em 1975.

A visita
Agora, El Pardo é a residência de hóspedes estrangeiros em visita de Estado, a que Lula começou ontem oficialmente. Na verdade, chegou anteontem, entrou pela porta dos fundos do palácio, saiu pela manhã também por ela, para, finalmente, entrar pela porta da frente, após ser recebido pelo rei.
Passou pela Guarda de Honra, marchando de peito estufado, ao lado de Juan Carlos, ao contrário do jeito caído que exibiu em Portugal em cerimônia parecida, mas com menos pompa.
À porta do palácio, o comandante da guarda apresentou-se com a frase que, por séculos, ouviu-se nesse e em outros palácios: "La Escuadra de Honor está formada. Sin novedades".
Terminada a apresentação, o comandante de novo apresentou-se: "Pido permiso para el retiro de la fuerza".
A tropa, o rei, as autoridades, os outros membros da comitiva brasileira, todos se retiraram, ao som de uma marcha militar.

A esquecida
O dia de Lula, aliás, seria um passeio pelos palácios reais de Madri: almoçou em La Zarzuela, a residência oficial do rei Juan Carlos 1º, onde ocorreu a gafe do dia, a cargo, por paradoxal que pareça, do cerimonial local.
Quando Lula desceu do carro, o encarregado do cerimonial fechou a porta antes que Marisa também descesse.
A primeira-dama só foi resgatada pelo próprio rei, quando percebeu o erro de seu ajudante.
O jantar foi no mais imponente de todos os palácios madrilenos, em pleno centro, construído (durante 26 anos) pelos primeiros Bourbons a ocuparem o trono espanhol, ancestrais de Juan Carlos.
Depois do discurso de praxe, em que lembrou o fato de a Espanha ser o principal investidor europeu no Brasil, o pernambucano de Garanhuns e sua mulher voltaram para a segunda e última noite no Palácio de El Pardo, decorado com tapeçarias baseadas em motivos de Goya, um dos grandes clássicos da pintura espanhola. (CLÓVIS ROSSI e SÉRGIO LIMA)


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